sexta-feira, 29 de maio de 2009

As eleições europeias

   A abstenção tem aumentado nas últimas décadas mas, este ano, as sondagens, na Europa do Norte, sugerem que diminuirá muito. Os europeus vão votar e nós, o "rosto" da Europa, vamos votar nas eleições europeias pela primeira vez-- quer dizer, é a primeira vez que os portugueses levam a sério as eleições europeias. Com a fantástica intuição que nos caracteriza enquanto eleitores, exprimir-nos-emos com clareza por ser um momento para isso.
   A abstenção tinha a ver, aqui como na América, com o engordar distraído e decadente da sociedade de consumo; o poder nas mãos das tais das "multinacionais", nenhum voto serviria de nada, os cidadãos dormiam, de barriga cheia.  
   Este ano é diferente, acordaram. E a Democracia é o instrumento que permite evitar que as discussões se resolvam à pancada: nos momentos de indefinição todos ficam à espera dos resultados eleitorais como quem espera a decisão de um juiz.
   Revisitemos o problema: a Revolução industrial está feita, 250 anos a mudar o mundo! Precisou de criar o Estado moderno com os seus três poderes, o executivo, o legislativo e o judicial (judiciário, no Brasil), separados, Estado que respeita a liberdade religiosa mas em que a Igreja não manda, precisou de criar as bolsas de valores modernas para financiar a indústria, as vias de comunicação eficazes e aqui estamos à janela do internet, os caminhos de ferro do tempo pós-industrial. Viemos à procura da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade e, naturalmente, nesse processo, o lucro tomou as rédeas e propunha-se explorar os recursos naturais até à morte física do planeta. 
   É aqui que estamos. Tranquilamente, votando, retiramos as rédeas das mãos do lucro, que já não controla os cavalos com os freios nos dentes que nos levam para o abismo. Nos sítios mais inesperados, no Bangladesh ou no Afeganistão, a crise climática sente-se, morre-se! Acordamos para ela, estremunhados, alguns, ninguém duvida da responsabilidade que temos, de que não é tempo para andar à pancada, de que os países do mundo encontraram um adversário comum, não precisamos de extra-terrestres para nos sentirmos solidários com o planeta todo! A ameaça é real, os que querem dormir mais um bocadinho são, ou brevemente serão, minoria, vamos votar!
   O nosso Continente, há mais de 60 anos em Paz, criou uma associação de países livres e iguais em direitos, que encontram soluções para os seus problemas em comum, por consenso, que dão um exemplo ao mundo. Nestas eleições, é a minha convicção, reforçaremos o que a Europa tem de libertador, de enriquecedor, de fraterno e rejeitaremos a servidão ao poder financeiro, que perdeu o Norte, que já só pensa na sua própria sobrevivência, que vai ver os seus projectos desesperados, como o imperial tratado de Lisboa, a ser rejeitados nas urnas, tranquilamente.
   É tempo de mudança. Entre nós os grandes partidos do centro serão, justamente, porque responsabilizáveis, punidos nas urnas. É esse o meu voto!  
                 

7 comentários:

  1. burro que não gosta de palha30 de maio de 2009 às 01:09

    Há mais partidos, além dos dois "centrais" que me querem dar palha a comer: os de direita!
    Sou capaz de votar em branco mas acho que tem razão, é hora de votar!

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  2. Não partilho o seu optimismo. A multidão que aplaudiu Sócrates em Santo Tirso não me parece que esteja consciente de que morrem 300 mil pessoas por ano, no mundo, devido às alterações climáticas. Ou então não está consciente das leis contra a reserva ecológica, das construções permitidas nessas áreas a grandes empresas, nestes últimos anos, das barragens que se preparam, da demagogia com o solar, em que estamos atrás dos espanhóis. Minoria é antes quem tem consciência da responsabilidade das políticas do "lucro", como diz.

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  3. Jantar de Apresentação de castro Fernandes à Câmara Municipal de Santo Tirso.
    19 de Junho, 20h, num pavilhão industrial em Fontiscos!
    Inscrições até 16 de Junho
    geral@ps-santotirso.net
    966 410 528 / 966 409 912

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  4. Agradeço os comentarios, especialmente os do meu amigo que não gosta de palha, dos 20 visitantes diários (faz um ano que instalei um contador, lá no fundo) o que mais escreve. Tem razão, o risco da direita xenófoba é visível nas sondagens europeias. Portugal é o país europeu que mais povos integrou desde a pré-história e espero que dê um bom exemplo à Europa e ao mundo não elegendo ninguém dessa área. Ele há muitos partidos!

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  5. Reparei que o blog "Santo Tirso Online" não constava da lista de hiperligações (links) aqui ao lado; já consta.
    Política são ideias. Discussão sobre o que é mais importante, sobre o que queremos, o que sonhamos, do planeta até à freguesia. Se uma obra for decidida democráticamente os eleitores sabem que esse dinheiro não poderá ser usado para outras coisas. A política são essas escolhas. Feita a escolha das prioridades os arquitectos da Câmara tentarão integrar as obras no sítio, adequadamente, e os engenheiros executá-las, com qualidade e por bom preço. Se o não fizerem bem deverão ser democráticamente despedidos:-)
    O marketing consegue que deixemos de comprar o que necessitamos e compremos o que nos propõe.
    O marketing na política é o grande problema que a Democracia tem que resolver, para sobreviver.
    Na falta de "fair-play", põe-se a hipótese de o tentar criar por decreto: sou pessimista, só uma história em que o jogo bonito tenha criado fortes raízes na nossa cultura permitirá aos cidadãos punir eleitoralmente quem o não pratica; a luxuosa caravana eleitoral do primeiro-ministro mostra que o governo não acredita que a nossa cultura nos permita resistir ao "marketing". Mas, quem sabe?

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  6. Caro José António Miranda,

    Parece que afinal os europeus não castigaram os partidos do "centro". PPE e PSE tiveram juntos 400 deputados eleitos (mais de metade do parlamento). Que leitura se pode fazer disto?

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  7. Melhor isso que a extrema direita! Mas vi o grupo dos verdes a subir na Europa, uma plantinha que há de dar uma grande arvore, dêem-lhe tempo!

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