Faz hoje 100 anos que nasceu, não o homem Alberto Caeiro, que já tinha 26 anos, mas o poeta Alberto Caeiro, na data escolhida pelo seu criador, obedecendo a leis “que não perdoam”. Era um Domingo, há cem anos, era o “dia do Senhor”, para os cristãos, o dia do Sol (Sunday), para os pagãos.
O poeta que dizia "o meu olhar é nítido como um girassol" foi o mestre de Fernando Pessoa, de Ricardo Reis e de Álvaro de Campos.
Aqui ficam alguns dos seus versos, dos que hoje fazem cem anos, escritos quando ainda se não sabia que a Natureza precisava de um poeta pagão.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural -
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar.
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| O centauro Quiron, o Mestre, com Aquiles, filho do rei Peleu, que lhe confiara a criança para a ensinar. |
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| O dia 8 de Marco de 1914, as 12 horas |


Sendo nós portugueses, convém saber o que é que somos.
ResponderEliminara) adaptabilidade, que no mental dá a instabilidade, e portanto a diversificação do indivíduo dentro de si mesmo. O bom português é várias pessoas.
b) a predominância da emoção sobre a paixão. Somos ternos e pouco intensos, ao contrário dos espanhóis — nossos absolutos contrários — que são apaixonados e frios.
Nunca me sinto tão portuguesmente eu como quando me sinto diferente de mim — Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Fernando Pessoa, e quantos mais haja havidos ou por haver.
Se escrito ao meio-dia, “O Guardador de Rebanhos” tem uma carta astral de sucesso. Tem o Nodo Norte, que simboliza o destino, o Sol, a consciência de si, a razão, Vénus, a harmonia, a beleza, o afecto, Quiron, a sabedoria e a dor, Mercúrio, a inteligência, a capacidade de expressão, todos na décima casa, a do sucesso visível no mundo e em conjunção uns com os outros. Alem disso fazem trígono com a Lua e Neptuno conjuntos, simbolizando o sentimento, a poesia, em harmonia com esse sucesso – e na segunda casa, a daquilo que e valorizado pelo poema. Marte também faz trígono ao Nodo Norte, dando forca ao destino e esta conjunto a Plutão, dando-lhe poder, poder de transformar. Urano e Jupiter, conjuntos, na casa da filosofia, em Aquário e em trígono com Saturno, são garante de qualidade intelectual e de expressão inovadora.
ResponderEliminarA dolorosa quadratura de Saturno com o Sol pode significar que o sucesso do “Guardador de Rebanhos” demora a chegar mas sera duradouro.