Em tempos de escassez, como este e o que aí vem, a economia, a gestão dos recursos, é ainda mais importante que antes. Seja numa família, seja num município, seja num país, a primeira coisa a fazer, com o pouco ou muito dinheiro de que se disponha, é arrumar as necessidades por importância decrescente. Primeiro é preciso comer e só no fim "é preciso" comprar um Porche. Se a hierarquia das necessidades for racional, se tiver sido bem matutada, vive-se necessáriamente melhor.
Se os médicos andarem a percorrer o serviço de Urgência à procura de um aparelho de medir as tensões, perdendo tempo e ganhando stress, o qual prejudica o seu desempenho, certamente que comprar alguns aparelhos desses está à frente, na lista de prioridades, da construção de novas instalações, as quais serão óptimas e necessárias, depois! E, da mesma maneira, se se reduz, para poupar dinheiro, o nível de prestação de serviços da nossa Urgência e se manda tanta gente gastar gasolina a caminho de Famalicão por razões económicas, que sentido faz ir gastá-lo em obras vaidosas?
Faça-se o mais necessário antes do que o é menos. Economia é a definição de prioridades. É claro que é mais importante o funcionamento de um serviço que a arquitectura que o serve. E, diga-se de passagem, a arquitectura que não tiver uma poética funcionalista autêntica não consegue ter beleza autêntica (vão tristes os tempos, por esse lado também!); o que não quer dizer que se esqueça a função puramente estética, a decoração até -- é só respeitar a tal coisa da hierarquia das prioridades, a economia!
Por exemplo a ideia (que se mantém!) de gastar 7,3 mil milhões de euros a fazer uma linha de comboio nova, de alta velocidade, que pouparia cerca de 20 minutos na viagem Porto/ Lisboa (a quem pagasse o bilhete caríssimo: poucos, logo risco de falência e mais despesa!). Dinheiro mal gasto que daria para tanta coisa... (e gasto a destruir centenas de hectares de árvores e campos, casas, quiçá, para fazer uma linha inútil); deixo aqui, com a devida vénia, um artigo esclarecedor e lembro que se vai de Copenhaga a Estocolmo de Alfa pendular (mais sóbrio que o nosso!) e que ninguém se lembra, nesses países ricos, de construir um TGV (se calhar são ricos porque sabem gerir os recursos, fazem da saúde pública uma prioridade, por exemplo):
Por exemplo a ideia (que se mantém!) de gastar 7,3 mil milhões de euros a fazer uma linha de comboio nova, de alta velocidade, que pouparia cerca de 20 minutos na viagem Porto/ Lisboa (a quem pagasse o bilhete caríssimo: poucos, logo risco de falência e mais despesa!). Dinheiro mal gasto que daria para tanta coisa... (e gasto a destruir centenas de hectares de árvores e campos, casas, quiçá, para fazer uma linha inútil); deixo aqui, com a devida vénia, um artigo esclarecedor e lembro que se vai de Copenhaga a Estocolmo de Alfa pendular (mais sóbrio que o nosso!) e que ninguém se lembra, nesses países ricos, de construir um TGV (se calhar são ricos porque sabem gerir os recursos, fazem da saúde pública uma prioridade, por exemplo):

Os empregos que o "Call Center" cria são necessários, há que o alojar. Também é necessário recuperar edifícios que são património arquitectónico em zonas bem centrais. E é necessário preservar as áreas verdes, não as construir. Como a função (uns cubículos com um aparelho) é simples de meter num edifício antigo, para que se constrói um novo, ainda por cima sacrificando uma área verde?
A resposta, infelizmente, deve ser a mesma que explica o TGV: o poder político tem a quem prestar contas -- e não é à opinião pública, que está um pouco mais desperta, é certo!, é à indústria dominante no país.
Aqui se lamenta, a propósito, o desaparecimento do blog "opinão do Vítor", o qual, creio, continuará a escrever no "Entre Margens".