Tomemos o exemplo da "negação", aquele processo em que o paciente se recusa a ver algo que é evidente para os outros -- mas que lhe é insuportável. Isto passa-se com todos nós, aqui ou ali; os americanos usam a expressão (denial, negação) na linguagem de todos os dias, é útil que os amigos nos digam o que, estando diante dos nossos olhos, nos recusámos a ver. Quando é que podemos falar em "delírio" ou em "delírio sistematizado", sintomas de demência, já dentro da fronteira da doença? -- Sobretudo quando, posto diante dos factos, o paciente reage com agressividade e obstinação "exageradas", coisa subjectiva, como se vê!
É sabido que o Dr. Alberto João Jardim passou a vida a chantagear os deputados do PSD, ameaçando votar contra o seu partido se a Madeira não fosse privilegiada na despesa pública. Para o seu ponto de vista, a injustiça da insularidade justificava tudo -- incluindo a dívida não declarada que foi fazendo, confiando que o desenvolvimento da região acabaria por a justificar. Mas isto de fazer dívidas não é sustentável -- os credores vão-se tornando caros!
Repetidamente avisado de que se não tratava de um comportamento decente em relação ao resto do país ele foi atribuindo a responsabilidade ao "Continente", que trata a Madeira muito mal!
Será o senhor demente? Essa fronteira mal definida entre a saúde e a doença varia com a cultura em que se está. Ele seria considerado demente num país do Norte, sem dúvida, nunca teria sido eleito, sequer, mas é considerado "esperto", em Portugal; irritante, para alguns, mas "bom para a Madeira", competente governante porque põe a sua região acima do interesse de Portugal.
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| José Socrates no seu último banho tirsense |
Comparemos com uma família em que os filhos se fazem amorosos para ter um gelado, uma biciclete, ou qualquer coisa. Se os pais dependerem emocionalmente dos filhos gastarão mais que o possível -- e serão eles os responsáveis, as crianças não têm acesso ao orçamento familiar, imaginam que se trata de uma nascente, que nunca seca!
Os municípios também fazem as suas "malandrices", desde que não "dê nas vistas": inventam as suas parcerias público-privadas locais, a exemplo do governo central -- escondem as despesas!
Se não quisermos considerar doentia a nossa cultura (se estivermos em "negação"!), teremos, pelo menos, que considerar a nossa irresponsabilidade como pouco adulta -- teremos que lidar com a nossa imaturidade. Donde vem tal coisa? Do paternalista Salazar? Da Inquisição? Seja como for é mais que tempo de crescer, de ver que Portugal é assunto nosso.
A negação essencial que fazemos, os portugueses, é a de que o Estado seja da nossa responsabilidade, de que ele não é um poço sem fundo onde nos vamos abastecer. E, enquanto terapêutica para a nossa demência, a ajuda que o colapso financeiro internacional veio dar à clareza da falência em que estamos pode ser o caminho da saúde!
Já chegámos à Madeira? -- Já! Apenas nos recusamos a ver isso!

Pode ser que sejamos dementes mas é por permitimos à oligarquia tomar conta do Estado. Se subtituir "estado" por "Portugal" ou mesmo por "nação", sim, é demência não olhar por ela: sofremos todos com isso!
ResponderEliminarTem toda a razão, burro! ou não fora quem é :-)
ResponderEliminarAquilo em que os governantes investem, aumentando a dívida de todos nós, não foi uma escolha democrática: não é em saúde, em educação, em segurança social. É em bancos, em empresas de construção civil, noutras empresas amigas e nas suas reformas milionárias. Se aceitarmos eleitos que nos não representam, somos dementes. Se mudarmos para uma democracia real, somos saudáveis!