segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Há imprensa livre em Santo Tirso
Entre Margens publicou, na página 18 da edição de 27 de Dezembro, o artigo que o Jornal de Santo Thyrso não quis publicar. Obrigado! Teve a gentileza para com o "seu colega" centenário de truncar a minha mensagem inicial, talvez violenta (?), porém deixou o endereço deste blog e já recebi uma simpática mensagem. Pode ser que o Jornal de Santo Thyrso reflita e se cure dessa fatal doença, para um jornal, que é a escravatura.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Entre Margens
O Jornal Entre Margens ofereceu, gentilmente, a possibilidade de publicar o artigo que apenas se encontra neste blog sem leitores. Eis o que lhes vou propor para publicação:
Independência dos jornais
Poucos se lembrarão de uma polémica muito antiga, quando o poder quis cortar os plátanos da ponte. Durante semanas, no Jornal de Santo Thyrso, o debate foi seguido como um folhetim. Este papel da imprensa, de contra-poder baseado no jogo livre dos argumentos contrários, que procuram ganhar a opinião pública, está no cerne da democracia. Já escrevi alguns artigos nesse jornal e, como discordo da localização escolhida pelo poder político para o futuro Hospital Privado, escrevi mais um, há um mês (em 21 de Nov. de 2007). Durante três semanas fui perguntando porque não saía e acabei por concluir que o jornal, que anuncia não se responsabilizar pelos artigos assinados, fazia censura interna, perdera a independência. Agradeço, com alívio, a oportunidade de o publicar aqui (isto foi entregue ao jornal Entre Margens), imaginando o que seria o Concelho se toda a imprensa fosse apenas laudatória do poder. O poder tem sempre meios de nos informar do que faz bem feito. É para discutirmos aquilo que é polémico, que alguns consideram errado, que existe a imprensa local. Esta tem que ser livre. Sei que, tanto o poder político como o jornal que o temeu, concordam com isto. Paradoxos do nosso tempo! Desejo-lhes uma rápida recuperação da saúde.
Independência dos jornais
Poucos se lembrarão de uma polémica muito antiga, quando o poder quis cortar os plátanos da ponte. Durante semanas, no Jornal de Santo Thyrso, o debate foi seguido como um folhetim. Este papel da imprensa, de contra-poder baseado no jogo livre dos argumentos contrários, que procuram ganhar a opinião pública, está no cerne da democracia. Já escrevi alguns artigos nesse jornal e, como discordo da localização escolhida pelo poder político para o futuro Hospital Privado, escrevi mais um, há um mês (em 21 de Nov. de 2007). Durante três semanas fui perguntando porque não saía e acabei por concluir que o jornal, que anuncia não se responsabilizar pelos artigos assinados, fazia censura interna, perdera a independência. Agradeço, com alívio, a oportunidade de o publicar aqui (isto foi entregue ao jornal Entre Margens), imaginando o que seria o Concelho se toda a imprensa fosse apenas laudatória do poder. O poder tem sempre meios de nos informar do que faz bem feito. É para discutirmos aquilo que é polémico, que alguns consideram errado, que existe a imprensa local. Esta tem que ser livre. Sei que, tanto o poder político como o jornal que o temeu, concordam com isto. Paradoxos do nosso tempo! Desejo-lhes uma rápida recuperação da saúde.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Confirmação
O Jornal de Santo Thyrso saíu, ontem, sem o artigo. Oficialmente continua à espera de ser avaliado pelo director. Perdeu oportunidade, serviu para confirmar a censura interna, a perda da independencia de um jornal centenário. É mesmo preciso fazer um jornal. Retirei-o, para ser livre de o publicar alhures.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
O jornal não saíu
A esperança, que aqui ficou, de que o artigo censurado acabasse por sair hoje, à terceira semana de prometida publicação, foi-se: hoje não saíu sequer o jornal! Não chegou aos correios, contra o costume, poderá sair na segunda-feira, na melhor das hipóteses. Imagino que seja uma gentileza da redacção para com o autor, poupando-o assim a inúmeros dissabores. Em vão! Há outro jornal que poderá albergar o artigo, se se confirmar a censura interna.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Lápis Azul
