Trata-se de um sintoma alarmante de que a nossa Democracia se esteja a transformar numa tirania, o destino natural das democracias de cidadãos distraídos, como já Platão dizia, na "Republica": "orientados" no seu voto pelo líder do maior partido, um admirador confesso de Sarkozy, os deputados da Assembleia da Republica recusaram-se a condenar a lei racista que apareceu em França, referindo expressamente os ciganos como prioritários nos desmantelamentos e expulsões do país. Note-se que a diplomacia francesa tinha descansado a Comissão Europeia dizendo-lhe que se tratava de uma lei de âmbito geral, ou seja, mentindo.
De facto é preciso ir ao tempo da segunda guerra mundial para encontrar, na Europa, leis discriminatórias como esta. A conivência da maioria dos nossos "representantes" é inesperada e é caso para pensar que nos não representam. Não acredito que o racismo possa ser majoritário em Portugal. O processo como são escolhidos os deputados, nas costas do povo que vão representar tem estes efeitos. É mais que tempo de acordar e de defender a nossa democracia de cair, legalmente, distraídamente, na forma contemporânea da tirania, em que, mais que a intimidação, são usados os novéis processos de "gestão de imagem".
"It's the economy, stupid!"
ResponderEliminarConcordo consigo, meu caro amigo. Soou, de facto, mais um alarme. e nós a vê-los passar, constantemente... Haverá razões que a razão desonhece? Acredito que sim. Para o burro que não gosta de palha, é a economia e, digo eu, a lei da economia. São os emigrantes portugueses que estão em França? Não? O que é então? Saudações tripeiras do Francisco.
ResponderEliminarOntem, ao passar de carro num lugar onde a estrada estreitecia e passava a ter menos uma facha, vi o outro carro a aproximar-se da minha facha de rodagem; depois reflecti e percebi que, para ele, eu me estava a aproximar da facha de rodagem dele. A xenofobia é a falta de visão de conjunto, é a incapacidade de nos vermos na situação do outro: eu estava dentro das regras, na minha facha, e o outro vem-se meter nela! Exactamente o que o outro poderia sentir.
ResponderEliminarA novidade, se nos faltar a flexibilidade, pode trazer medo; e uma das formas de reagir ao medo é intimidar o outro: os mais "fortes" são os mais medrosos. Sarkozy aproveitou-se do medo dos franceses para reganhar popularidade, a popularidade é o seu valor, é o que os políticos populistas valorizam. No caminho desvalorizam princípios fundamentais, os direitos humanos, a ideia de que os fins não justificam os meios, a ideia de que não se faz aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem... o respeito pelo outro, pela sua dignidade.
As culturas nómadas têm tanto direito a existir como as sedentárias. Antigamente havia muitos espaços maninhos, sem dono, onde se podia acampar. Hoje pensamos que a natureza nos pertence e cada m2 tem o seu dono, encarregámos o Estado moderno de defender a propriedade e esquecemo-nos dos direitos dos nómadas.
Mas, nos princípios em que se baseiam os nossos Estados modernos, estão, claramente, a liberdade, o respeito, o direito de todas as culturas a coexistir com a mesma dignidade: temos que recriar os maninhos!
Felizmente há sinais de que o tiro de Sarkozy lhe saíu pela culatra: há manifestações anti-racistas por toda a Europa. Uma Civilização não se deixa destruir assim, durante o sono. Estamos a acordar e a ver o perigo de sermos geridos por gente populista sem ideias, só com a forma da embalagem delas. O rei não vai nú: só tem a roupa de rei, para apresentar, como curriculum para o cargo :-)
Deveríamos promover a criação da CEPLOP (*) e "esquecer-mo-nos" um pouco da UE (ex-CEE).
ResponderEliminarTudo poderia começar com um torneio anual de futebol entre os campeões dos países integrantes da CEPLOP.
(*) CEPLOP - Comunidade Económica dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Uma comunidade baseada nos afectos.
Nada contra o torneio de futebol, esse "mito menor", mas deveríamos começar por abrir, unilateralmente, as fronteiras a todos os falantes de português. Pode ser que fossemos imitados e é uma tolice pensar que quem vem trabalhar empobrece o Pais. Muitos viriam estudar e as instalações das nossas escolas estão a crescer:-) enquanto o numero de alunos diminui.
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