sexta-feira, 22 de abril de 2011

O dia da Terra: 22 de Abril

Foi em 22 de Abril de 1970 (há 41 anos) que, quase sem organização, aconteceu o primeiro dia da Terra, nos Estados Unidos da América (Earth Day). A ideia tinha "raízes de erva" (grassroots), como dizem os americanos quando uma ideia acerta numa preocupação da comunidade; foi o caso da eleição de Obama e foi o caso do nosso 12 de Março, 300 000 pessoas nas ruas de Lisboa a protestar pacificamente. Note-se que, nestes exemplos, está a preocupação com a Terra!
A preocupação com a saúde do planeta existe nos jovens (já não é fantasia hippie da minha geração, como era considerada) e muitas organizações apareceram entretanto, muito foi feito -- mas a dita saúde tem piorado, muito falta fazer, uma revolução, quiçá!
Cabe aqui saudar o aparecimento do PAN, o partido pelos animais e pela natureza, cuja cabeça de lista é Paulo Borges, ligado à Nova Águia. A Terra não é de direita nem de esquerda, antes pelo contrário!

A ideia de que a esquerda e a direita são conceitos ultrapassados apareceu com a queda do muro de Berlim e não foi partilhada pela esquerda. De facto a sociedade tem forças de mudança e outras conservadoras: em política há esquerda e direita! A preocupação ecológica faz parte da esquerda, neste sentido de mudança, e, neste sentido, o príncipe de Gales, por exemplo, um conservador, é de esquerda. Assim como a despreocupação da China, ou dos russos que esconderam a tragédia de Chernobyl, é de direita. Mas só salvaremos o planeta deixando para trás a "sociedade de consumo", criando outras estruturas económicas, ou seja, com mudança, coisa de esquerda! Hoje, já é bem claro que a destruição do planeta e das espécies, que se tem passado, tem a ver com o lugar cimeiro dado ao lucro nas sociedades.

O nosso planeta, na sociedade global que começou com a viagem do Gama e vai muito adiantada, é um assunto político, porque a pólis, a cidade, passou a ser Gaia, a Terra. E a nossa responsabilidade de tomar conta dela, enquanto não aparece a democracia directa, é exercida pelos nossos representantes eleitos, os políticos.
Vai daí que os não podemos demonizar, precisamos muito deles! 

Creio que um bom político deve representar, o melhor possível, quem o elegeu; portanto deve meditar bem, quando vota na assembleia, se quem o elegeu votaria assim. Enquanto os políticos não forem eleitos pessoalmente mas em listas partidárias, essa meditação deve ser feita à luz do seu programa eleitoral. Tomemos como exemplo aquilo que deu origem a este blog, em 2007, a votação da nossa Assembleia Municipal no sentido de vender um espaço público para lá ser construído um Hospital Privado. A cada um dos eleitos dessa Assembleia competia procurar, no programa eleitoral do seu partido, se lá estava o propósito de contrariar o espírito das leis sobre os espaços públicos previstos nas urbanizações, qual seria o sentido de voto dos seus eleitores; se eles quereriam cumprir o desiderato constitucional de criar serviços de saúde tendencialmente gratuitos ou se tinham votado num partido dito "liberal". Imagino que, mesmo um membro da Assembleia eleito pelo CDS, se meditasse no assunto, na doutrina social da Igreja, poderia descobrir que não compete à Câmara apadrinhar as iniciativas privadas à custa dos espaços públicos, que os seus eleitores também quereriam, naquele espaço, algumas árvores, um parque infantil, quiçá algum estacionamento... 
Mas é isto que temos! Três anos e meio depois, temos um terreno que faz parte da política de especulação imobiliária do partido socialista no nosso município. São os políticos que temos, têm que servir para o efeito de nos representar! Mas podemos -- e devemos!-- chamar lhes a atenção para as suas distracções.

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