domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril, sempre!

    Abril é a juventude do ano, o tempo em que tudo é possível. E foi. Quem conheceu Portugal antes de Abril junta-se naturalmente a este agradecimento anual aos generosos militares que trouxeram a Democracia.
    Este ano, depois de agradecermos o derrube do regime anterior, faz sentido pedirmos aos nossos guardiões que protejam a Democracia. Desde sempre que, distraídas e endividadas, as democracias dão lugar a tiranias. Aparece um "protector" do povo faminto, um criador de ordem com "carisma", doença ruim, e as massas --que não o povo! -- levam-no ao poder; breve ele manda para o exílio (ou prende, ou mata!) os que, em vez de o lisonjearem, lhe falarem verdade; e o terror se instala, a tirania.
    Imprevisto, findo Maio, maduro Maio (dentro de um mês e pouco), o mito da nova ordem tentará encabeçar a revolta, o justo sentimento de revolta face aos abusos do poder. Mas a nova ordem terá que ser democrata, terá que estar a favor da liberdade e da dignidade humana, da essência da nossa Constituição de Abril.
    A aliança do povo com o movimento das forças armadas ainda está em vigor e há de ser capaz de chamar à razão os delírios "revolucionários" que possam levar à tirania. Vai fazer 84 anos em 28 de Maio que o golpe militar iniciado pelo almirante Mendes Cabeçadas, um liberal, um democrata, deu origem, afinal, à tirania salazarista, numa situação semelhante à nossa.
    Este ano estamos preparados: 25 de Abril, sempre!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Um artigo de jornal que me fez reflectir

Com a devida vénia, transcrevo um artigo publicado em 15 do corrente no jornal "i":


Ensino superior


Erros de palmatória cada vez mais frequentes entre universitários


Boa parte dos estudantes universitários é incapaz de escrever sem erros ortográficos, encadear um raciocínio com princípio, meio e fim, interpretar um texto ou perceber o que é dito na aula. São os próprios professores a reconhecer que o domínio da língua portuguesa é uma aprendizagem que a maioria dos seus alunos não fez no ensino secundário e ainda não consegue fazer no ensino superior. As dificuldades atravessam os cursos que vão das ciências sociais e humanas às ciências exactas e estendem-se a disciplinas como História, Matemática, Física, Gestão, Jornalismo ou Ciência Política.


Escrita


A incapacidade de usar a língua portuguesa de forma correcta é um "mal generalizado" entre os alunos de todos os anos, avisa Manuel Henrique Santana Castilho, docente da Escola Superior de Educação de Santarém. "São raros os que conseguem organizar um pensamento e escrevê-lo sem incorrecções", diz o professor que ensina Gestão Educacional aos futuros candidatos a professores do 3º ano. Os erros vão muito além da ortografia e da gramática, conta Isabel Ferreira, que dá aulas de Física aos caloiros do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa: "Na generalidade, escreve-se como se fala. Os alunos distorcem as palavras para permitir uma colagem entre a grafia e a fonética."


Oralidade


Pior do que a escrita é a oralidade, esclarece Miguel Morgado do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Quando o desafio passa por verbalizar uma ideia ou expor um raciocínio, as fragilidades triplicam: "Há uma enorme dificuldade de os alunos conseguirem responder a uma pergunta com princípio, meio e fim." Ou uma incapacidade de começar e terminar uma frase, mantendo uma "lógica coerente", desabafa Santana Castilho. O discurso é com frequência atropelado por "frases incompletas sem um fio condutor", explica Isabel Ferreira. Nuno Crato, professor de Matemática do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), acrescenta que, regra geral, o vocabulário dos seus alunos "é pobre" e o raciocínio "vago e disperso".


Se o discurso é incoerente é porque não há um esforço de reflexão: "Logo, as intervenções orais são baseadas no improviso", defende João Cantiga Esteves, professor de Finanças no ISEG, em Lisboa. Expressar uma ideia simples é um desafio que poucos conseguem ultrapassar. "Até nos casos em que peço aos alunos para lerem textos em voz alta, a leitura é apressada sem pausas e com total desrespeito pelas vírgulas e parágrafos", diz João Gouveia Monteiro, professor de História da Idade Média e de História Militar da Universidade de Coimbra.


Interpretar


Ler um texto e saber transmitir o que se retirou dessa leitura é uma habilidade de uma minoria, conta Joaquim Fidalgo, que dá aulas de Jornalismo na Universidade do Minho: "Em regra, o discurso é confuso e há uma tendência para complicar conceitos simples." Prestar atenção ao que o professor diz durante a aula e tomar notas em simultâneo é outra tarefa que poucos conseguem desempenhar, alerta a professora de Física do Instituto Superior de Agronomia. Combater essa limitação passa muitas vezes por interromper a aula e pedir à professora para repetir a frase que acabou de dizer: "Um desafio constante tem sido fazê-los primeiro ouvir, para depois escreverem pelas suas palavras, evitando que se caia num regime de ditado."


Dez minutos é, por outro lado, o tempo máximo que dura a concentração de uma turma, conta João Gouveia Monteiro: "Mais do que isso, os alunos começam a dispersar-se e não tenho outra alternativa senão fazer uma pausa." A estratégia do professor passa por contar uma piada ou pedir a um aluno para fazer um comentário sobre a matéria. Após o intervalo, a aula prossegue sem interrupções durante os próximos 10 minutos. A velocidade com que o programa é cumprido é portanto mais lento, explica o director da Imprensa da Universidade de Coimbra: "Há 15 anos demorava duas aulas para ensinar um módulo, hoje levo o dobro do tempo." 


