sábado, 26 de outubro de 2013

"O mordomo" (the butler), um filme.

O filme magoa porque o desumano é humano; em algum momento vimos o outro como estranho e, em outro, fomos vistos como estranhos, separados, "coisas".

O mordomo nasce numa plantação de algodão, é feliz mas, um dia, nos anos 20, durante a colheita, vê uma mulher ser morta a tiro, puro capricho do seu "dono" branco. Entre dezenas de pessoas que estão no campo, só o miúdo fala, pede ao Pai que fale. Para os antigos chineses o símbolo do amor era o que um Pai sente pelo filho. O homem critica o seu "dono" e recebe uma bala na testa, diante do filho.
A senhora da quinta, a avó desse arrogante anormal (a actriz Vanessa Redgrave, que bom que ainda viva!) toma conta do miúdo para criado da casa e ensina-o -- é o berço de um mordomo que, na Casa Branca, conhece presidentes desde Eisenhawer até que, morto um filho no Vietnam, se demite e se reconcilia com o outro filho, que sempre lutara pelos direitos civis. 
Foi homenageado por Obama, no fim da vida. Levava uma gravata de John Kennedy, que Jackie lhe oferecera.

É uma história real e a escravatura clássica ainda existe... Mas parece-me mais mortífera para a dignidade humana a forma actual que têm os donos e os escravos nas nossas "democracias", inconscientes, uns e outros, manipulados  por um sistema acéfalo.

O senso comum do nosso tempo aplaude o bom senso dos "Freedom Riders" de 1961 mas só o bom senso do nosso tempo vê a disfarçada e crescente discriminação actual.
Ainda é preciso acelerar a História.

sábado, 19 de outubro de 2013



Um velho calção de banho
O dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
E um arco-íris no ar
Depois na praça Caymmi
Sentir preguiça no corpo
E numa esteira de vime
Beber uma água de coco

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã

Enquanto o mar inaugura
Um verde novinho em folha
Argumentar com doçura
Com uma cachaça de rolha
E com o olhar esquecido
No encontro de céu e mar
Bem devagar ir sentindo
A terra toda a rodar

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã

Depois sentir o arrepio
Do vento que a noite traz
E o diz-que-diz-que macio
Que brota dos coqueirais
E nos espaços serenos
Sem ontem nem amanhã
Dormir nos braços morenos
Da lua de Itapuã

É bom
Passar uma tarde em Itapuã
Ao sol que arde em Itapuã
Ouvindo o mar de Itapuã
Falar de amor em Itapuã


Link: http://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/tarde-em-itapoa-2.html#ixzz2iD9lDuTS

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"It's the economy, stupid!"

Este era o lembrete que Bill Clinton tinha posto em lugar bem visível, durante a campanha eleitoral que o levou a presidente dos E.U. da América, pela primeira vez.
Não se queria esquecer do assunto principal, ele que era advogado, creio, e que temia perder-se em conceitos gerais de Direito. O que interessa às pessoas é como viver melhor, ou, pelo menos, como deixar de ter medo de não ter o suficiente para comer e pagar a renda da casa, com luz e água.

