segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Museu de escultura ao ar livre

O escritório do Arquitecto Alvaro Siza, em colaboração com Eduardo Souto Moura, projectou um edifício, ligado ao Mosteiro, para apoiar o Museu de Escultura ao Ar Livre, que se distribui pelos jardins de Santo Tirso.
O enorme brasão da Ordem Beneditina, que domina o alçado sudoeste do Mosteiro, deve ser a primeira “escultura ao ar livre” de Santo Tirso. Só ali, a rematar o edifício, num alçado simétrico, a podemos sentir em harmonia com a envolvente, natural, gostemos ou não do barroco “bracarense”. 
Mas estas construções degradam-se, se lhes não for dada outra função, idos os frades. A Câmara funcionava ali, quando eu era pequeno, antes de ter subido para casa própria, nos anos 50. E, creio que ainda no século XIX, tinham ali criado uma porta, com a imponência possível, para não terem que descer e tornar a subir -- era funcional. 
Mas lembro-me de como aquela entrada, que destruía a simetria e “desproporcinava” a dita escultura, me parecia horrenda, pretensiosa e disforme, lembro-me de me sentir envergonhado mesmo, porque os visitantes gabavam a vista do parque, para a Igreja e para a outra margem, e ali estava aquilo, impossível de esconder. 
O museu Abade Pedrosa continuou a usar essa entrada, por ser funcional, e só agora arquitectos caridosos a retiraram, restaurar é ser cristão!

O novo edifício só toca o Mosteiro num ponto, contrasta a sua simplicidade e assimetria com ele -- e respeita-o. 

Espero que abra brevemente, será a terceira obra de Siza Vieira em Santo Tirso. Talvez poucos conheçam a primeira, a casa para o irmão, que trabalhava na Fábrica do Arco, um herói que deixou aquele rapazito projectar uma casa cheia de ângulos agudos, quase inabitável -- mas que lhe deu asas!

A casa da eira, ao fundo
Haverá miúdos que sofrem ao ver as portas de vidro e o betão da cobertura da casa da eira da Escola Agrícola (e os acrescentos)? Conheço muitos graúdos que sim! Era o mais belo edifício de Santo Tirso, uma maravilha da arquitectura do milho, uma história de etnografia em pedra. Foi um crime, a reconstrução -- não sei quem foram os responsáveis mas trataram-no sem caridade alguma!
Sou optimista e creio que os sofredores não terão que esperar 60 anos por  algum arquitecto caridoso e afortunado o suficiente para poder ir contra o senso comum. O senso comum já era!

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