sábado, 26 de setembro de 2015

A guerra é o inferno

São sempre “económicas” as razões da guerra. Financeiras, melhor dizendo.
Aqueles que a premeditam, à procura do lucro, regam as sementes de discórdia, onde as houver. Na Ucrânia e na Síria tentaram lançar os europeus numa guerra com a Rússia; falharam, até ver. Em Paris atacaram o Charlie Hebdomadaire, para lançar os europeus contra o Islão; falharam, até ver. Fizeram aparecer o Estado Islâmico, para que uma invasão de refugiados na Europa a levasse a mandar tropas para o Curdistão…
Quando, como hoje acontece, permitimos que o poder “económico”, digo, financeiro, controle o poder político e quando este se desliga dos cidadãos, a guerra é um risco real.

Os heróis são aqueles que combatem a guerra. Porque odiar é mais fácil que amar.
Soldado americano no Vietnam, em 1965, que escreveu no capacete “WAR IS HELL”, “a guerra é o inferno”.
Et toi, maman, essuie tes larmes


Estaremos a ser manipulados para aceitar a guerra? Serão os nossos preconceitos o que nos impede de estudar assuntos como este?


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Indignação com a corrupção

Somos um povo de brandos costumes, como soi dizer-se. Respeitamos, com bondade, os oportunistas que são a maior parte dos nossos “políticos” mas, por muito tolerantes que sejamos, já mostrámos que também sabemos indignarmo-nos, embora muito mais tarde que os povos do Norte de Europa.
Este documentário sobre as crianças que morrem de fome em Angola, país riquíssimo, alerta-nos para essa característica da nossa cultura comum: a excessiva tolerância com a corrupção!
A cultura está na língua, é gente como nós, no filme, é uma caricatura do que somos.
A solidariedade com o povo explorado de Angola é um dever de Estado. O Estado que temos, corrupto, confunde-a com a solidariedade com os seus irmãos corruptos do governo angolano, que trata como príncipes e deveria tratar como ladrões que são.
Os milhares de milhões que os nossos governos nos roubaram com as PPPs, as obras que foram feitas, durante dezenas de anos, a sete vezes o seu preço, as barragens inúteis e que destroem áreas protegidas, os bancos que roubam e que o Estado vai “salvar”… há quem diga que, não fora a corrupção, não estaríamos com uma dívida de 130 % do PIB, algo que nos impede de viver, de crescer!
A indignação, com toda a compaixão pelos corruptos, a quem falta a dimensão social da personalidade, é, em certas circunstâncias extremas, um dever.
Alguns ministros decentes vão servindo para disfarçar o nosso sistema de dois partidos indesejáveis, que nos vão vendendo a ideia de que a “alternância” é esperança. Não é.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

“Deixemo-nos de brincadeiras” Passos Coelho dixit!

O “debate do ano”, o único entre os dois únicos homens com possibilidade de ser o nosso chefe do governo nos próximos anos foi duro de ver.
Não fora o horror de saber que nos governarão, as gargalhadas seriam expontâneas, nada teria custado assistir.
O chefe do governo, que tem vendido tudo o que tínhamos com valor em Portugal, reconhecendo que tão grande peso de juros não aconteceria se tivéssemos “soberania monetária”, explicou-nos que isso acontecia quando podíamos “fazer batota”, produzindo moeda.
Vê-se bem que, para ele, o privilégio da oligarquia internacional, o de produzir moeda e ficar a receber os juros -- que ele vai buscar aos nossos impostos-- é aceite sem pestanejar. Duvido que saiba que o artigo 123 do Tratado de Lisboa foi votado por deputados eleitos e é (oh!, quão teoricamente!) revogável por novos deputados.
Vê-se bem que sente, em relação à oligarquia financeira, uma lealdade análoga à que os nobres vassalos sentiam em relação ao seu senhor feudal. É, para ele, assunto inquestionável.

E o seu opositor tampouco põe em causa a escandalosa agiotagem a que se submeteram os povos de Europa.
Porém, acabar com o artigo 123, que proíbe expressamente o nosso banco emissor de moeda, o BCE, de emprestar aos Estados, deveria ser o primeiro item do programa de qualquer partido que se propusesse ser governo.
Vivemos imersos numa “narrativa” em que o dinheiro, fabricado do nada pelo BCE e emprestado aos grandes bancos a juros irrisórios, é reverenciado por nós como era Deus, na Idade Média, e as interpretações da Sua vontade que chegavam de Roma.
Diria que precisamos de um Afonso Henriques, que cunhou moeda sem pedir licença a Roma.
Mas, se houvesse antípodas para o nosso primeiro governante, elas eram visíveis ontem, em todos os canais!