sexta-feira, 23 de novembro de 2012
O frio aperta, são os anos da madrugada.
O que se está a passar no Egipto serve para nos lembrar que eleições não rimam com democracia. Eleger um "representante" é abdicar da nossa responsabilidade de governar. Em democracia a responsabilidade é do povo, de toda a gente. Se entregarmos o poder deixamos, ipso facto, de estar em democracia. Entregámo-lo elegendo, com uma votação perfeita? -- Que importa? Entregámo-lo!
Os egípcios mostraram ao mundo que queriam viver em democracia. Livraram-se do tirano e, como não sabiam fazer melhor, fizeram eleições. Neste momento saem à rua, surpreendidos por terem eleito um tirano. Hitler foi eleito por um parlamento, foi escolhido pelos "representantes" do povo, assim como Stalin!
Temos a sorte, os europeus, de ter a experiência histórica de Atenas, cuja democracia durou dois séculos. Temos obrigação de usar essa experiência, se quisermos criar democracias nos nossos países. Democracias reais.
Ninguém, como os ingleses, estudou a Grécia antiga, a ensinou nas escolas. Acontece, simplesmente, que preferem viver em aristocracia, estão no seu direito! E acontece, também, que a sua aristocracia foi comprada, paulatinamente, ao longo dos séculos, por uma oligarquia. A qual, depois de se apoderar da Libra, que era a moeda do mundo, criou o Dólar e, agora, o Euro.
Fernando Pessoa, que não era democrata, considerava Portugal o herdeiro da Civilização Grega; dizia que não é por acaso que Lisboa e Atenas estão à mesma latitude. Se, -- melhor! -- quando, os portugueses quiserem, de novo, contribuir para a civilização europeia, descobrir a sua nova forma, eu espero que seja a de uma democracia real, directa, que use a informática para "alavancar" os seus mecanismos de defesa até à dimensão nacional, quiçá lusófona, uma democracia entre muitas.
Se me disserem que as nossas sociedades industrializadas precisam do nosso sistema de "democracia" representativa (ou seja, do capitalismo da oligarquia financeira) para medrarem, eu estarei de acordo, a história o mostra. Mas as sociedades informatizadas que nos próximos anos se consolidarão precisam de um outro sistema; assim como os escravos foram substituídos por máquinas, assim a robótica dispensará os operários -- demorará, por certo, mas não esqueçamos a aceleração da História.
A criação exige um tempo em que o criador parece descansar, parece estar alheio à vida que o cerca -- sonha. É durante o sono que nascem as grandes criações, acorda-se com elas prontas.
O símbolo de Portugal adormecido, que há de voltar para completar a sua ambição de grandeza, é D. Sebastião. Quem, quando a realidade existencial, como o frio da madrugada nos acorda, acordará, será Portugal, ou seja, os que falam a nossa língua. Acordaremos com o projecto de uma organização social que fará medrar a sociedade informatizada -- e, espero, esse projecto viabilizará uma democracia real.
Se, -- melhor! -- quando, isso acontecer, seremos, de novo, os pioneiros da conversa de civilizações, os primeiros a ser (mal) recebidos na India e na China, interessados no comércio das ideias, no respeito pelos povos do mundo, na consciência de que as diferenças entre os povos, entre as pessoas, são a brincar, são para dar graça à vida, somos todos UM. Aquilo a que a oligarquia decidiu chamar "o mundo árabe" é parte importante da nossa civilização mediterrânea; o Egipto, geograficamente em Africa, é onde Grécia e Europa têm as suas raízes e foi em Alexandria que se descobriu que a Terra é redonda e se a mediu! Alexandre e o Gama chegaram à Índia; a civilização europeia, porém, herdeira deles, pode ter colonizado as Américas mas não é universal. Esse mito, o da superioridade da nossa civilização, cairá com a oligarquia, na próxima dúzia de anos: há mais mundos, tem graça que os haja!
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década: Economia local, economia social
Este é o título da próxima conferência da Associação Amar Santo Tirso, no dia 26.
