Começa por nos mostrar um gráfico com as temperaturas e os níveis de CO2 (dióxido de Carbono) e de CH4 (metano), gases que acompanham as subidas de temperatura, nos últimos 400 000 anos. Houve quatro ciclos glaciais, com cerca de 100 000 anos de intervalo, grandes subidas de temperatura seguidas de grandes descidas. Estamos de novo num desses picos de temperatura, de CO2 e de CH4, mas a subida é exponencial e será diferente, imprevisível, tem a mão do homem.
Dentro de meia dúzia de anos (há oscilações imprevisíveis, pode ser um pouco mais) estaremos, tanto quanto a Ciência nos pode dizer, num planeta demasiado quente para o habitarmos. Isto acontece, sobretudo, pelo efeito de feed-back positivo que o degelo do Ártico tem, provocando a libertação de metano na atmosfera.
Este senhor estuda, há dezenas de anos, as temperaturas dessa região e o clima, não escreveu livros nem tem um blog. É um cientista, tem artigos publicados em revistas científicas e lembra-nos que só nelas está o que a Ciência vai fazendo. Diz-nos para não acreditar em blogs;-)
Temos um magno problema, a nossa espécie e o “seu” planeta. Aparentemente insolúvel. Há uns anos, aquando da Conferência de Copenhage sobre o clima, mencionei aqui a organização “350”, cujo objectivo era que não ultrapassássemos as 350 partes por mil de CO2 na atmosfera, e publiquei algumas iniciativas globais que foram feitas com esse desiderato. Na citada conferência, há cinco anos, o Dr. Prinn calcula o equivalente, em partes por mil de CO2, para os outros gases com efeito de estufa e chega a uma soma de 470 p.p. mil, a subir, fora do nosso controle, mesmo que parássemos totalmente a emissão de gases de estufa.
Temos um problema global, que nos pede mais que conhecimento científico, que precisa de uma solução que o transcenda e integre...
A Ciência estuda os factos e procura como agir, racionalmente, a nosso favor: é o cérebro esquerdo. O cérebro direito dedica-se a sentir o problema, pode propor a negação (irracional -- e há bastos livros a negar este problema), pode entrar em pânico, refugiar-se numa religião, ou qualquer coisa de emocional. Mas, para inovar, para inventar, ambos os cérebros colaboram: sem um “lampejo” do cérebro que sente, nada se cria!
O nosso conferencista trabalha no Instituto de Tecnologia do Massachusetts, o MIT, um dos sítios máximos onde a Ciência do nosso tempo se faz… Houve um tempo em que, ainda nascente, ela se fazia em Portugal, eram os portugueses quem usava o cérebro esquerdo para estudar o mundo, no tempo de Pedro Nunes ou de Damião de Góis. Mas, antes disso, haviam inventado (com o cérebro todo, quiçá iluminado!) o conceito de “descoberta”, haviam “descoberto” a Ciência e a usavam.
Não sou o único a acreditar que, para sermos lúcidos e capazes, temos que usar o cérebro esquerdo e o direito, em harmonia. Foi o médico Carl Gustav Jung quem trouxe, para a Ciência, a noção de que temos que integrar o consciente e o inconsciente, para bem funcionarmos. O transcendente, o irracional, a intuição, fazem parte de nós e têm o seu papel. Jung estudou Astrologia e os mitos, estudou o inconsciente colectivo; decerto não ficaria de pé atrás com o que vou dizer mas sei que poucos me acompanharão, daqui para a frente ;-)
Quando, com a Inquisição, cientistas e banqueiros emigraram e apareceu, na Holanda, a Companhia da Indias Orientais, por exemplo, com esse know how, os seus grandes barcos tinham sempre, a bordo, um marinheiro português sem função definida: ele estava lá só para agir numa emergência, era o homem que “desenrascava” a situação, o homem “íntegro”, que usava os dois cérebros, que “via” para lá do que se mostra.
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.
Fernando Pessoa, "Os Colombos" in “Mensagem"
A alma portuguesa, por estes dias, está consciente do seu sofrimento emocional; sabe que acreditou, depois de Alcácer Quibir, que deixára de ter um papel no mundo e interroga-se se não será tempo de voltar a ter um. Na longa noite introspectiva de mais de 400 anos terá integrado o inconsciente, o seu fado, e sente a dor do mundo e a vontade de contribuir para uma solução. D. Sebastião ficou como símbolo da grandeza perdida, do tempo das iniciativas loucas, como essa de tentar salvar Europa da invasão turca, que chegou a Viena de Áustria, atacando o outro extremo do Império Mouro, no Norte de África.
Podemos sentir a nossa alma portuguesa capaz de ouvir, no mundo, conservadores atávicos (frustrados e quiçá violentos) e progressistas racionais (esperançados e quiçá utópicos), podemos sentir a nossa cultura universal a entender o problema todo e a querer agir.
Por estes dias volta D. Sebastião, o símbolo -- não é um homem, Deus nos livre dos homens providenciais! Portugal renasce porque há uma emergência, na barca do mundo: chega ao fim a Revolução Industrial, esmorece o que ainda “É justa auréola dada / Por uma luz emprestada”, e a Ciência precisa de um “lampejo”, precisa de Portugal, o que mergulhou no Inconsciente e sobreviveu: “É a hora”!
Para Raphael Baldaya, conceituado astrólogo, de 3 para 4 de Março, estaremos “no auge da suprema prova”. Mas não acredite em blogs, leitor!
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| O pólo Norte sem gelo, fotografia de 2013! Mas o gelo vai e vem, agora tem algum, veja a webcam: http://www.arctic.noaa.gov/np2014/2014-cam2web.mov |


