domingo, 31 de janeiro de 2010

A beleza que lemos e relemos
nos versos perfeitos de um poema antigo
que parece palpitar, vivo
E dito, redito, nos não cansa, nunca

Será ela possível num poema novo
que fale como nós, desencontradamente?

Também hoje sentimos (sem ter tempo disso)
Também hoje (por vezes) achamos as palavras

mas falta ao presente a distância inacessível
aquele véu de encanto e de mistério
que o longe, por ser longe e não poder ser nosso,
tem.

À porta de casa, porém,
abertos os olhos que a dor fechou,
mora o encanto, ao Sol do meio-dia,
aqui, agora, reencontradamente,
mora!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Época de caça


Está aberta a caça ao lixo. Ontem houve mais uma reunião de Limpar Portugal no Pavilhão Municipal de Santo Tirso (falhei esta). O número de pessoas que se inscrevem para participar, a 20 de Março, tem aumentado cada vez mais depressa.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Vamos limpar Portugal! (reunião de 8 de Janeiro)

Vamos "Limpar Portugal" é uma organização que nasceu num forum do internet a partir do exemplo da Estónia, onde as florestas foram limpas num só dia, com o trabalho entusiasmado de uma grande percentagem da população.

Ontem houve uma reunião dos voluntários tirsenses (já é a quarta), no Pavilhão Municipal, às 21:00; estas reuniões têm acontecido em todos os Concelhos do País e é de esperar que os participantes aumentem exponencialmente até ao sábado, 20 de Março, em que vamos limpar Portugal num só dia. Porém ainda não há gente de todas as freguesias e é importante que apareçam, para coordenar, em cada freguesia, o esforço colectivo. Inscreva-se!

Marca de ter nascido no internet é o seu carácter descentralizado, responsabilizando toda a gente, usando as contribuições de todos, velhos e crianças, homens e mulheres, instruídos e analfabetos, ricos e pobres. Isto é mesmo para ir limpar Portugal, no dia 20 de Março!

A Universidade de Aveiro está a fazer um programa de computador (mais duas semanas!) que ajudará muito a localizar e caracterizar, no GoogleEarth ou equivalente, todas as lixeiras na floresta. Entretanto trata-se de as publicar no site, com latitude e longitude e uma só fotografia (para não complicar). Quem tiver um GPS está convidado a passear pelos montes, a pé, de biciclete ou de Jeep, só ou com ajuda para fotografar e tirar notas.

Tiago Orlando, coordenador de Santo Tirso e da área do ambiente, explicou-nos que o entulho das obras é o que tem menor impacto ecológico e que, por vezes, é misturado com a terra quando são feitas plantações. Porém o impacto no ambiente enquanto paisagem, o desgosto que dá ao caminhante mede-se em toneladas. Acontece porque os empreiteiros não sabem onde o deitar. Na reunião estava um representante da Câmara que nos informou que o aceitam, agora de graça, em Covelas. São precisos mais sítios, sugiro pedreiras abandonadas, em que haja licença oficial para despejar entulho.

Já há empresas que aceitam tratar de lixos específicos, como os pneus ou o metal; todas as contribuições são bem vindas, como divulgação, para já, ideias, contactos com empresas--excepto dinheiro, uma opção da organização. Haverá contentores, em cada freguesia, onde o lixo depositado a 20 de Março aguardará ser recolhido por empresas ou organismos oficiais; Há que ser optimista e imaginar que é possível fazê-lo chegar ao seu destino final no próprio dia! A nós, portugueses, basta-nos imaginar que estamos no Luxemburgo para nos tornarmos super-eficientes e organizados :-) Oxalá a doença indígena da burocracia se mantenha afastada desta iniciativa generosa!


Do ponto de vista simbólico não imagino melhor que esta iniciativa de Limpar Portugal. É preciso, faz-se! Fazemos todos, não nos interessa ganhar dinheiro nem prestígio, interessa-nos limpar Portugal. E é precisa toda a gente, o lixo acumulado já é mais que muito!

Por outro lado terá um efeito pedagógico, serão criadas mais lixeiras controladas e geográficamente bem localizadas e ninguém poderá continuar a poluir a paisagem sem se sentir envergonhado.


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Auto-crítica

Todos conhecemos pessoas para quem a verdade não interessa. Para entendermos isso basta vermos que há verdades que nos não interessam muito, diga-se a verdade! Mas porque é que isso acontece?

Creio que quanto mais uma pessoa se identificar com um grupo, uma filosofia, uma religião, um partido, um clube de futebol, mais lhe custa interessar-se pelas verdades incómodas sobre o seu grupo. O fanatismo é apenas um exagero disto.

No extremo deixamos de conseguir entender o ponto de vista de quem não concorda com o nosso e tendemos a tomar por "A Verdade" coisas que, se fossemos isentos, perceberíamos que não passam de opiniões, quiçá, mesmo, de mentiras, ou "inverdades" como soi dizer-se nestes tempos de português televisivo.

Mais creio que nos integramos num grupo para nos protegermos uns aos outros, dentro do grupo, ou seja, estamos à procura de segurança, a segurança que vem de conviver com quem pensa como nós, a segurança de validar mutuamente as nossas convicções -- creio que os grupos são grupos de pessoas que têm medo de estar sozinhas.

Dir-me-ão que também o amor, não só o medo, nos faz pertencer a um grupo. É verdade, mas, ao vermos ou ao imaginarmos o nosso grupo a ser atacado, lá se vai a objectividade, a procura da verdade. Tenha a emoção origem no medo ou no amor, a defesa emocionada do grupo acontece. Mesmo aquilo que chamamos ser racional é diferente para cada grupo, para cada maneira de pensar.

Donde o individualismo, o espírito aberto, sem certezas, me parecer ser uma evolução positiva das nossas sociedades. Infelizmente, em risco! O desemprego, as dívidas, quiçá a fome que este ano trará, dar-nos-ão as condições para defender encarniçadamente as nossas convicções, os nossos costumes, dar-nos-ão as condições da guerra.

Treinarmo-nos a imaginarmo-nos na pele do outro, seja ele muçulmano, fascista, chinês, ou qualquer outra coisa parece-me ser o exercício mais saudável para 2010.

Para evitar o risco de defender como "verdades" convicções infundamentadas, demagógicas, que dão jeito ao nosso grupo. Para evitar o risco de deixarmos de nos interessar pela verdade.

A qual não pertence a ninguém. É!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2010, Tempos de mudança

Um dos poucos governantes mundiais que tem estado à altura dos tempos que vivemos é Lula.
Um dos poucos que compreendem que temos que baixar o CO2 na atmosfera para 350 partes por mil, o valor seguro.
Um operário que tem mais bom senso que muitos engenheiros. Dá que pensar.

Entretanto os capitalistas entretêm-se a fazer a torre de Babel:

Este será o ano em que a revolução ecológica em curso será visível para todos. Em que se deixará de falar em "retoma" e se começará a falar em "revolução. Pacífica, espero, é o meu desejo para 2010.
E será pacífica na medida em que os cidadãos deixem de identificar o progresso com a construção civil espectacular e com as luzes da cidade. Na medida em que deixem de ser provincianos e sejam aldeãos, da aldeia global em que vivemos. Com os pés na terra e os olhos no céu, armados com Ciência, em rede, globalmente, acabaremos, um dia, por dar cabo das armas todas e de todas as prisões.