domingo, 29 de junho de 2008

Nova Águia

"E de novo conquistemos a distância" ... Fernando Pessoa pode-se referir à distância entre as civilizações, entre as culturas, entre as pessoas; Portugal pode ter um papel como quando teve para que "o Mar unisse, já não separasse". E os tempos que aí vêm precisam de quem faça pontes, de quem tenha, naturalmente, respeito pelo estrangeiro, nem medo nem desprezo. Vejo a Nova Águia como um belo projecto, uma revista esperada.

domingo, 15 de junho de 2008

A Irlanda não se intimidou. Parabéns!

Cuidado, europeus! Atenção!
Querem fazer um império da União Europeia.
Um império tem um governo central, leis imperiais e ai de quem se não submeter à uniformidade.
A nossa associação de paises tem sido de grande interesse mútuo, rege-se por tratados entre iguais. Cumprir os tratos é elementar decência. É nesse cumprir que se baseia a confiança mútua, o comércio livre de bens, de ideias e de gentes. A nossa União é democrática, respeita as minorias e é admirada no mundo.
Com as novas técnicas de manipulação da opinião pública as maiorias tendem a votar como o poder lhes pede que votem. Porém tal não aconteceu na Irlanda, que tem a memória colectiva de estar sujeita a um império.
Juridicamente, os eleitores irlandeses que votaram “não” (1% da população da União Europeia) salvaram-nos de um tratado que acabaria com a obrigatoriedade de decisões por unanimidade em casos como este, o de fazer um novo tratado europeu.
Em vez de aceitar a derrota, o presidente da Comissão Europeia, o presidente da República Francesa e outros governantes europeus falam de passar por cima do resultado do referendo na Irlanda, ou seja, de passar por cima dos tratados que nos regem, por cima da lei! Pela lei actual a Irlanda não pode ser expulsa da União por ter exercido um direito que tem. Não se podem aplicar, retroactivamente, regras de um projecto de tratado que morreu em 13 deste mês. Tem que se fazer outro, um que não desvirtue a democracia, um que mantenha a União como uma associação de países livres e iguais.
Se os cidadãos europeus, se a opinião pública europeia se não levantar, indignada, contra esta tentativa de golpe de estado dos actuais governantes, a democracia europeia passa à História, história que será reescrita pelo poder para que ninguém se lembre que houve um tempo em que, na Europa, todos os países valiam, juridicamente, o mesmo.
Não é preciso matar César, que o não há (ainda!). Mas é preciso pressionar a Comissão Europeia a demitir-se imediatamente. Desgraçadamente o seu presidente é um português e as ameaças que fez aos irlandeses antes do referendo, a intimidação, são referência suficiente das suas credenciais de democrata; terão contribuído, e muito bem, para a rejeição do tratado de Lisboa.
O Presidente da República Checa ergueu-se em defesa da lei e da Irlanda; também lá a memória histórica do que são os impérios não morreu. Infelizmente não está na “raça” do nosso Presidente uma atitude dessas. Entre nós, que recuperámos a independencia há quase quatrocentos anos, a memória que prevalece é a do medo do poder, a da Inquisição. Até a nível local, como este blog desafia os leitores a contestar.