Eis o convite que me enviaram e que se dirige a todos os tirsenses e não só:
Caro(a) amigo(a):
A associação cívica "AMAR Santo Tirso", vem convidá-lo a participar na sessão do Ciclo de Conferências "Santo Tirso, que futuro? - Uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década", subordinada ao tema "Economia Local, Economia Social", que decorrerá no dia 26 deste mês, segunda-feira, pelas 21.30 horas, na Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova, em Monte Córdova, e cujos oradores serão a Profª Maria José Abreu, da Universidade do Minho, e a Drª Gilda Torrão, directora-geral da ASAS Santo Tirso.
A sua presença é importante para a dinâmica da sociedade civil do nosso concelho.
Participar é um acto de cidadania. Obrigado
Eis o convite que me enviaram e que se dirige a todos os tirsenses e não só:
Caro(a) amigo(a):
A associação cívica "AMAR Santo Tirso", vem convidá-lo a participar na sessão do Ciclo de Conferências "Santo Tirso, que futuro? - Uma estratégia de desenvolvimento para a próxima década", subordinada ao tema "Economia Local, Economia Social", que decorrerá no dia 26 deste mês, segunda-feira, pelas 21.30 horas, na Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova, em Monte Córdova, e cujos oradores serão a Profª Maria José Abreu, da Universidade do Minho, e a Drª Gilda Torrão, directora-geral da ASAS Santo Tirso.
A sua presença é importante para a dinâmica da sociedade civil do nosso concelho.
Participar é um acto de cidadania. Obrigado
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Ciclo de Conferências "Santo Tirso, que futuro?"
A conferência de amanhã, sexta-feira, 9 de novembro, às 21.30 h, sobre "Turismo e Cultura", mudou de sítio: será no Barmali, na Praça Coronel Baptista Coelho.
Ao fundo destas duas colunas do blog (o blog é profundo!) está o programa das quatro conferências, iniciativa da Associação Amar Santo Tirso. Apareça!
Domingo, 11 de Novembro de 2012: Na conferência falou-se da importância da história, do património, para o turismo, de guias que criem encanto a partir de memórias, e do património edificado recentemente, do museu de escultura, de obras como o edifício dos bombeiros "vermelhos", de Alvaro Siza, que será inaugurado no dia 6 de Novembro. E falou-se de estratégias seguidas por outras cidades, da estratégia de focar o turismo numa ou duas coisas que identifiquem a cidade; de como a população de Cerveira, por exemplo, interiorizou a Bienal, de como ela serve de chamariz turístico durante todo o ano; ou de como Ponte do Lima valorizou os solares e a gastronomia... Mas não se falou de como Ponte do Lima valorizou a agricultura e a ecologia, só permitindo pequenas indústrias não poluentes no seu ordenamento territorial; creio que o orador, bracarense, estava muito consciente da história da indústria textil no nosso Concelho, de como isso o caracteriza.
Ora, historicamente, digo eu, antes da textil, cujo ciclo chegou ao fim (falou-se de que há turismo dirigido a fábricas antigas, desactivadas, noutras bandas), historicamente, a nossa região, nas margens do Ave e seus afluentes, era um paraíso de fauna e flora, razão porque já tinha um mosteiro cristão no tempo da administração pública muçulmana, os monges eram lavradores. E, quando, há cem anos, Santo Tirso entrou na moda como destino turístico, os abastados visitantes vinham à procura do rio, da sua exuberante vegetação e da sua beleza. A paisagem é, ainda hoje, depois de ter sido destruída por décadas de desprezo, um bem patrimonial. E a sua protecção um dever.
"Não desfazendo" nos jesuítas e no licor de Singeverga, a minha sugestão, para encontrar um tema, é que a nossa Bienal seja sobre ecologia. Que o nosso assunto seja a sociedade pós-industrial, a reestruturação depois do século XX, que a Escola Agrícola se transforme numa referência mundial de investigação de agricultura "biológica", que a natureza, que as paisagens, sejam acarinhadas. Não há contradição entre a natureza e o homem: somos todos um. O lavrador que quer construir, em betão, num vale, tem vantagem em ser ajudado a recuperar algum velho edifício de pedra -- sem betão! As vantagens do respeito pela natureza não são apenas culturais e turísticas, são quotidianas e reais para quem habita no Concelho.
