terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A violência

We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.
Esta deve ser a frase mais conhecida da língua inglesa, faz parte da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América e está no cerne da cultura americana, a qual, sobretudo através de Hollywood, chegou ao resto do mundo.
Django Libertado, o ultimo filme de Quentin Terantino, põe-nos em contacto com o inconsciente colectivo, o que caracteriza a arte -- uma opinião, claro, falta saber se ele faz isso em culturas não ocidentais. Porque a arte se caracteriza por conseguir falar com todo o género humano.
Que um filme sobre a violência (a qual está a aumentar, no mundo) crie emoções estéticas, é Obra! O homem faz o filme como lhe apetece e sai Arte! (não sairia se não viesse de dentro, de quem é, da sua intuição, do seu humor, da sua liberdade, fundamentalmente ...).
É possível fazer uma analogia entre a nossa situação e a dos escravos negros no Sul dos Estados Unidos, no século XIX: sujeitos a violência!
Estamos -- não só em Portugal mas em todo o mundo! -- numa sociedade em que um roubo de milhares de milhões de euros, se cometido por um "branco", um banqueiro/político, ou fica impune ou tem uma sentença, dezenas de anos depois de ter sido cometido, sujeita ainda a variados recursos e sempre inferior à que se aplica, imediatamente, a quem roubar uma caixa multibanco: estamos numa sociedade violenta. As leis não são iguais para todos, quem dispuser de muito dinheiro, de bons advogados (dos que fizeram as leis) está, na prática, numa situação privilegiada: é "branco", beneficia de uma sociedade violenta sobre os "pretos".
A manipulação das nossas consciências, a narrativa que nos é dada sobre a realidade, é uma das formas da violência.
O medo que temos de não estar nas boas graças dos "brancos" ( dos bancos e dos políticos) é outro sintoma de uma sociedade violenta.
A mentira, como a de dizer aos cidadãos que lhes convém privatizar a saúde e a educação, é outro.
O dinheiro, de instrumento de troca, tornou-se instrumento de violência. Estamos a pagar juros milionários de dívidas que nos fizeram, a trabalhar para credores fantasmas cujo propósito é comprar, aos desbarato, os bens públicos: violência!

A forma de sair de uma sociedade violenta -- que é o mundo todo!-- tem que começar por sacudirmos as crenças que violentamente nos teem levado a ter: a crença de que a violência é natural, de que faz parte da "natureza humana", de que não há alternativa... A antropologia mostra-nos que houve sociedades pacificas.
Depois, é crucial compreender que, para acabar com a violência, a não podemos usar!
A transformação que o mundo está a sofrer só será bem sucedida se for pacifica. O cerne do problema é a violência: ela não pode fazer parte da solução. 
Se não percebermos isto podemos repetir o erro de há 250 anos: perante a violência do Império Britânico, as colónias usaram a violência, encorajaram os cidadãos a andar armados -- hoje o seu governo está nas mãos de algumas "Corporations", nascidas da competição violenta, que o conseguem forçar a levar a violência financeira a todo o mundo (com guerra!) -- que transformaram o governo do povo na derivada do Imperio Britanico... e está impotente para controlar os cidadãos que, à falta de soldados do Rei de Inglaterra, matam crianças nas escolas... Os soldados do Rei, hoje, que sabemos mais, devem ser levados, pacificamente, a destruir as armas, devem ser seduzidos para a "procura da felicidade" na Paz. Devemos compreender e ajudá-los a compreender que são, como nós, pretos por acaso, pessoas, de nascença!

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