Temos que deixar de encolher os ombros ao ver o que fazem com os dinheiros públicos.
Só se acordarmos, tirsenses e todos os portugueses, poderemos ter um bom ano novo. Um ano em que criemos as razões para que volte a haver esperança.
Os assuntos públicos são connosco.
Ainda estamos em democracia mas, se acordarmos tarde demais, pode ser que tenhámos perdido a liberdade enquanto dormíamos.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
ganhar hábitos de cidadãos democratas
Os casos em que o legislador acerta e cria uma lei que não piora a situação devem ser celebrados. Em 2001 Portugal deixou de criminalizar os toxicodependentes e passou a oferecer-lhes tratamento. O resultado foi um sucesso que está a ser imitado por outros países, que o vêm cá estudar.
O flagelo actual é a corrupção e ouvi um humorista propor que ela fosse despenalizada. Afinal a lei segue os usos e os costumes e este é tão antigo que o exportámos, com sucesso, para as ex-colónias, onde medra alegremente.
É impossível contabilizar este fenómeno da corrupção mas basta extrapolar para o país o que conhecemos para concluir que se perdem uns valentes biliões de euros por ano, os quais, recuperados, nos poderiam dar mais optimismo quanto à possibilidade de amortizar a nossa dívida (de 500 biliões) que os optimistas comunicados do governo que nos informam que ela está a aumentar a um ritmo ligeiramente inferior ao habitual. (Confesso que acho graça à surpresa --ou indignação, até-- dos nossos governantes, perante a reacção dos "mercados" a tão belas perspectivas de recuperarem o que emprestaram: mercados inconscientes, mal informados!).
É sabido que somos um povo "desenrascado" e que podemos sair deste buraco de valor equivalente, em dólares, ao que os americanos usaram para salvar a sua economia (e a do mundo) aquando do seu colapso, há dois anos, e isto apesar de sermos 10 milhões e eles serem 200 e tal milhões, com uma economia um pouco mais desenvolvida que a nossa. Mas, o que nos têm vindo a lembrar algumas pessoas sensatas que já passaram por outras, é que teremos que funcionar em equipe, que encontrar soluções dialogadas, consensuais, e, sobretudo, que confiar uns nos outros. Só se tivermos a certeza que os outros também cumprem o acordado é que não nos tentaremos "safar" individualmente.
Assim, este assunto da corrupção é mais importante que uns vastos biliões, é a corrupção da confiança, que nos pode ser fatal.
O tempo pede-nos coisas que vão contra a nossa natureza: que sejamos organizados, que deixemos de fechar os olhos quando vemos os dinheiros públicos mal-parados, até que nos interroguemos sobre ditados como este: "Quem parte, reparte, e não fica com a melhor parte, tolo é ou não tem arte!"
Se um sujeito lida com milhões de dinheiros públicos e não enriquece é tomado, pela cultura que temos e que temos que abandonar, como um sujeito tolo ou sem arte.
Não confiamos naqueles que elegemos e, assim, não iremos arregaçar as mangas para sair da situação em que os encarregámos de nos pôr.
Só quando nos propusermos ver as coisas como elas são, nos deixarmos da bondosa fantasia de tomar as mentiras por verdades relativas de quem as diz, só quando nos propusermos esmiuçar as contas públicas, que nos são acessíveis, por lei; só quando quisermos saber porque é que aquele negócio público foi feito com fulano e não com beltrano, desencorajaremos as pessoas dadas à corruptodependência de procurar trabalho na função pública, particularmente de procurar trabalho como gestores dos dinheiros públicos, eleitos. Porque, se deixar de ter graça para eles, eles irão pregar a outra freguesia.
Ou seja, se não acordarmos rapidamente, afogamo-nos.
E seria pena, porque, se sobrevivermos como nação independente, temos uma maravilhosa cultura para partilhar com o mundo.
Continuemos a ser bondosos e tolerantes com quem não procura a verdade mas não os elejamos para lidar com o nosso destino. Ele há gente mais adequada para esses lugares, talvez não sejam tão "bem falantes", talvez tenham dúvidas e saibam que erram, por vezes, mas são tempos de mudança, deixemo-nos de votar em imagens, votemos em pessoas!
O flagelo actual é a corrupção e ouvi um humorista propor que ela fosse despenalizada. Afinal a lei segue os usos e os costumes e este é tão antigo que o exportámos, com sucesso, para as ex-colónias, onde medra alegremente.