Deixo aqui o calendário das próximas conferências:
Dia 15 de Novembro: Imprensa local
Luis Américo Fernandes (director do "Entre-Margens") e Dra. Manuela Couto
na Junta de Freguesia de S. Martinho do Campo, às 21:30
Dia 26 de Novembro: Economia local e economia social
Maria José Abreu (da Universidade do Minho) e Gilda Torrão (da ASAS, Santo Tirso)
na Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova, às 21:30
Dia 13 de Dezembro: Educação, desporto e juventude
Joaquim Azevedo (da Universidade Católica) e Henrique Calisto
na Junta de Freguesia da Vila das Aves, às 21:30
O debate sobre Imprensa local foi adiado para 7 de Dezembro, às 21:30, na Junta de Freguesia de São Martinho do Campo.
Domingo, 11 de Novembro de 2012: Na conferência falou-se da importância da história, do património, para o turismo, de guias que criem encanto a partir de memórias, e do património edificado recentemente, do museu de escultura, de obras como o edifício dos bombeiros "vermelhos", de Alvaro Siza, que será inaugurado no dia 6 de Novembro. E falou-se de estratégias seguidas por outras cidades, da estratégia de focar o turismo numa ou duas coisas que identifiquem a cidade; de como a população de Cerveira, por exemplo, interiorizou a Bienal, de como ela serve de chamariz turístico durante todo o ano; ou de como Ponte do Lima valorizou os solares e a gastronomia... Mas não se falou de como Ponte do Lima valorizou a agricultura e a ecologia, só permitindo pequenas indústrias não poluentes no seu ordenamento territorial; creio que o orador, bracarense, estava muito consciente da história da indústria textil no nosso Concelho, de como isso o caracteriza.
Ora, historicamente, digo eu, antes da textil, cujo ciclo chegou ao fim (falou-se de que há turismo dirigido a fábricas antigas, desactivadas, noutras bandas), historicamente, a nossa região, nas margens do Ave e seus afluentes, era um paraíso de fauna e flora, razão porque já tinha um mosteiro cristão no tempo da administração pública muçulmana, os monges eram lavradores. E, quando, há cem anos, Santo Tirso entrou na moda como destino turístico, os abastados visitantes vinham à procura do rio, da sua exuberante vegetação e da sua beleza. A paisagem é, ainda hoje, depois de ter sido destruída por décadas de desprezo, um bem patrimonial. E a sua protecção um dever.
"Não desfazendo" nos jesuítas e no licor de Singeverga, a minha sugestão, para encontrar um tema, é que a nossa Bienal seja sobre ecologia. Que o nosso assunto seja a sociedade pós-industrial, a reestruturação depois do século XX, que a Escola Agrícola se transforme numa referência mundial de investigação de agricultura "biológica", que a natureza, que as paisagens, sejam acarinhadas. Não há contradição entre a natureza e o homem: somos todos um. O lavrador que quer construir, em betão, num vale, tem vantagem em ser ajudado a recuperar algum velho edifício de pedra -- sem betão! As vantagens do respeito pela natureza não são apenas culturais e turísticas, são quotidianas e reais para quem habita no Concelho.
Deixo aqui o calendário das próximas conferências:
Dia 15 de Novembro: Imprensa local
Luis Américo Fernandes (director do "Entre-Margens") e Dra. Manuela Couto
na Junta de Freguesia de S. Martinho do Campo, às 21:30
Dia 26 de Novembro: Economia local e economia social
Maria José Abreu (da Universidade do Minho) e Gilda Torrão (da ASAS, Santo Tirso)
na Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova, às 21:30
Dia 13 de Dezembro: Educação, desporto e juventude
Joaquim Azevedo (da Universidade Católica) e Henrique Calisto
na Junta de Freguesia da Vila das Aves, às 21:30
O debate sobre Imprensa local foi adiado para 7 de Dezembro, às 21:30, na Junta de Freguesia de São Martinho do Campo.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
A nossa troika
Assim como a oligarquia internacional tem os seus angariadores de impostos para os Estados que domina -- no nosso caso a conhecida Troika -- assim esta delega esse incómodo trabalho na nossa troika, encarregada de nos extorquir a nós, ficando com uma percentagem pelo seu serviço.
A nossa troika é muito conhecida, não seria preciso escrever os nomes dos seus actuais responsáveis mas aqui ficam: Pedro Passos Coelho, António José Seguro e Paulo Portas.
