segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Indignação com a corrupção

Somos um povo de brandos costumes, como soi dizer-se. Respeitamos, com bondade, os oportunistas que são a maior parte dos nossos “políticos” mas, por muito tolerantes que sejamos, já mostrámos que também sabemos indignarmo-nos, embora muito mais tarde que os povos do Norte de Europa.
Este documentário sobre as crianças que morrem de fome em Angola, país riquíssimo, alerta-nos para essa característica da nossa cultura comum: a excessiva tolerância com a corrupção!
A cultura está na língua, é gente como nós, no filme, é uma caricatura do que somos.
A solidariedade com o povo explorado de Angola é um dever de Estado. O Estado que temos, corrupto, confunde-a com a solidariedade com os seus irmãos corruptos do governo angolano, que trata como príncipes e deveria tratar como ladrões que são.
Os milhares de milhões que os nossos governos nos roubaram com as PPPs, as obras que foram feitas, durante dezenas de anos, a sete vezes o seu preço, as barragens inúteis e que destroem áreas protegidas, os bancos que roubam e que o Estado vai “salvar”… há quem diga que, não fora a corrupção, não estaríamos com uma dívida de 130 % do PIB, algo que nos impede de viver, de crescer!
A indignação, com toda a compaixão pelos corruptos, a quem falta a dimensão social da personalidade, é, em certas circunstâncias extremas, um dever.
Alguns ministros decentes vão servindo para disfarçar o nosso sistema de dois partidos indesejáveis, que nos vão vendendo a ideia de que a “alternância” é esperança. Não é.

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