segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Se é chocante que os dois partidos que nos têm governado façam orçamentos sempre de valor total superior aos recursos anuais (este ano nove biliões acima, que serão para juntar à nossa divida, a qual nos fica anualmente por seis biliões de encargos orçamentados), muito mais chocante é que não cumpram a Constituição no que diz respeito à posição de Portugal no mundo: defendemos claramente o direito dos povos à auto-determinação, contribuimos orgulhosamente para a independência de Timor-Leste, por exemplo.
A subserviência em relação aos Estados Unidos da America quanto à posição sobre o pedido da Palestina ao Conselho de Segurança para ser reconhecida como Estado é vergonhosa. Portugal faz parte, temporariamente, do Conselho de Segurança da ONU e é natural que a Palestina, conhecedora da nossa Constituição, esteja a contar com o voto favorável de Portugal. As declarações do nosso primeiro-ministro, em Nova York, envergonham o país.
Uma coisa é ser subserviente, na Europa, aos mais fortes, consequência da embaraçosa situação financeira em que, irresponsavelmente, o bloco PS/PSD nos deixou cair; outra é não honrar os nossos compromissos internacionais, designadamente o nosso desígnio de apoiar a libertação dos povos.
Demos a este governo o encargo de governar (eventualmente o direito a nos levar à miséria)-- dentro da Constituição! Não lhe demos o direito de nos desonrar!

4 comentários:

  1. Subscrevo inteiramente!! Mas a verdade é que os sucessivos governos, para além de nos (des)governarem, insistem quase sempre em nos envergonhar nessa matéria, não sendo nunca capaz de ter uma posição digna, ou seja, contrária aos EUA... desilusão em cima da própria desilusão que o Obama nos ofereceu... Abraço

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  2. Obrigado por comentar.
    Não julgo Obama nem sequer o povo americano, que elegeu os republicanos do Congresso e do Senado. Apenas reforço a minha convicção de que as nossas democracias, criadas pelos que, na América, são chamados de "Pais Fundadores", atingiram o seu limite de validade. São, actualmente, a forma de legalizar uma oligarquia financeira internacional. Quanto mais depressa compreendermos isto, quanto mais depressa tomarmos consciência de que os nossos "representantes" não foram escolhidos por nós mas pela oligarquia, mais depressa aparecerá uma --ou várias -- formas de "reinventar" a democracia. Creio que o Internet fará parte do novo sistema. Mas não sei como ;-)

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  3. O "saber como" estará dentro de cada um de nós. Porque se não estiver, não existirá!

    Assim como poderá estar a alternativa à actual democracia dentro dela própria, caso a queirámos!

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  4. Obrigado por comentar, caro Anónimo.
    "Caso a queirámos", diz? É claro que queremos, os anti-democratas são minoria... o que não sabemos é como dar a volta a um sistema que transformou os partidos em sociedades com acções, cotações e que fazem investimentos eleitorais. Chegar ao governo é a oportunidade de distribuir dividendos!
    Se, "dentro de si", sabe como sair disto, diga, s.f.f.!

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