![]() |
| Durão Barroso, Tony Blair, George Bush e José Maria Aznar nos Açores, em 2003 |
Em 2003, o Presidente dos Estados Unidos da América, não conseguindo autorização da Organização das Nações Unidas para invadir o Iraque, que ele “temia” tivesse armas de destruição maciça (“sabe como são os políticos”), conseguiu o apoio dos primeiros ministros da Inglaterra, Espanha e Portugal e lá foi fazer terrorismo para o Iraque.
O problema para Europa não são as centenas de milhares de iraquianos que morreram -- “o que não tem remédio remediado está”! -- mas as consequências da destruição do Estado Iraquiano, sobretudo o aparecimento do Estado Islâmico, uma resposta organizada ao terrorismo americano.
E, sobretudo, o número de refugiados que demanda Europa.
Este ano, que ainda não tem dois meses, têm chegado a Lesbos perto de duas mil pessoas por dia! Se é assim no Inverno, quantas serão na Primavera? Em 2015 foram mais de 800.000, quatro vezes mais que no ano anterior; este ano serão mais de 3 milhões, quiçá. E já morreram 400 pessoas numa travessia de menos de meia-dúzia de quilómetros, da Turquia para a Grécia, no pacífico mar mediterrâneo.
É claro que Europa tem capacidade para organizar um ferry-boat confortável que acabe com tão absurda mortandade. E não o faz!
Os europeus sentem medo, porque muitos dos sírios são muçulmanos e os meios de comunicação, que não tratam os senhores da fotografia acima como terroristas, nos sugerem ser o terrorismo uma idiossincrasia muçulmana. Portugal também tem quem imite os europeus e tema -- mas, como lembrou recentemente António Guterres, somos o único país de Europa em que a xenofobia não é assunto político e em que não houve partidos que disso falassem, para angariar votos -- não rende!
Somos muitos, como ontem se viu, na manifestação, que gostaríamos de ver Portugal a dar o exemplo a Europa. Recebemos meio milhão de refugiados, há quarenta anos, os retornados, e foi “uma história de sucesso por contar”. A nossa população aumentou 5%, tranquilamente, quase de um dia para o outro.
A União europeia tem mais de 500 milhões de habitantes, e 5% de 500 milhões são 25 milhões. Se toda a população da Síria se metesse a caminho não chegava a esse número.
Temos, em Portugal, mais de um milhão de habitações fechadas, perdidas para os bancos pelos seus donos, surpreendidos pela “austeridade” e incapazes de pagar os juros. Muita gente pensa que o nosso governo poderia fazer um acordo com a União Europeia e com os nossos bancos, que decerto gostariam mais de receber uma renda pequena que de continuar à espera de um milagre. E os refugiados sírios, além de terem algum dinheiro têm competências para trabalhar, quiçá para criar empresas…
Criemos uma ponte marítima, da Turquia para Portugal, ou, pelo menos, para a Grécia. Sejamos a nossa alma, não o medo importado de Europa. Lembremo-nos de toda a nossa História, das inúmeras migrações, de fora para dentro e de dentro para fora.
Uma prova de que os meios de comunicação nos não informam é o testemunho de esta cristã, sobre Alepo: http://youtu.be/Xb959nKgtZg
