sexta-feira, 23 de maio de 2008

Desinformação

Dois dias depois do último post, em que sugiro que o poder local está desactualizado, que ainda usa, para fazer censura, a intimidação, quando já estamos no tempo da desinformação, este blog deixou de ser encontrável no Google!
Ora o que se não encontra no Google, não existe, no internet, praticamente.
Tenho que tirar o chapéu à censura local, ela está na era da desinformação! Deve ter sido por hábito antigo que recorreu à velha intimidação. Bom! Talvez isso queira dizer que vai ser possível, de novo, publicar em "O Jornal de Santo Thyrso"? Aumentando ainda mais as páginas de anúncios e pondo o artigo lá perdido no meio?
Este anúncio é a minha pequenina tentativa de não deixar o blog morrer, soterrado em futebol:
Technorati Profile

terça-feira, 20 de maio de 2008

Da importância da censura

A liberdade de expressão é coisa recente e frágil. Nas sociedades antigas a censura estava dentro da cabeça das pessoas, cabeças pelas quais não passaria a ideia de pôr em causa as regras de funcionamento das sociedades em que viviam. Se passasse seriam consideradas loucas e não seriam compreendidas, nem sequer escutadas.

A globalização pôs sociedades dessas em contacto com os “nossos” costumes (bem! sempre temos uma constituição, à míngua de costumes democráticos locais) e a reacção dos que lucravam com a velha ordem foi, por vezes, brutal. Porque a censura é, sempre, uma forma de quem lucra com um sistema se proteger da mudança das regras; é sempre reaccionária, seja a de Stálin, seja a de Santo Tirso. Com a mundialização apareceram coisas tão estranhas como uma escola de jornalismo no Afeganistão democrata, “dominado” pela NATO. Um dos seus alunos está, neste momento, preso e condenado à morte, alegadamente por ter desrespeitado o Corão (o que ele desrespeitou foi uma sociedade que ainda não respeita a dignidade humana).

O fundamentalismo, pretensamente “islâmico”, pode ser visto como uma forma de censura: os cidadãos não se atrevem a pensar de maneira diversa dos que não querem perder o viver a que se habituaram, a submissão das mulheres, o controle da riqueza do país… o terrorismo externo faz parte da forma de aterrorizar internamente desses beneficiários da estrutura tradicional, faz parte da forma de fazer as pessoas terem medo de tudo o que saia dos costumes locais. Usa o Islão, uma religião como qualquer outra, uma religião em que existem pessoas decentes, evidentemente, pessoas que não aterrorizam ninguém.

A intimidação é uma forma muito primitiva de censura (não digo que não seja eficaz!). Na liberal América do Norte pode ver-se o que nos espera e já vai acontecendo entre nós: por exemplo a desinformação. Não sendo possível comprar todos os jornais nem calá-los por outras formas, inunda-se a sociedade com informação que interessa ao poder: água mole em pedra dura… os rapazes do interior dos Estados Unidos foram morrer para o Iraque convencidos que lá havia armas de destruição massiça, porque essa informação se sobrepôs, simplesmente, àquela que mostrou o contrário, que provou a mentira mas que não chegou à maioria das pessoas.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Intimidações

Num país livre, como o nosso, não há censura, ponto final. A intimidação é uma forma, menos clara, dela. O BES e o Expresso convidaram Bob Geldof, aqui há tempos, para fazer umas conferências sobre desenvolvimento sustentável. Sir Bob, personagem controverso, a certa altura, disse que Angola “é gerida por criminosos”; mais disse que “uns poucos têm milhões e milhões têm pouco ou nada”.

O Expresso, um jornal que se quer livre, não reagiu mas o BES demarcou-se imediatamente. Porque sentiu o banco essa necessidade? É legítimo pensar que se sente intimidado pelo governo de Angola, onde a produção de petróleo ultrapassou, há pouco, a da Nigéria, onde há muito dinheiro, muito poder; é legítimo pensar que tema perder a sua posição lá (apesar da filha do presidente angolano ser, aí, sua sócia importante). A tentação de usar o poder para intimidar os outros é natural— natural mas inaceitável.

Por sinal Aguinaldo Jaime, ministro-adjunto do primeiro-ministro angolano, reagiu civilizadamente, apenas considerou “injustas” as críticas (que o jornal oficial atribuíra ao whisky). Serão?

Sabemos que, em Abril, o Governo angolano ordenou o encerramento do escritório dos Direitos Humanos da Nações Unidas em Luanda. Sabemos que quase todo o povo vive quase na miséria…

Mas sabemos também que há um esforço real de democratização, que talvez os governantes já não confundam os dinheiros públicos com os seus, como nos velhos tempos da guerra, das fortunas transferidas para a Europa.

Olhamos paternalistamente para Angola, país africano, mas, nas nossas autarquias, não haverá intimidação, não haverá medo de dizer o que possa incomodar o poder? Este blog, onde quem quer, incluindo o poder, pode publicar tudo, sem censura, recebeu ontem um recado deste, que considerou “injustas” as críticas aqui feitas. Serão?

Há quase dois meses que não aparece um post neste blog mas foi agora, depois de o poder lhe mostrar como poderia ter feito gorar uma sua iniciativa, de interesse concelhio, aliás, que o mensageiro escolhido recebeu e transmitiu o recado. Deve, quem se não demarcar claramente do que aqui for dito, temer represálias? Ficarão os angolanos assim tão atrás, em subtileza, na intimidação censória?

Vou perguntar a quem foi intimidado se me permite que conte a história. Se não permitir confirma a intimidação, confirma que continua a haver censura em Santo Tirso.

E o que se não pode permitir é que haja medo de falar, no Portugal de Abril.

P.S.: Se o poder me quiser intimidar não incomode intermediários, “não é bonito”! Nem “justo”. Só eu devo sofrer as consequências da minha lealdade à Declaração Universal dos Direitos Humanos e, no caso deste blog, à causa da liberdade de imprensa.

P.S. 2: Não sou do PSD :-)