Este artigo viu a censura interna do Jornal de Santo Thyrso em duas semanas seguidas. Aparecerá na próxima sexta feira? Aqui fica:
Hospital Privado
Transcrevem-se alguns excertos da acta da Assembleia-geral do grupo empresarial CMST, o maior empregador do Concelho:
O presidente da Assembleia-geral deu a palavra ao Sr. Director do Departamento de marketing, que considerou o seu pelouro como a peça chave para os lucros da empresa, justificando amplamente a duplicação do seu orçamento; referiu-se ao aumento das publicações do sector e, muito especialmente, ao sucesso da campanha contra o encerramento da Maternidade, que melhorou muito a imagem pública da Empresa. Lembrou como o seu Departamento geriu o abandono da estratégia de crescimento no sentido das margens do rio, sem que a imagem pública do grupo saísse, sequer, beliscada. Lembrou ainda como o plano cumpriu, na altura, o seu papel de marketing, com a presença do Sr. Presidente da Republica, Dr. Jorge Sampaio. A nova ponte, a nova estação e a promessa de um percurso pedonal ribeirinho pela Escola Agrícola eram os primeiros equipamentos e chamarizes para o crescimento da cidade naquele sentido; outros se seguiriam, como um novo Hospital ou uma Escola Politécnica sobranceira ao rio, na margem de lá, por exemplo.
O representante do accionista Estado /Ministério da Saúde louvou a iniciativa da construção de um Hospital Privado, o qual vem diminuir a pressão para que se construa um novo Hospital Público, com todas as despesas que daí adviriam; informou a Assembleia de que a privatização dos Hospitais é a política do grupo que representa.
O sócio Eng. Pedro Betão e Ferro lamentou que o grupo empresarial não tenha atingido o número de rotundas /ano dos seus congéneres do centro do país mas louvou a eficácia da empresa de transformação de áreas verdes em áreas de construção, cujos resultados positivos ficaram bem patentes no último PDM. Referiu-se nomeadamente à transformação do espaço público arborizado da quinta das Rãs em área edificável, aumentando a densidade urbana nesse extremo da cidade, junto à zona verde que ali a limita. Cria-se, assim, a pressão urbana que justifique, no futuro, a transformação dessa fronteira verde em área de construção, no extremo oposto da cidade, em relação à zona prevista para o seu crescimento.
A esse propósito o Sr. Director do Departamento de engenharia financeira referiu-se à inteligência com que foi torneado um obstáculo burocrático /jurídico: tendo esta empresa, há uns anos, decidido alienar, por mais de trezentos milhares de euros, o espaço público da quinta das Rãs, foi-lhe movida uma acção judicial e o juiz (um “burocrata anacrónico desprovido de sensibilidade empresarial”, disse) decidiu que os espaços públicos não são privados, se destinam ao usufruto dos moradores e não podem ser vendidos! A solução passou por deixar passar mais uns anos e por fazer uma alteração ao PDM em que aquele espaço público passou a ser área de construção. Então foi oferecido ao futuro Hospital Privado, uma entidade de evidente interesse público para os moradores (que já têm manifestado o seu aplauso), por um milhão de euros, o triplo da soma anterior. O magistrado legalista e burocratizante transformou-se assim no responsável por um lucro especulativo que este grupo empresarial não pode ser acusado de ter procurado!
O sócio Sr. Ângelo Munícipe, congratulando-se com estas vitórias do grupo, manifestou porém a sua preocupação de que o projecto que a empresa CMST apresentou a si mesma não consiga obter a “autorização prévia de localização”. Citou o Decreto-Lei número 555/99 de 16 de Dezembro:
Artigo 36.º #2 – Aplica-se ainda o disposto no número anterior quando se verifique haver fortes indícios de que a obra viola as normas legais e regulamentares aplicáveis, designadamente as constantes de plano municipal de ordenamento do território ou as normas técnicas de construção em vigor.
A sala deu uma gargalhada ao ouvir as palavras “ordenamento do território”.
O Sr. Director manifestou ainda a esperança de que, depois do próximo PDM, passe a ser possível alienar, para construção, o património inútil que é o Parque D. Maria II, espaço público que considerou, porém, ser um investimento seguro, a conservar, porque é de prever que se valorize.
