quarta-feira, 25 de abril de 2012

25 de Abril: 38 anos!

Saudades. A maior parte dos portugueses não tem saudades do dia 25 de Abril de 1974 -- ainda não tinha nascido! Lembro-me de ouvir, no rádio do carro de um amigo, o pedido dos corajosos militares que fizeram o golpe para que ficássemos dentro de casa -- queriam-nos proteger. E lembro-me de encontrar a praça cheia de gente, da felicidade contagiosa, em estado puro!
A censura, a PIDE, a humilhação, eram fáceis de entender -- sabíamos o que queríamos! Hoje a ditadura do sistema monetário internacional não é identificada como o que é, facilmente. O ditador é abstracto, não tem rosto. A censura é invisível, é desinformação e marketing. A PIDE e os bufos são as leis ao serviço da oligarquia, são a interiorização que fizémos de que o sistema é justo por ser o único possível: afinal estamos em democracia, se nos endividámos foi responsabilidade nossa.
Hoje, para o mundo, é preciso uma libertação como a do 25 de Abril. O tempo é, ainda, o de tomarmos consciência disso. Deixo aqui este filme, com essa intenção.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O narrador deste pequeno filme, que ganhou um prémio em Cannes, é Jaques Fresco, americano de 94 anos, homem lúcido e consciente, que passou a vida a denunciar o mito da escassez em que vivemos.
Que viva para ainda ver o o nascimento de uma nova era de abundância, fruto do bom senso, da consciência global, do uso sensato da técnica.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Jantar/debate

A Associação Amar Santo Tirso, apartidária e democrata, destina-se a servir a sua terra, em liberdade. Organiza, no dia 25 de Abril, um  jantar - debate, subordinado ao tema: "Um novo paradigma de desenvolvimento para Santo Tirso", cujo orador principal será o Dr. José Pedro Miranda, presidente da Junta de Freguesia de Santo Tirso. 
Como é evidente a escolha do orador nada tem de partidário e espera-se que o debate seja interessante e que do confronto de ideias nasça luz. O jantar terá lugar no restaurante "Os Amarelos", da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Tirsenses.
Acho que devemos dar a esta Associação a oportunidade de ser aquilo para que nasceu: um espaço de civismo e de liberdade. O facto de a data escolhida ser o aniversário do derrube da ditadura fascista é bom augúrio para o debate. O regime pode ser visto como fascista, na medida em que o poder político está ao serviço da mesma oligarquia financeira que no anterior a 1974.
Uma estratégia de desenvolvimento que não tenha em conta a realidade, a opressão que o sistema financeiro mundial é, sobre as pessoas e sobre o planeta, passa ao lado do mais importante. Uma estratégia que não tenha em conta a ecologia, o bem público que é a Terra, de que somos parte, que não tenha em conta o recente poder de destruição da nossa espécie e a necessidade de mudar de paradigma, não é digna desse nome.
O conceito de "desenvolvimento" dos últimos 250 anos, em que se tratava de "conquistar" a natureza, está a dar lugar a um outro, em que se trata de compreender que dela fazemos parte, dela somos a consciência, e que a nossa estratégia só pode ser a de a proteger.
Não sei se o leitor que queira ir a este jantar-debate precisa de se inscrever na Associação (creio que não) mas sei-lhe dizer que a cota não pesa no preço do jantar, que é acessível. Aqui fica o e-mail para se inscrever:
amarsantotirso@gmail.com
O tempo pede-nos que paremos para pensar. O senso-comum tem que ser substituído pelo bom-senso!

domingo, 15 de abril de 2012

Ter carta branca

Ter carta branca significa não ter satisfações a dar, decidir sem peias, sem a necessidade de discutir os assuntos, de prestar contas, sequer de informar. E dar carta branca a alguém significa abdicar da responsabilidade própria, alienar-se.
Assim fizemos com Salazar e, depois de lhe darmos carta branca para tomar conta deste barco, dificilmente lha soubemos tirar, quando o quisemos.
Mas, em 25 de Abril de 1974, graças às Forças Armadas, assumimos a responsabilidade pelo destino da Pátria, recusámos a alienação.

A democracia não passa de uma ideia, é claro que é pouco prático que as decisões sejam tomadas por todos, em discussão pública. E é ideia mais antiga que a democracia ateniense, uma das primeiras, há dois mil e quinhentos anos. Na ágora todos discutiam os assuntos que eram de todos e, no fim, sorteava-se um dos presentes para realizar as decisões da assembleia. O pobre sabia que iria ter imenso trabalho e que tudo o que fizesse iria ser escrutinado. A sorte que lhe caíra em cima era vista como o fardo que era.
Breve a coisa mudou, Péricles não tinha "carta branca" mas tomava as decisões, dando-se ao trabalho de as aprovar na Assembleia, graças à sua eloquência. E só 10% dos Atenienses tinha direito de voto.

As ideias, porém, movem montanhas, como soi dizer-se. Ainda hoje, vivendo numa democracia de nome, em que damos carta branca a um primeiro-ministro para formar governo ou a um autarca num município para decidir por nós, desejamos viver em democracia, desejamos não ser alienados, desejamos ser responsáveis pelo que acontece em Portugal. Desejamos o que não temos.

A eloquência que permite obter a tal "carta branca" dá vontade de chorar, de fugir, dá arrepios.
Suspeito que as celebrações do aniversário do dia 25 de Abril de 1974, dia em que fomos, de facto, efemeramente, livres e responsáveis, sejam, este ano, tão deprimentes como a coreografia do início do jogo de futebol de ontem, em que o Gil Vicente teve esperança de ganhar a taça da liga. Aterradoras!

As ideias, porém, não se podem matar, nem com tiros nem com mau gosto. E são as ideias que criam a realidade. Discutamos a realidade que queremos! Na família, na freguesia, no município, no país, na Europa, no mundo! Não nos calemos! Da discussão nasce a luz.
   10 de Julho de 2012: 
afinal, no 10 de Junho, aconteceu um discurso que vale a pena ouvir, do reitor da U. de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa.