Todos conhecemos pessoas para quem a verdade não interessa. Para entendermos isso basta vermos que há verdades que nos não interessam muito, diga-se a verdade! Mas porque é que isso acontece?
Creio que quanto mais uma pessoa se identificar com um grupo, uma filosofia, uma religião, um partido, um clube de futebol, mais lhe custa interessar-se pelas verdades incómodas sobre o seu grupo. O fanatismo é apenas um exagero disto.
No extremo deixamos de conseguir entender o ponto de vista de quem não concorda com o nosso e tendemos a tomar por "A Verdade" coisas que, se fossemos isentos, perceberíamos que não passam de opiniões, quiçá, mesmo, de mentiras, ou "inverdades" como soi dizer-se nestes tempos de português televisivo.
Mais creio que nos integramos num grupo para nos protegermos uns aos outros, dentro do grupo, ou seja, estamos à procura de segurança, a segurança que vem de conviver com quem pensa como nós, a segurança de validar mutuamente as nossas convicções -- creio que os grupos são grupos de pessoas que têm medo de estar sozinhas.
Dir-me-ão que também o amor, não só o medo, nos faz pertencer a um grupo. É verdade, mas, ao vermos ou ao imaginarmos o nosso grupo a ser atacado, lá se vai a objectividade, a procura da verdade. Tenha a emoção origem no medo ou no amor, a defesa emocionada do grupo acontece. Mesmo aquilo que chamamos ser racional é diferente para cada grupo, para cada maneira de pensar.
Donde o individualismo, o espírito aberto, sem certezas, me parecer ser uma evolução positiva das nossas sociedades. Infelizmente, em risco! O desemprego, as dívidas, quiçá a fome que este ano trará, dar-nos-ão as condições para defender encarniçadamente as nossas convicções, os nossos costumes, dar-nos-ão as condições da guerra.
Treinarmo-nos a imaginarmo-nos na pele do outro, seja ele muçulmano, fascista, chinês, ou qualquer outra coisa parece-me ser o exercício mais saudável para 2010.
Para evitar o risco de defender como "verdades" convicções infundamentadas, demagógicas, que dão jeito ao nosso grupo. Para evitar o risco de deixarmos de nos interessar pela verdade.
A qual não pertence a ninguém. É!
Obrigada. Vou-me entretendo...
ResponderEliminarNão é a primeira vez que visito o seu blog,que considero interessante, embora só tenha comentado hoje :)Quanto aos lapsos de arrogância, parecem-me mais de sensatez e maturidade individual(independentemente da idade)!Bom fom-de-semana!
Gentileza sua;-)
ResponderEliminarBom Domingo!