José António Miranda
Hospital Privado
Transcrevem-se alguns excertos da acta da Assembleia-geral do grupo empresarial CMST, o maior empregador do Concelho:
O presidente da Assembleia-geral deu a palavra ao Sr. Director do Departamento de marketing, que considerou o seu pelouro como a peça chave para os lucros da empresa, justificando amplamente a duplicação do seu orçamento; referiu-se ao aumento das publicações do sector e, muito especialmente, ao sucesso da campanha contra o encerramento da Maternidade, que melhorou muito a imagem pública da Empresa. Lembrou como o seu Departamento geriu o abandono da estratégia de crescimento no sentido das margens do rio, sem que a imagem pública do grupo saísse, sequer, beliscada. Lembrou ainda como o plano cumpriu, na altura, o seu papel de marketing, com a presença do Sr. Presidente da Republica, Dr. Jorge Sampaio. A nova ponte, a nova estação e a promessa de um percurso pedonal ribeirinho pela Escola Agrícola eram os primeiros equipamentos e chamarizes para o crescimento da cidade naquele sentido; outros se seguiriam, como um novo Hospital ou uma Escola Politécnica sobranceira ao rio, na margem de lá, por exemplo.
O representante do accionista Estado /Ministério da Saúde louvou a iniciativa da construção de um Hospital Privado, o qual vem diminuir a pressão para que se construa um novo Hospital Público, com todas as despesas que daí adviriam; informou a Assembleia de que a privatização dos Hospitais é a política do grupo que representa.
O sócio Eng. Pedro Betão e Ferro lamentou que o grupo empresarial não tenha atingido o número de rotundas /ano dos seus congéneres do centro do país mas louvou a eficácia da empresa de transformação de áreas verdes em áreas de construção, cujos resultados positivos ficaram bem patentes no último PDM. Referiu-se nomeadamente à transformação do espaço público arborizado da quinta das Rãs em área edificável, aumentando a densidade urbana nesse extremo da cidade, junto à zona verde que ali a limita. Cria-se, assim, a pressão urbana que justifique, no futuro, a transformação dessa fronteira verde em área de construção, no extremo oposto da cidade, em relação à zona prevista para o seu crescimento.
A esse propósito o Sr. Director do Departamento de engenharia financeira referiu-se à inteligência com que foi torneado um obstáculo burocrático /jurídico: tendo esta empresa, há uns anos, decidido alienar, por mais de trezentos milhares de euros, o espaço público da quinta das Rãs, foi-lhe movida uma acção judicial e o juiz (um “burocrata anacrónico desprovido de sensibilidade empresarial”, disse) decidiu que os espaços públicos não são privados, se destinam ao usufruto dos moradores e não podem ser vendidos! A solução passou por deixar passar mais uns anos e por fazer uma alteração ao PDM em que aquele espaço público passou a ser área de construção. Então foi oferecido ao futuro Hospital Privado, uma entidade de evidente interesse público para os moradores (que já têm manifestado o seu aplauso), por um milhão de euros, o triplo da soma anterior. O magistrado legalista e burocratizante transformou-se assim no responsável por um lucro especulativo que este grupo empresarial não pode ser acusado de ter procurado!
O sócio Sr. Ângelo Munícipe, congratulando-se com estas vitórias do grupo, manifestou porém a sua preocupação de que o projecto que a empresa CMST apresentou a si mesma não consiga obter a “autorização prévia de localização”. Citou o Decreto-Lei número 555/99 de 16 de Dezembro:
Artigo 36.º #2 – Aplica-se ainda o disposto no número anterior quando se verifique haver fortes indícios de que a obra viola as normas legais e regulamentares aplicáveis, designadamente as constantes de plano municipal de ordenamento do território ou as normas técnicas de construção em vigor.
A sala deu uma gargalhada ao ouvir as palavras “ordenamento do território”.
O Sr. Director manifestou ainda a esperança de que, depois do próximo PDM, passe a ser possível alienar, para construção, o património inútil que é o Parque D. Maria II, espaço público que considerou, porém, ser um investimento seguro, a conservar, porque é de prever que se valorize.
José António Miranda
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