terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2009

É tão fácil prever que no próximo ano haverá mais inundações, mais ciclones, mais desertificação, menos gelo nas calotes polares, nos glaciares, como é fácil prever que um fumador vai ter mais enfisema, mais aterosclerose, mais crises de bronquite, maior risco de cancro... se não diminuímos a poluição, os fogos na Amazónia, os cortes de madeira, porque melhoraria a saúde do planeta? Porque o diagnóstico estava errado, não há crise climática? Ainda há quem assim pense, que nem há crise financeira, que "estamos no melhor dos mundos possíveis"; até há quem pense que não há banqueiros corruptos, nem políticos que enriqueçam com o cargo, nem aumento das falências, da pobreza, dos assaltos à mão armada, da fome...  pensam que são coisas cíclicas, que nada podemos fazer. Ou então que nada nos compete fazer, que isso deve ser deixado aos "responsáveis" LOL ... aos responsáveis pelo que acontece?
Em democracia somos nós os responsáveis. É duro perceber que foi a nossa inércia, o nosso entregar nas mãos de "quem sabe" (lucrar), que foi o nosso deslumbramento com o marketing, a nossa preguiça de pensar e de agir que aqui nos trouxe -- e que não é dando biliões a África que remediamos o que lhe fizémos e ao planeta.
Vejo, nos blogs tirsenses, que se escandalizam por a Câmara ter destruído um prédio. Se, de facto, ele estava numa área sujeita a cheias, fez muito bem! O risco de inundações está a aumentar. O que vejo, também, nos blogs que lhe fazem o marketing, é que se esquecem de dizer que a Câmara poderia ter embargado a obra muito antes, que parece divertir-se a provocar mais prejuízo aos infractores, a fazer espectáculo... a fazer marketing! Mas é verdade que a Geografia não perdoa um favor a um amigo, não perdoa os erros de urbanismo, há que obedecer à Geografia. Espero que a Câmara descubra que permitiu 2 ou 3 pisos a mais naquele prédio que tapa a vista da Igreja a quem descer do Kanimambo; espero que os destrua rapidamente, mais vale tarde que nunca! 
A Geografia não olha à cor política do infractor. Ela é o corpo do planeta de quem somos hóspedes. Abusar da hospitalidade é tão vil como não a praticar.
Uma coisa boa vai acontecer em 2009: o aumento de consciência das pessoas, a sua resistência ao senso comum, a sua adesão ao bom senso. Vai aumentar a nossa resistência ao marketing, a realidade vai ser mais visível, a verdade vai-se impor às verdades impostas (deve ser daqui que vem a palavra "impostura").

Esta fotografia, tirada ontem numa montra do Porto, ilustra o disparate; o marketing sabe que procuramos a segurança pertencendo a grupos "exclusivos", que conhecem quem manda, quem nos pode livrar do desemprego, dos "incómodos" da burocracia, etc. E que, para ter "segurança", estamos dispostos a excluir os outros, a gamela não dá para todos. Natal despudorado da sociedade de consumo. 
O próximo será diferente. "Não sou bruxo, tenho os pés na terra", este será um ano de mudança.
Bom ano!

6 comentários:

  1. Muito bem, se a Câmara teve dinheiro para demolir o tal edifício de S. Martinho do Campo porque não resolve também o problema do edifício da Praça Camilo Castelo Branco e outros que estavam primeiro na lista?
    E porque não permitem os tais blogs pró-município como o Santo Tirso Positivo e outro que se publiquem comentários como este?Espero que 2009 traga mais consciência interventiva a todos.
    Bom ano.

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  2. burro que não gosta de palha2 de janeiro de 2009 às 12:54

    Houve um tempo em que os príncipes faziam o que bem entendiam;
    depois, cristãos, o que entendiam ser a maior glória de Deus;
    renascentistas, o que entendiam ser o seu lucro; modernos o que as leis do povo e da razão permitiam;
    pós modernos, com a justiça KO, o que for mais irracional.
    É aqui que entra vender licenças para construir em linhas de água, ou em reservas agrícolas (trocas, claro, quais vendas!, trocas úteis a todos)

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  3. Respondi aos vossos comentários com o post seguinte. Se o poder está nas mãos da indústria de construção civil o prédio da praça Camilo Castelo Branco só será demolido quando estiver em construção o Hospital Privado e o novo parque de estacionamento porque só nessa altura poderá dar lucro construir ali. Porque é que se não fez estacionamento debaixo dos novos campos de jogos, nos Carvalhais? Os interesses dos cidadãos não coincidem com os da indústria da construção civil: lá perderam um estacionamento selvagem, sem serem compensados. Hão de ter outro, nada grátis, no sítio que mais lhe convier a ela, não a eles, "cidadãos distraídos".

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  4. O Sr Jose António miranda percebe de pássaros e pouco!

    Fazer um parque por baixo do complexo desportivo??? era de loucos,
    1o - em termos de engenharia era quase impossivel

    2º- mesmo sendo possivel custaria MILHÕES!! Muitos

    3º - o Complexo não podia esperar o concurso internacional e no caso de não aparecer interessados? Neste momento estava tudo parado!

    Vive obcecado pelo vazio!

    outro ponto- o Prédio da praça camilo castelo branco. JAMAIS virá abaixo! sabe porque? Porque está legal, legal...sabe o que é isso?

    estou convencido de que não falta muito para ser construido e será lindo. nesse dia gostava de subir ao último andar olhar para a sua casa e dizer "AQUI VOU SER FELIZ"

    cumprimentos sua senhoria dona de toda a inteligência humana e fora dela!

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  5. Obrigado por comentar. Os assuntos económicos, como é bom de ver, são números: subtrai-se, a quantos milhões custaria, os milhões que custou e compara-se esse número com os milhões que custará o parque que se vai fazer noutro lado (nesse custo tem que se pôr o terreno, que aqui seria zero). Só depois desses números se tenta transformar em números o incómodo de perder o parque selvagem que existia e o de ter um parque mais longe da praça (acrescenta-se ainda o custo do tempo sem parque).
    Mas é claro que não fiz as contas, confio na intuição da minha senhoria.
    Por falar em engenharia, a estrutura do prédio da praça C. Castelo Branco é fiável? E, se é, os peritos que a declararam segura, depois de tantos anos com o betão e o ferro à chuva, também? Nesse caso espero que façam o milagre de fazer daquilo um prédio bonito. Ainda bem que está para breve.
    Sim, percebo de pássaros!

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  6. " Neste momento estava tudo parado" se o complexo desportivo tivesse esperado por um concurso internacional, diz PRIVIET. E se a inauguração esperasse pelas eleições? O que é que estava a andar? Era o tal marketing?

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