A Hipótese de Gaia, a de considerar o nosso planeta como mais que um sistema ecológico, como um ser vivo, dotado de homeostasia, em que tudo está ligado num funcionamento coerente, desde o magma e de todos os minerais à atmosfera, passando pelos microrganismos, pelas plantas e animais, gerou, então, enorme polémica. A Verdade vinga-se de quem a vislumbra, o ridículo é um pequeno preço, “ele” há presos e mortos, pela História fora!
Gaia é o nome que os gregos deram à primeira deusa, a Terra, a deusa-mãe da vida, nascida do Caos e que gerou, sozinha, Urano, o céu estrelado, para a fecundar. Gaia é a avó dos deuses todos – e dos humanos.
O fascínio com que se vê este filme sobre a fisiologia da Terra (que é muito longo e convém ver em ecrã completo e em alta definição) deve ser análogo ao fascínio com que os europeus viram os primeiros livros sobre a anatomia da Terra, a Geografia, com mapas copiados dos dos portugueses, há quinhentos anos.
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| Mapa de Harleian, francês, que tem a ilha de “Java la Grande”, a actual Australia, 250 anos antes de ser “descoberta”. |
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| Doctor Livingstone, I presume? Uma gravura do reporter americano Stanley, chegado ao destino, que desconhecia, nas margens do Lago Tanganica. |
Imagino, daqui a cem anos, asiáticos a continuar o desvendar dos mistérios do funcionamento de Gaia, provavelmente ainda a criar terapêuticas para a curar do fantástico traumatismo que está a ser o nascimento do Homem Consciente, o seu filho mais novo.
O Homem actual, que somos, gera, com Gaia, filhos conscientes –mas prende-os, como Urano, sendo sempre Gaia quem ajuda a vida a salvar-se. É a Terra quem, com o seu sofrimento, ajudará o Homem a renascer. Gaia, a Terra-Mãe, eternamente jovem e fecunda, ajudará a criança que somos a derrotar o adulto que nos prende, nos esgana com gravatas de seda “duty free”, chiquérrimas, com champôs 2 em 1, com as toneladas de lixo que a intoxicam.
Notas de rodapé
1. Rhea
E ajuda-nos encantando-nos, assombrando-nos, com a liberdade da Vida...
Notas de rodapé
1. Rhea
E ajuda-nos encantando-nos, assombrando-nos, com a liberdade da Vida...
2. ”O meu mestre Caeiro”
Como quem num dia de verão abre a porta da casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê…
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo…
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, XXII
3.
“Deus Ceu Terra” God Sky Earth, Os fundos Swissindo... Mas pode ser uma fraude, esta ultima esperanca!



não digo que se trate de palha, o filme é interessante mas pergunto – Você bate bem? Não precisará de uma lavagem ao cérebro?
ResponderEliminarObrigado por comentar, burro! O assunto do nosso tempo, dos próximos anos, a nossa sobrevivência -- não suscita mais comentarios que o seu! Talvez se eu falar da copa? É uma ideia.
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