quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Post" sugerido pelo último comentário.

  A direita está na ordem do dia: a nossa situação tem semelhanças com a da Republica de Weimar, a qual caiu nas mãos de um demagogo que tinha um bode expiatório para oferecer às massas.
Cresci durante o tempo de Salazar e compreendia o pensamento da Revolução Francesa, a Liberdade, Igualdade e Fraternidade mas o pensamento da direita era um mistério para mim. Parecia-me absurdo falar em Deus, pátria e família. Os republicanos não somos contra Deus, somos a favor da liberdade de culto e da falta dele; nem contra a família, apenas propomos alargar a fraternidade para lá dessa fronteira; nem contra a Pátria, só não temos a ingenuidade de pensar que ela valha mais que todas as outras: não quer dizer que a não amemos.
A direita parecia ser o reino das emoções (hoje fala-se em cérebro direito) e a esquerda o da razão (o cérebro esquerdo).
Emoções tão fortes que "justificavam" privar de liberdade os adversários políticos, o haver uma polícia política.

Hoje ouvi Paulo Portas, o representante da direita aceite no parlamento, na televisão. O que ele dizia poderia ter sido dito por um partido de esquerda e fiquei a pensar, mais uma vez... o que caracteriza a direita? Deixo aqui a minha reflexão: o que caracteriza a direita é o não conceber uma sociedade sem hierarquias sociais, temer a falta de uma ordem hierarquizada. Se assim for, as pessoas de direita, que tanto valorizam a coragem, o individualismo, seriam pessoas confusas sem um chefe, um conjunto de valores a que estejam habituados, uma ordem que dê sentido à sua existência. Na roupa, ou na decoração das casas, esses temperamentos escolhem as coisas clássicas porque lhes dão segurança; as novidades incomodam-nos, não se dão ao trabalho, racional, de analisar se a novidade é, ou não, um melhoramento. Mas, quando ela se impõe, aceitam-na em rebanho, tomam-na por um novo clássico... experimentar é que não é com eles.
Sendo assim, neste momento em que a nossa sociedade precisa de mudar, já vi pessoas de direita a defender o governo, suponho que por receio da mudança. E, como a maior parte da população é do P.S., poder-se-ia dizer que Portugal, paradoxalmente, é de direita, neste momento.

Ora o cérebro direito reage emocionalmente, desata a insultar quem não respeitar as hierarquias, não está interessado em pensar, em apresentar argumentos, contra-argumentos, em conversar. Dito isto, embora aberto ao diálogo, confesso temer a previsível mudança para o partido gémeo do PS, o PSD, mas porque se não trata de mudança, porque as emoções são a maior parte da sua história política.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

10-10-10


A 10 de Outubro haverá manifestações em todo o mundo para alertar para a necessidade de derramarmos menos CO2 na atmosfera. Mesmo que a subida de CO2 se deva, também, a causas naturais, é necessário,  para a segurança do planeta, que não ultrapasse 350 partes por mil. Vai em 388 p/mil, numa subida anual ainda mais preocupante que a da dívida externa portuguesa.

Portugueses desta iniciativa global


25-09-2010  O meu amigo "burro que não gosta de palha" enviou-me um comentário por e-mail, em forma de imagem, que aqui se publica:
É apenas justo responder que é de louvar o esforço financeiro de Portugal na criação de fontes de energia alternativa, tanto como são de reprovar os gastos irreflectidos ou, para alguns, com propósitos inconfessáveis, noutras áreas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Soou mais um alarme!

Trata-se de um sintoma alarmante de que a nossa Democracia se esteja a transformar numa tirania, o destino natural das democracias de cidadãos distraídos, como já Platão dizia, na "Republica": "orientados" no seu voto pelo líder do maior partido, um admirador confesso de Sarkozy, os deputados da Assembleia da Republica recusaram-se a condenar a lei racista que apareceu em França, referindo expressamente os ciganos como prioritários nos desmantelamentos e expulsões do país. Note-se que a diplomacia francesa tinha descansado a Comissão Europeia dizendo-lhe que se tratava de uma lei de âmbito geral, ou seja, mentindo.
De facto é preciso ir ao tempo da segunda guerra mundial para encontrar, na Europa, leis discriminatórias como esta. A conivência da maioria dos nossos "representantes" é inesperada e é caso para pensar que nos não representam. Não acredito que o racismo possa ser majoritário em Portugal. O processo como são escolhidos os deputados, nas costas do povo que vão representar tem estes efeitos. É mais que tempo de acordar e de defender a nossa democracia de cair, legalmente, distraídamente, na forma contemporânea da tirania, em que, mais que a intimidação, são usados os novéis processos de "gestão de imagem".

