Trabalhos encomendados pela Organização das Nações Unidas, já aqui referidos, deram-nos a conhecer, há anos, que o investimento na saúde é aquele que tem maior impacto para tirar um país do subdesenvolvimento, para aumentar a riqueza e o bem-estar de todos. É o investimento prioritário.
A média dos países europeus, ainda baixa, é de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para a saúde. O nosso está bastante abaixo da média, sobretudo desde que o governo anterior escolheu sacrificar o futuro de Portugal para obedecer aos “mercados”. Acontece que o nosso PIB é muito baixo e o orçamentado para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é insuficiente; este teria que ser, para evitarmos o subdesenvolvimento, uma percentagem do PIB superior à média europeia de 6,5%. Mas o bastonário limitou-se a pedir esses 6,5% do PIB, para evitar o colapso do SNS.
Os “mercados”, que controlam a informação, não se cansaram de nos dizer que havia corrupção no SNS, desvios dos dinheiros públicos; e de sugerir que as clínicas privadas, inacessíveis aos mais pobres, seriam a “solução". Pois bem, controle-se a corrupção -- como tem sido feito -- mas não se junte uma nova perda de verbas, cortando ao orçamento do SNS. Em vez de ser uma "solução", as insuficiências orçamentais têm levado, por exemplo, o SNS a contratar médicos privados para funções indispensáveis -- por três vezes mais que o que custam no SNS. Não se chama a isto estupidez, chama-se gestão danosa! É o cínico argumento da poupança usado para desviar dinheiro público para as clínicas privadas, para os seus accionistas.
A desigualdade de rendimentos está estatisticamente relacionada com todos os problemas sociais – doenças, número de homicídios, de presos, etc -- e isto foi demonstrado há mais de sete anos. Combater a desigualdade de rendimentos é o assunto prioritário de qualquer política, de esquerda ou de direita. Ora, pedir aos cidadãos que façam um seguro médico é aumentar a desigualdade e é faltar ao respeito pela Constituição, erro que a “geringonça” já deveria ter corrigido – deveria ter reposto as verbas para a saúde no primeiro dia, porque se trata do mais importante, simplesmente.
O Bastonário da Ordem dos Médicos repetiu a mensagem com clareza, para acordar cidadãos e governantes adormecidos. Oxalá consiga, merece o nosso apreço e gratidão.

Sem comentários:
Enviar um comentário