sábado, 17 de março de 2012

"As nações todas são mistérios. 
Cada uma é todo o mundo a sós."
(Fernando Pessoa  in "Mensagem", "D. Tareja")

Para sabermos que o governo português está sujeito a interesses privados e, em última análise, ao capital financeiro internacional, não precisaríamos deste recente "engano" na demissão de um Secretário de Estado.
Sendo assim -- e não havendo censura -- porque é que o governo conserva, em recente sondagem, o apoio dos portugueses? -- Pode ser que se trate de escolher o mal menor, as pessoas não vêm alternativa.
A dívida internacional do Estado português não é apenas da responsabilidade dos nossos governos, autarquias, empresas, cidadãos. A maior parte dos países têm dívidas idênticas e o que está em causa é o acerto do actual sistema monetário e financeiro internacional, que conseguiu criar uma "globalização" a seu favor -- e em desfavor dos povos e das nações.
É tempo de sonhar outras formas de viver em sociedade, de trazer o dinheiro para o seu papel de instrumento de troca, de acabar com a sua capacidade "cancerígena" de reprodução. E é legítimo imaginar como poderia ser. Mais, é o papel das nações, em que "cada uma é todo o mundo a sós". 
A nossa nação lusófona poderia ser uma confederação de países e poderia -- tem recursos naturais para isso -- criar o seu sistema monetário, independente do actual, o qual poderia servir de exemplo ao resto do mundo. Não temos apenas recursos naturais, temo-los culturais e técnicos. Perante o descalabro do actual sistema, inadequado para a vida das pessoas e do planeta, é sensato imaginar outro. E experimentá-lo!

2 comentários:

  1. Uma moeda da lusofonia! Porque não?

    Se com as nossas soluções económicas "clássicas" e conservadoras chegámos a este triste destino, porque não considerar essa alternativa?

    Mas enquanto que os portugueses não demonstrarem querer outra coisa qualquer que não as políticas dos governos que nos têm governado, nada feito.

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  2. Refere-se ao estranho facto de os portugueses votarem em governos que obedecem à alta finança, nacional e internacional, presumo.
    Acontece que, ao votar, vêm que o único voto útil é o que escolhe entre dois partidos iguais. Creio que estamos perto de compreender que é nenhuma a utilidade de votar em um dos dois grandes partidos.
    E há a fidelidade à camisola, vota-se no que sempre se votou.
    Talvez um novo partido, um partido lusófono, com o apoio de todos os imigrantes e de todos os portugueses fartos deste sistema, de todos os que sabem que "navegar é preciso"!

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