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pediu-me o Notícias de Santo Tirso, quando nasceu, que comentasse ou criticasse o primeiro número, nas suas páginas.
Saudei o aparecimento de um novo jornal, pois não há democracia sem imprensa livre, mas respondi que não saberia criticar um recém-nascido, o qual acarinhamos e no qual só vemos as nossas esperanças. Seis meses depois, já tenho nas mãos um número "normal", o deste mês (que, por acaso, traz uma fotografia tirada do mesmo sítio onde tirei a do cabeçalho deste blog), já posso ter uma visão global e deixar aqui uma crítica, que mantém todo o carinho e esperança que a extrema juventude do jornal inspira.
"10 milhões de euros", sem dúvida uma informação, e relevante; mas o que nos interessa conhecer é o projecto, para avaliarmos se o dinheiro público vai ser bem empregue. A Câmara costuma gabar-se dos milhões que gasta mas o que caracteriza uma boa gestão é conseguir fazer uma boa obra com pouco dinheiro. No interior a informação é vaga, deixa-nos pensar que o jornalista está entusiasmado com a grandiosidade das obras e não tem tempo para se interrogar. De facto é um projecto de urbanismo muito importante, já antigo, cuja apresentação trouxe cá o presidente Jorge Sampaio e que, com a nova ponte, parecia fazer parte de uma estratégia de levar a cidade para a margem Norte. Engano! Como se pode ver na contra-capa do jornal, num artigo sobre a remodelação da praça do Tribunal, a estratégia é continuar a trazer o centro para Sul, lamentavelmente.
"Regenerar" as margens do Ave? Os ecossistemas das margens dos rios estão protegidos por leis internacionais. Tirando as cidades, onde, pontualmente, se toca no rio, não se pode construir a menos de 300 m da margem, salvo erro. Ora um caminho para peões e bicicletes, em contacto directo com a natureza, é uma coisa muito agradável. Mas há que o fazer em madeira, como se tem feito nas dunas da beira-mar, porque as frinchas entre as tábuas permitem ao Sol manter viva a vegetação por baixo do passadiço. O jornal apresenta esta fotografia de uma avenida para peões, em betão armado sobre "pilotis", com o rio ao fundo,

sem mais crítica para além das aspas que coloca em Um "agradável" percurso pedonal e que parece referir-se ao facto de ser palavra inclusa no texto que recebeu da Câmara.
O jornal cumpre a sua missão de informar mas, como digo no texto ao lado, que data do início deste blog, O poder tem sempre meios de nos informar do que faz bem feito. É para discutirmos aquilo que é polémico, que alguns consideram errado, que existe a imprensa local.  Altamente polémico, para mim, é o projecto de construir uma escola/ restaurantejunto ao antigo celeiro da escola agrícola. Se é junto ao edficio da eira, o risco é grande. Esse é, simplesmente, o mais belo edifício de Santo Tirso e mantê-lo enquadrado naquele bocadinho de campo deve ser uma prioridade.
O artigo parece-se com algo que poderia ser encontrado na revista de propaganda da Câmara e isso, para um jornal que se quer independente, é preocupante.
O mesmo se passa com o artigo sobre a remodelação da praça do Tribunal. Informação bem vinda mas escassa, apenas aquilo que o  poder nos quer dar: não estará viciado pela presença da grua, o famoso estudo de tráfego que permitiu a luz verde para uma obra que vai incomodar o mesmo tráfego? Não ficará prejudicado o acesso ao Hospital? Não faria mais sentido gastar esse dinheiro a fazer o Hospital novo, prometido pela ministra do prof. Cavaco e esquecido porque "não há dinheiro"? Não deveriam os tirsenses ter uma palavra sobre o projecto? Este tipo de interrogações é o que me parece ter interesse num jornal local.
Mas não pense o leitor que o jovem jornal vai cair na tentação de ser candidato a subsídios da Câmara, porque ele nasceu para ser independente e sabe bem que, sem independência, os jornais apenas servem para publicar fotografias dos autarcas a inaugurar obras.

sábado, 4 de setembro de 2010

Reflexões sobre a escrita

A diferença entre falar e escrever talvez esteja na liberdade que a escrita dá ao leitor de nos não ouvir. É que, ao contrário dos olhos, que podemos desviar ou, até, fechar, os ouvidos não são de fechar: somos forçados a ouvir o que não queremos, o que, para nós, é ruído e só nos resta fugir de quem fala o que nos não interessa, sair dali!
Daí que, quando falamos, só o possamos fazer enquanto percebemos a atenção, o interesse de quem nos ouve. Mas, com a escrita, falamos mais despreocupadamente: sabemos que não estamos a invadir o espaço de liberdade de ninguém. O leitor que aqui chegou fê-lo em completa liberdade, não foi "violado" pela minha vontade de me exprimir.
Por isso a censura à palavra escrita me parece descabida: quem não quiser ler, não lê, a liberdade de expressão escrita pode ser total. E por isso não apago comentários nem me coíbo de escrever que me custa que não ouçam algumas ideias que parecem tão importantes e que tão poucos comentários suscitaram.
Como a descoberta, cientifica, de que a igualdade de rendimentos é, seguramente, o objectivo principal da actividade política, aquilo que faz as sociedades melhorarem. Como não estou a falar mas a escrever permito-me desafiar o leitor a comentar esse assunto, ao qual dediquei alguns "posts".
As implicações dessa ideia são tantas que ela, decerto, mereceria comentários.
Que sentido faz apoiar projectos políticos que tencionam manter os grandes rendimentos tão pouco taxados, por exemplo?
Como estou a escrever, não a falar, permito-me perguntar ao olhar do leitor, não aos seus incomodados ouvidos, mais uma vez: se temos poucos recursos financeiros e o povo tão mal servido de saúde, educação, justiça, que sentido faz gastá-los em obras caras sacrificando o essencial?
Não lhe peço desculpa por o ter feito ler este chover no molhado porque não fiz: o leitor é que leu:-)