quinta-feira, 17 de maio de 2012
As limitações da censura contemporânea
Este documentário passou na RTP2 -- às duas da manhã;-)
O livro com o mesmo nome, e a partir do qual este filme foi feito, documenta melhor a promiscuidade entre o Estado Português e as grandes fortunas, desde sempre.
Portugal é o pais europeu em que a desigualdade de rendimentos é maior, talvez ultrapassado nesse defeito pela Inglaterra. O que seria de esperar do Estado democrático seria que atacasse frontalmente esse problema, sobretudo desde que sabemos as suas implicações.
Porém, não se trata de um Estado democrático, embora o seja, aparentemente, na forma. Trata-se de uma oligarquia cada vez menos bem disfarçada que, sempre que há uma crise internacional, como a de 1929, reage indo reaver as suas perdas aos que dependem dos seus salários e poupando-se a si mesma os "sacrifícios". Os donos de Portugal são muito pequeninos no sistema monetário/financeiro internacional e não estão acima das crises: mas têm à sua disposição o Estado, fazem as leis.
A dificuldade que temos em tomar consciência de que o Estado está nas mãos de uns poucos, de que os protege objectivamente, talvez tenha a ver com a nobreza do nosso povo, com o intrínseco respeito pelo seu semelhante. Abominamos a inveja, achamos que a riqueza dos outros não é assunto nosso -- e não é.
Mas o Estado democrático é assunto nosso. E que ele esteja ao serviço de uns poucos é responsabilidade nossa. Devemos aos nossos compatriotas a criação de um Estado em que haja fair play, a criação de uma democracia.
Os programas de computador que decidem e efectuam transacções nas bolsas de todo o mundo, automatica e instantaneamente, devem ter contribuído para que o sistema monetário/financeiro mundial tenha saído do controle daqueles que o criaram e esteja em falência. Creio que, simplesmente, já não é possível adapta-lo ao nosso tempo, que um outro terá que aparecer.
Entretanto, no nosso cantinho, a partir de alguns exemplos indisfarçáveis, como a EDP ou a CGD, que sabemos que se financiam com o nosso dinheiro e cujos lucros nos não cabem, vamos percebendo a oligarquia. É indecente que sejam sacrificados apenas os mais pobres e isso cria indignação. O paradoxo é termos, os indignados, como aliados, os capitalistas inteligentes, os quais compreendem que, sem poder de compra da população, as falências das pequenas (e de grandes!) empresas continuarão a aumentar.
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Mais palha! Já sabemos que estamos a ser levados. O que interessa é saber como havemos de sair disto!
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