domingo, 20 de dezembro de 2009

O Falhanço de Copenhage

Diante de um copo meio cheio de (bom!) vinho, o pessimista diz que está meio vazio e o optimista que está meio cheio. Os governos dos países mais desenvolvidos, que têm facilmente acesso ao grande capital quando se trata de salvar o capitalismo, não o tiveram para salvar o planeta.
É verdade, o acordo não é suficiente para chegarmos a uma atmosfera segura, ou seja, com menos de 350 partes por mil de CO2

Mas lá chegaremos! O movimento mundial de milhões de cidadãos que lá querem chegar não vai parar! Exigirá do capital que sirva para salvar o planeta.
Tirando as manifestações em todas as cidades do mundo para que não começasse a guerra do Iraque, este é o primeiro sinal da globalização da opinião pública, as pessoas a pedir aos poderosos que ajam bem, em todo o mundo, ao mesmo tempo. Falhámos, é certo. Mas “o povo é quem mais ordena” e, no próximo ano, a pressão pela sobrevivencia continuará, vamos ter um Verão quente—um Inverno quente, no Hemisfério Sul! Começa em Bona, a 31 de Maio de 2010.



Aconselhava o professor Agostinho da Silva a, “das dificuldades, tirar vantagens”. Pois pode-se considerar uma vantagem o aumento da consciência global de que o sistema económico precisa de ser profundamente transformado. De que enriquecer não é o supremo desígneo deste primata de última geração que somos. Para já trata-se de tornar real o direito à sobrevivência de todos, incluindo as gerações futuras.

Só este despertar da consciência global poderá impedir os políticos eleitos de continuar a gastar os recursos disparatadamente, como o milhão de euros que a Câmara de Paredes (PSD) vai gastar a fazer um mastro de 100m para uma bandeira. As dívidas nada preocupam as Câmaras, convencidas que o que os eleitores querem é obra, betão armado. Em Santo Tirso (PS) um milhão de euros é feijões. Aliás seguem o exemplo do governo central, que anunciou recentemente que vai gastar biliões a fazer uma linha de combóio inútil. Note-se a manipulação habitual da opiniáo pública: logo depois de anunciar esses gastos inoportunos anunciou ter feito a lei que permite casamentos entre pessoas do mesmo sexo (aliás não fez mais que cumprir a Constituição, direitos iguais para todos, não pode haver discriminação por orientação sexual). Entretida a opinião pública com um assunto agendado para este momento para a entreter, ela afasta a atenção dos gastos de dinheiros públicos, assunto difícil, não somos um povo muito dado a fazer contas!
Obama não é um Messias, claro, será, quando muito, um S. João Baptista, que prepara o caminho para a grande transformação estrutural que só as pessoas poderão forçar a acontecer.
Como todos os governantes, é “governado” pelo capital, o qual, por sua vez, não é “governado” por ninguém, é ingovernável. Mas suspeito que Obama gostaria que o interesse público, pelo menos, o controlasse. Como todos os democratas.

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