Aprendizagem


As deficiências na escrita e na oralidade têm consequências na aprendizagem e na avaliação dos estudantes. "Os alunos perdem a capacidade para compreender conceitos complexos", diz Isabel Ferreira, esclarecendo que os que têm mais dificuldades na expressão escrita e oral são "tendencialmente" os que também têm maiores resistências em dominar os conceitos científicos da disciplina. E, ao não conseguirem expressar o raciocínio, correm o risco de serem penalizados na avaliação: "A partir do momento em que não percebo o que querem transmitir, não posso avaliar os seus conhecimentos", diz Miguel Morgado.


Quanto maiores são as deficiências dos estudantes, menor é o grau de exigência dos professores. Miguel Morgado reconhece que se foi tornando mais tolerante com as falhas dos alunos e hoje há erros que já não considera "assim tão graves". João Gouveia Monteiro admite que entre a classe docente há uma tendência para nivelar por baixo: "Eu, por exemplo, no primeiro semestre do ano passado, chumbei 75% dos meus alunos e, mesmo assim, considero que não fui rigoroso." Isabel Ferreira confessa que teve necessidade de tornar a sua linguagem mais básica para poder ser entendida pelos alunos. O nível de exigência foi descendo sobretudo porque os alunos têm deficiências de base não só a português como a matemática e a física: "Seria impensável fazer testes com enunciados de há 15 anos. Os resultados seriam desanimadores." João Gouveia Monteiro usa outro exemplo para defender a mesma ideia. "A classificação de 18 valores numa prova de hoje equivale aos 12 valores de há 15 anos", conclui.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

COMUNICADO da Associação AMAR – Santo Tirso

Recebido por e-mail:

A Associação AMAR – Santo Tirso, recentemente constituída por escritura pública, vai realizar a sua primeira Assembleia Geral no próximo dia 23 de Abril, pelas 21.30 horas, no salão nobre dos Bombeiros Voluntários de Santo Tirso (Vermelhos), com os seguintes pontos da ordem de trabalhos: 1 – Apresentação do logótipo e site; 2 – Definição da jóia de inscrição e quotização; 3 – Plano de actividades; 4 – Assuntos de ordem geral.
Esta associação, cujo núcleo fundador é formado por cidadãos oriundos de todo o concelho, visa corporizar um projecto que tem em vista promover e concretizar o debate sobre o desenvolvimento integrado do concelho de Santo Tirso, através da realização de conferências, seminários, colóquios e outras iniciativas de cariz cultural e social.
Este movimento cívico, que se assume como de acção e de reflexão, tem um cariz apartidário e independente de quaisquer tendências políticas, económicas e religiosas, pelo que pretende ser uma voz plural, com o único objectivo de defender os superiores interesses do concelho de Santo Tirso.


Santo Tirso, 9 de Abril de 2010


A Direcção

sábado, 3 de abril de 2010

Ainda não chegámos à Madeira!

 O "post" anterior mereceu comentários de muitos artistas anónimos e o assunto deles, que o anonimato vem sublinhar, é a liberdade de expressão, aquilo que fez este blog aparecer.
Sem liberdade de expressão não há democracia. A censura, no anterior regime, o medo da PIDE, a tirania, a falta de liberdade, em suma, foi o que fez os portugueses apoiarem efusivamente o 25 de Abril, e foi, igualmente, o que fez os portugueses, que até desejavam o socialismo (e desejam, espero!) não apoiarem os principais obreiros da revolução democrata, os comunistas, por estes se não terem demarcado suficientemente do famigerado Stálin.
Como os salazaristas que se adaptaram à democracia e quiseram participar se juntaram ao PPD e ao CDS (partidos democratas, entenda-se!), o PS foi recebendo os votos de todos os que prezam a liberdade.
Daí que os sintomas de censura vinda do PS, nas vésperas do 36º aniversário da queda do regime que a praticava, nos deixem perplexos.
"Ele" é o secretário-geral que foi eleito com apenas um voto contra, que se zanga com os jornalistas que o criticam, que parece querer intimidá-los, que parece ter tentado comprar as empresas onde trabalham, para os silenciar... e, nas autarquias, como a nossa, as pessoas com medo de represálias, limitando-se a entoar louvores, como o Jornal de Santo Thyrso -- ou mesmo este blog, no seu último "post" ;-)
Ora eu não quero crer que o Partido Socialista se tenha tornado numa caricatura pós-moderna dos regimes de Salazar ou de Stálin, a crítica dos quais está no âmago da sua personalidade política.
Então porque é que os comentários são anónimos, porque é que se vê, de facto, receio de falar? Não estamos em Angola, onde se pode, ainda, apanhar um tiro, ao que dizem!
A minha explicação vem pela História: tivemos três séculos de Inquisição e quarenta ou cinquenta anos de PIDE, deixaram marcas na nossa cultura. Somos nós quem precisa de aprender a ser democrata. Se, de facto, alguém perder um emprego municipal por discordar da gestão concelhia, ou tiver dificuldades burocráticas, ou se perder um negócio, um subsídio, por razões de censura, tem obrigação, como cidadão, de denunciar o acontecimento à Justiça. E à opinião pública -- este blog publicará o caso para os seus parcos leitores, foi criado para isso!
Entretanto, e sempre, temos obrigação de nos comportarmos como homens e mulheres livres. Ainda não chegámos à Madeira!