Já passou muito tempo, o sucesso dele, a façanha de quase acabar com a dívida americana, parece irreal, o seu sucessor, George Bush, levou a dívida, de novo, para os triliões, em satisfazendo a indústria de armamento com algumas guerras bem engendradas.
Hoje, há todas as condições para podermos ver que quem tem mais dificuldade em entender a intrínseca perversidade do sistema económico mundial, nascido da revolução industrial, criador de pobreza para todos e de imensa riqueza para raras excepções, são os economistas. Para eles, naturalmente, dinheiro gera dinheiro, sempre assim foi e sempre assim será, e a inteligência e o trabalho humanos não passam de "custos de produção", despiciendos na complexa engrenagem do fabrico de riqueza.
Não é dos economistas que podemos esperar o bom senso de pôr em causa o sistema ao qual dedicaram a vida.
Veja-se o Sr. Presidente da República, ilustre professor de economia, que nos pôs neste caminho de empobrecimento de todos e enriquecimento de raros. Nada leva a crer que se interrogue sobre o erro que foi entregar a soberania a uma moeda na qual não contamos nada, a um Banco chamado Central Europeu e que é independente do poder político, que pertence a privados, dos quais o Deutsche Bank, com cerca de 20%, ele mesmo com donos privados, o Bank of England... ah! -- o Banco de Portugal tem 1,7%, salvo erro, e um administrador (!) mas Portugal, os portugueses, nada têm a ver com as decisões monetárias. Não! Nada nos leva a crer que o Sr. Presidente da República se interrogue sobre o que fez: ele afirmou que nunca se engana e raramente tem dúvidas (embora também tenha afirmado que  raramente se engana e nunca tem dúvidas, coisa bem diferente;-)

O que é interessante é o cidadão comum, intoxicado de complexidades "económicas", já ver, com crescente clareza, quem lucra com elas -- quem tem muito dinheiro para "colocar" a render -- e quem se lixa -- o mexilhão.
Se colocarmos o dinheiro em dívida alemã, perdemos, por ano, zero vírgula qualquer coisa por cento e, se o colocarmos em dívida portuguesa, ganhamos, por ano, cinco vírgula qualquer coisa por cento. Ou seja, os alemães lucram quando se endividam e nós -- perdemos largo. São "os mercados", ninguém controla "os mercados" e eles acham que Portugal tem um risco de "incumprimento" de 15%, calculam tudo. Mas quem levou os ingénuos economistas a endividar Portugal, quem o levou à situação de vender ao desbarato os seus "assets" para pagar os juros da sua crescente dívida, quem lucra com isso, também controla "os mercados", os manipula e às agencias de "rating"... Quando se investiga um crime, e é um crime empobrecer os habitantes do mundo, deve-se procurar quem lucra com isso: e é claro que é a alta finança internacional.

Os pobres governantes também acreditam que é o dinheiro quem cria riqueza, que a inteligência e o trabalho humanos não passam de "custos de produção", despiciendos. Para eles o que é preciso é atrair investimento, daí baixarem o IRC ... e aumentarem o IVA, porque precisam de pagar os juros -- para que haja investimento! Entretanto, a gente empobrecida não compra e as empresas fecham, o desemprego aumenta e os compradores diminuem. O resultado é haver empresas portuguesas a bom preço para "os mercados" fazerem bons negócios. E, outro resultado, nada despiciendo, é a poupança governamental ir diminuindo a qualidade do ensino e da saúde, hipotecando o futuro do país. Hipotecando? Matando a esperança, melhor dizendo.

"It's the economy, stupid!" mas a economia é assunto demasiado sério para ser entregue a economistas!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O único caminho

A oligarquia internacional que vai transformando todos os países em devedores que lhe pagam juros incomportáveis, que vai comprando todos os governantes para que encontrem, vendendo património dos seus países, aumentando os impostos dos seus cidadãos ou cortando nas despesas que lhes competia fazer, a forma de ir pagando esses juros, é inaceitável.
As pessoas vão compreendendo o absurdo do sistema em que estão, em todo o mundo, exploradas de forma crescente -- e acordam para a necessidade de lutar.
Ora a única forma de luta que pode trazer e trouxe, bastas vezes, liberdade e civilização é a não violência activa. Este filme, em castelhano, percorre vários exemplos de lutas sem violência da História e vem compensar a distorção habitual que atribui o progresso às guerras, elas que sempre fizeram o seu exacto contrário:

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Nasser parle de son entretien avec les frères musulmans sur la question...



É claro que isto se passa em 1958, muito antes de a oligarquia internacional ter tratado de criar um inimigo que viesse substituir a URSS, quando ela deixasse de justificar a compra de armamento, pela administração americana, às companhias que o produzem e da qual são um dos pilares.