"Erros meus, má fortuna, amor ardente", soneto de Camões, aqui cantado por Amália, fala da dor, que atribui, antes de mais, aos seus erros, mas também ao desdém pelos conselhos do prudente Saturno, à época considerado "maléfico", a má fortuna, e, homem do Renascimento, Camões conhecia a Astrologia e decerto sabia que tinha nascido com Saturno em Peixes -- a isso atribuía a sua sensibilidade à dor... E amor ardente, porque, no horóscopo de Luís Vaz (segundo Mário Saa), a deusa do amor, Vénus, está pertinho do Sol (em "conjunção", em Astrologia) e ele deve ter sido um homem muito chegado à deusa, muito consciente do amor!
O que ele não sabia, porque Urano só foi descoberto no século XVIII, é que este símbolo da Liberdade, do "atrevimento", estava em "bom aspecto"(a 120º, em trígono, em Astrologia) com Vénus e o Sol: o poeta não sabia porque se atrevia a amar -- ardentemente -- frutos proibidos, sabendo dos remorsos que o seu Saturno em Peixes lhe traria.
Nestes dias o Sol opõem-se a Saturno, nos céus, faz isso todos os anos, claro, mas este ano vale a pena aproveitar o Saturno "cheio", bem iluminado, visível de noite entre as constelações de Escorpião e de Sagitário. Que cuidados nos sugere? Que deveres nos aponta?
Creio que nos fala do dever de criar uma utopia concreta mas também do perigo do optimismo e do sonho -- que cruzam astrológicamente o nosso olhar. Dentro de uns dias, Marte, o outro "maléfico" dos antigos, passa por Saturno e, se houver violência no Mundo, Saturno diz-nos, como sempre, que as dificuldades existem mas que, com uma atitude sensata, responsável, prudente, mais dia menos dia, mais ano menos ano, criaremos um mundo habitável!
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| Saturno fotografado pela sonda Cassini |

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