quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O centésimo trigésimo quarto

Um tibetano deitou fogo ao seu corpo e morreu, ontem.
Sangye Khar, de 33 anos, foi o 134º, nestes anos de ocupação pelo exército chinês.
Não gosto de recorrer às caixas, ou gavetas, prontas para arrumarmos os assuntos, sem neles pensar. Há quem os classifique na dos heróis, quem os classifique na dos doentes mentais… como se pode arrumar as pessoas, sabendo que cada um de nós é exemplar único? E como se pode julgar, como se pode ter essa arrogância?
A dor e perplexidade que causou, à minha geração, o suicídio pelo fogo de Jan Palack, um checo, depois da destruição da Primavera de Praga pelos tanques de Brejnev, em 1968, fez-nos pôr em causa a liderança do PCP na luta contra a tirania política, em que vivíamos. Ideias generosas podem levar à tirania, ficámos a saber. Para sempre.
Em princípio o suicídio é uma violência, está tão errado como pertencer a um exército nacional e matar gente, assim penso. Mas que violência tão grande será a de uma ocupação estrangeira, que leva pessoas a sacrificar a vida?
A Checosloáquia recuperou a soberania, vinte anos depois da humilhação dos tanques em Praga. O Tibete, e todo o mundo, há de ser livre. O processo corre nos nossos espíritos, o respeito pelos outros e por si mesmo é a mesma coisa. O respeito pelos outros povos é o mesmo que o respeito pelo nosso, pela nossa história, identidade, liberdade.
Uma manifestação religiosa em Lhassa
Não há pessoas que valham mais que outras, não há povos que valham mais que outros. A liberdade é um direito, está no cerne da natureza humana.

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