sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O nascimento de Vénus

À medida que vamos percebendo que a Revolução Industrial está feita e que a Revolução Informática é uma nova era, com seu novo sistema social, acontece-nos imaginar o futuro.
"O futuro a Deus pertence", ou seja, não nos cabe conhecê-lo. Porém, que há de mais humano, que é que mais seguramente nos cabe fazer senão desafiar os deuses, procurar sair da nossa condição? Honrar Prometeu, que, por nos achar merecedores, roubou o fogo divino, que nos não cabia ter, e sofreu o martírio? Ou honrar o mesmo Cristo que, pela mesma razão, nos revelou que o amor é o segredo da vida?
Acontece-me imaginar o mundo daqui a uns anos. Imagino a sabedoria do Oriente a fecundar o conhecimento ocidental. Imagino-nos a viver no presente, o passado e o futuro esquecidos, no Tao... e, ao mesmo tempo, conscientes dos erros passados para os não repetir, como um menino que não se queima de novo no fogo, sem se culpar de se ter queimado. E conscientes do futuro como de um desejo, a que não importa chegar depressa, porque o caminho é bonito.
Caminante no hay camino, mas sei cada vez mais para onde vou, como alguém que queira ir a Itália e descubra que quer ir à Toscânia, depois que quer ir a Florença e entretanto se perca em Paris, ou em Praga, mas acabe por chegar à galleria degli Uffizi e descubra que vinha ver "o nascimento de Vénus".
Sei que vamos reduzir o poder entre as pessoas e aumentar o afecto. Sei que vamos acabar com a fome e com o trabalho sem graça. Sei que vamos tratar as causas ideais das doenças em vez de os seus sintomas... mas não sei exactamente como vamos organizar as nossas sociedades quando a produção não estiver ligada ao mercado bolsista e o dinheiro não render juros -- sei, porém, que o sistema em que vivemos não está no futuro, está nos seus últimos anos.
Sei que a Natureza vai recuperar o seu esplendor e nós nela... mas não sei se a Democracia Real vai nascer de uma Constituição escrita por gente sorteada entre os homens bons votados por todos (com proibição de votar em políticos) como sugere o "vírus benfazejo", que apanhei, proposto por Etienne Chouard, não sei!
Sei que a violência não é o caminho, que nos afastaremos dela sem olhar para trás, como o menino que recorda que se queimou, sem se culpar -- nem com os que ainda se não queimaram, e querem experimentar a violência a usaremos! A compaixão do Oriente e a razão do Ocidente. Mais a organização do Norte e a alegria do Sul. "Todos iguais e todos diferentes". “Surfando”, felizes, as ondas gigantes que por aí vêm.

Auriculares, ecrã completo, 27 minutos de meditação, saúde!

Acrescentado em 5 de Maio de 2014: Ver conferencia de Alan Foster: The next step in evolution.

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