Quando vemos a história de Robin Hood, da sua luta contra os angariadores de impostos do xerife de Nothingham, tomamos naturalmente o partido do povo, escandalizamo-nos com a extorsão de quem não pode pagar para alimentar o luxo do xerife. Mas hoje sabemos que a riqueza dos senhores desse tempo pré-industrial pouco passava do dobro da dos seus explorados. Actualmente é centenas ou milhares de vezes a dos seus "colaboradores", nós. E tomamos a coisa como natural!
Isto acontece graças a este sistema de governos representativos que se chama a si mesmo de "democracia". Ele obedece a uma Lei Fundamental que foi criada pelos partidos que escolhemos, depois de termos "refundado" o Estado, em Abril de 1974. Na sua primeira versão, embora "os eleitos" ficassem com o poder, havia um certo pudor. A nossa troika só se instalou meia dúzia de anos mais tarde: tinha os dois terços necessários para a revisão constitucional e "aperfeiçoou" o sistema a seu gosto.
O parlamento, entre nós chamado Assembleia da República, é composto de deputados cuja maioria pertence sempre à nossa troika; e que foram escolhidos pelos citados senhores, pelos gestores das três holdings que representam, localmente, a oligarquia internacional. É um pró-forma, a existência de deputados, eles votam aquilo que os seus chefes lhes ordenam que votem. Veja-se o caso deste deputado da Madeira que, estando ao serviço da nossa troika, votou, pela sua cabeça (bom!, talvez pela cabeça do seu chefe regional), contra o projecto de orçamento para 2013: foi devidamente ameaçado e sabe que vai perder o emprego, no devido tempo.
Sim, Sr. Pedro Passos Coelho, primum inter pares da nossa troika, sim! Precisamos, e com urgência, de uma refundação! Precisamos de uma Constituição redigida por cidadãos sem qualquer ligação à vossa troika. Precisamos de refundar a democracia, de rever o relacionamento que temos com a oligarquia internacional -- e o mesmo é preciso que se passe em todo o mundo!
O sistema dá-nos uma ajuda ao "exagerar" na dose de extorsão: há uma grande probabilidade de que se destrua a si mesmo:
A nossa troika é muito conhecida, não seria preciso escrever os nomes dos seus actuais responsáveis mas aqui ficam: Pedro Passos Coelho, António José Seguro e Paulo Portas.
Quando vemos a história de Robin Hood, da sua luta contra os angariadores de impostos do xerife de Nothingham, tomamos naturalmente o partido do povo, escandalizamo-nos com a extorsão de quem não pode pagar para alimentar o luxo do xerife. Mas hoje sabemos que a riqueza dos senhores desse tempo pré-industrial pouco passava do dobro da dos seus explorados. Actualmente é centenas ou milhares de vezes a dos seus "colaboradores", nós. E tomamos a coisa como natural!
Isto acontece graças a este sistema de governos representativos que se chama a si mesmo de "democracia". Ele obedece a uma Lei Fundamental que foi criada pelos partidos que escolhemos, depois de termos "refundado" o Estado, em Abril de 1974. Na sua primeira versão, embora "os eleitos" ficassem com o poder, havia um certo pudor. A nossa troika só se instalou meia dúzia de anos mais tarde: tinha os dois terços necessários para a revisão constitucional e "aperfeiçoou" o sistema a seu gosto.
O parlamento, entre nós chamado Assembleia da República, é composto de deputados cuja maioria pertence sempre à nossa troika; e que foram escolhidos pelos citados senhores, pelos gestores das três holdings que representam, localmente, a oligarquia internacional. É um pró-forma, a existência de deputados, eles votam aquilo que os seus chefes lhes ordenam que votem. Veja-se o caso deste deputado da Madeira que, estando ao serviço da nossa troika, votou, pela sua cabeça (bom!, talvez pela cabeça do seu chefe regional), contra o projecto de orçamento para 2013: foi devidamente ameaçado e sabe que vai perder o emprego, no devido tempo.
Sim, Sr. Pedro Passos Coelho, primum inter pares da nossa troika, sim! Precisamos, e com urgência, de uma refundação! Precisamos de uma Constituição redigida por cidadãos sem qualquer ligação à vossa troika. Precisamos de refundar a democracia, de rever o relacionamento que temos com a oligarquia internacional -- e o mesmo é preciso que se passe em todo o mundo!
O sistema dá-nos uma ajuda ao "exagerar" na dose de extorsão: há uma grande probabilidade de que se destrua a si mesmo:
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