O “debate do ano”, o único entre os dois únicos homens com possibilidade de ser o nosso chefe do governo nos próximos anos foi duro de ver.
Não fora o horror de saber que nos governarão, as gargalhadas seriam expontâneas, nada teria custado assistir.
O chefe do governo, que tem vendido tudo o que tínhamos com valor em Portugal, reconhecendo que tão grande peso de juros não aconteceria se tivéssemos “soberania monetária”, explicou-nos que isso acontecia quando podíamos “fazer batota”, produzindo moeda.
Vê-se bem que, para ele, o privilégio da oligarquia internacional, o de produzir moeda e ficar a receber os juros -- que ele vai buscar aos nossos impostos-- é aceite sem pestanejar. Duvido que saiba que o artigo 123 do Tratado de Lisboa foi votado por deputados eleitos e é (oh!, quão teoricamente!) revogável por novos deputados.
Vê-se bem que sente, em relação à oligarquia financeira, uma lealdade análoga à que os nobres vassalos sentiam em relação ao seu senhor feudal. É, para ele, assunto inquestionável.
E o seu opositor tampouco põe em causa a escandalosa agiotagem a que se submeteram os povos de Europa.
Porém, acabar com o artigo 123, que proíbe expressamente o nosso banco emissor de moeda, o BCE, de emprestar aos Estados, deveria ser o primeiro item do programa de qualquer partido que se propusesse ser governo.
Vivemos imersos numa “narrativa” em que o dinheiro, fabricado do nada pelo BCE e emprestado aos grandes bancos a juros irrisórios, é reverenciado por nós como era Deus, na Idade Média, e as interpretações da Sua vontade que chegavam de Roma.
Diria que precisamos de um Afonso Henriques, que cunhou moeda sem pedir licença a Roma.
Mas, se houvesse antípodas para o nosso primeiro governante, elas eram visíveis ontem, em todos os canais!

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