É impossível contabilizar este fenómeno da corrupção mas basta extrapolar para o país o que conhecemos para concluir que se perdem uns valentes biliões de euros por ano, os quais, recuperados, nos poderiam dar mais optimismo quanto à possibilidade de amortizar a nossa dívida (de 500 biliões) que os optimistas comunicados do governo que nos informam que ela está a aumentar a um ritmo ligeiramente inferior ao habitual. (Confesso que acho graça à surpresa --ou indignação, até-- dos nossos governantes, perante a reacção dos "mercados" a tão belas perspectivas de recuperarem o que emprestaram: mercados inconscientes, mal informados!).
É sabido que somos um povo "desenrascado" e que podemos sair deste buraco de valor equivalente, em dólares, ao que os americanos usaram para salvar a sua economia (e a do mundo) aquando do seu colapso, há dois anos, e isto apesar de sermos 10 milhões e eles serem 200 e tal milhões, com uma economia um pouco mais desenvolvida que a nossa. Mas, o que nos têm vindo a lembrar algumas pessoas sensatas que já passaram por outras, é que teremos que funcionar em equipe, que encontrar soluções dialogadas, consensuais, e, sobretudo, que confiar uns nos outros. Só se tivermos a certeza que os outros também cumprem o acordado é que não nos tentaremos "safar" individualmente.
Assim, este assunto da corrupção é mais importante que uns vastos biliões, é a corrupção da confiança, que nos pode ser fatal.
O tempo pede-nos coisas que vão contra a nossa natureza: que sejamos organizados, que deixemos de fechar os olhos quando vemos os dinheiros públicos mal-parados, até que nos interroguemos sobre ditados como este: "Quem parte, reparte, e não fica com a melhor parte, tolo é ou não tem arte!"
Se um sujeito lida com milhões de dinheiros públicos e não enriquece é tomado, pela cultura que temos e que temos que abandonar, como um sujeito tolo ou sem arte.
Não confiamos naqueles que elegemos e, assim, não iremos arregaçar as mangas para sair da situação em que os encarregámos de nos pôr.
Só quando nos propusermos ver as coisas como elas são, nos deixarmos da bondosa fantasia de tomar as mentiras por verdades relativas de quem as diz, só quando nos propusermos esmiuçar as contas públicas, que nos são acessíveis, por lei; só quando quisermos saber porque é que aquele negócio público foi feito com fulano e não com beltrano, desencorajaremos as pessoas dadas à corruptodependência de procurar trabalho na função pública, particularmente de procurar trabalho como gestores dos dinheiros públicos, eleitos. Porque, se deixar de ter graça para eles, eles irão pregar a outra freguesia.
Ou seja, se não acordarmos rapidamente, afogamo-nos.
E seria pena, porque, se sobrevivermos como nação independente, temos uma maravilhosa cultura para partilhar com o mundo.
Continuemos a ser bondosos e tolerantes com quem não procura a verdade mas não os elejamos para lidar com o nosso destino. Ele há gente mais adequada para esses lugares, talvez não sejam tão "bem falantes", talvez tenham dúvidas e saibam que erram, por vezes, mas são tempos de mudança, deixemo-nos de votar em imagens, votemos em pessoas!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Tenho um heterónimo que exegesa Fernando Pessoa continuamente mas não consegue ser tão claro como ele, claro!:
Portugal está no limiar de uma transformação estrutural. São tempos de mudança em todo o mundo mas, para nós, é mais que o fim da Revolução Industrial (que mal fizémos): é um renascimento, o que se aproxima!
Por ora reina a calma, Portugal sonha, dorme, terá mais um Natal triste, nos shoppings, nas catedrais do consumismo moribundo.
Para o antiquíssimo pensamento chinês, o excesso de yang gera o yin, e vice-versa. São duas formas de agir em equilíbrio dinâmico; na sociedade podem ser a competição e a cooperação. A luta com os outros (que pode ser com regras, decente) e a solidariedade (que pode ser discreta, autêntica). O primado da força, da luta, ou o do amor, da compaixão.
Uma forma possível de resolver o aparente conflito pode ser o usar a nossa energia, a nossa iniciativa, a nossa força (o tal yang) para a cooperação, para a entre-ajuda, para criar os nossos sonhos.
Temos uma tradição cooperativa, anarquista, fraterna, submersa na vertigem da competição contemporânea, na imitação dos outros a que a nossa necessidade de ser universais nos levou. Quando a reencontrarmos, longe do espectáculo, no imenso oceano da alma, serão os outros quem nos imitará: esse o resultado do excesso de absorção do mundo que foram os nossos quatro ou cinco últimos séculos. Esta "noite" da civilização portuguesa foi o que se seguiu, naturalmente, à descoberta geográfica do planeta, dos seus povos, à globalização, à criação do comércio universal. Digerido o mundo, acabada a sesta, competiremos, de novo, com os nossos limites, com a distância que nos separa da fraternidade universal, cortaremos as amarras, partiremos -- para dentro da nossa alma, que é, como todas, tudo.
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