sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A nossa troika

Assim como a oligarquia internacional tem os seus angariadores de impostos para os Estados que domina -- no nosso caso a conhecida Troika -- assim esta delega esse incómodo trabalho na nossa troika, encarregada de nos extorquir a nós, ficando com uma percentagem pelo seu serviço.
A nossa troika é muito conhecida, não seria preciso escrever os nomes dos seus actuais responsáveis mas aqui ficam: Pedro Passos Coelho, António José Seguro e Paulo Portas.

Quando vemos a história de Robin Hood, da sua luta contra os angariadores de impostos do xerife de Nothingham, tomamos naturalmente o partido do povo, escandalizamo-nos com a extorsão de quem não pode pagar para alimentar o luxo do xerife. Mas hoje sabemos que a riqueza dos senhores desse tempo pré-industrial pouco passava do dobro da dos seus explorados. Actualmente é centenas ou milhares de vezes a dos seus "colaboradores", nós. E tomamos a coisa como natural!

Isto acontece graças a este sistema de governos representativos que se chama a si mesmo de "democracia". Ele obedece a uma Lei Fundamental que foi criada pelos partidos que escolhemos, depois de termos "refundado" o Estado, em Abril de 1974. Na sua primeira versão, embora "os eleitos" ficassem com o poder, havia um certo pudor. A nossa troika só se instalou meia dúzia de anos mais tarde: tinha os dois terços necessários para a revisão constitucional e "aperfeiçoou" o sistema a seu gosto.
O parlamento, entre nós chamado Assembleia da República, é composto de deputados cuja maioria pertence sempre à nossa troika; e que foram escolhidos pelos citados senhores, pelos gestores das três holdings que representam, localmente, a oligarquia internacional. É um pró-forma, a existência de deputados, eles votam aquilo que os seus chefes lhes ordenam que votem. Veja-se o caso deste deputado da Madeira que, estando ao serviço da nossa troika, votou, pela sua cabeça (bom!, talvez pela cabeça do seu chefe regional), contra o projecto de orçamento para 2013: foi devidamente ameaçado e sabe que vai perder o emprego, no devido tempo.

Sim, Sr. Pedro Passos Coelho, primum inter pares da nossa troika, sim! Precisamos, e com urgência, de uma refundação! Precisamos de uma Constituição redigida por cidadãos sem qualquer ligação à vossa troika. Precisamos de refundar a democracia, de rever o relacionamento que temos com a oligarquia internacional -- e o mesmo é preciso que se passe em todo o mundo!
O sistema dá-nos uma ajuda ao "exagerar" na dose de extorsão: há uma grande probabilidade de que se destrua a si mesmo:

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