A direita está na ordem do dia: a nossa situação tem semelhanças com a da Republica de Weimar, a qual caiu nas mãos de um demagogo que tinha um bode expiatório para oferecer às massas.
Cresci durante o tempo de Salazar e compreendia o pensamento da Revolução Francesa, a Liberdade, Igualdade e Fraternidade mas o pensamento da direita era um mistério para mim. Parecia-me absurdo falar em Deus, pátria e família. Os republicanos não somos contra Deus, somos a favor da liberdade de culto e da falta dele; nem contra a família, apenas propomos alargar a fraternidade para lá dessa fronteira; nem contra a Pátria, só não temos a ingenuidade de pensar que ela valha mais que todas as outras: não quer dizer que a não amemos.
A direita parecia ser o reino das emoções (hoje fala-se em cérebro direito) e a esquerda o da razão (o cérebro esquerdo).
Emoções tão fortes que "justificavam" privar de liberdade os adversários políticos, o haver uma polícia política.
Hoje ouvi Paulo Portas, o representante da direita aceite no parlamento, na televisão. O que ele dizia poderia ter sido dito por um partido de esquerda e fiquei a pensar, mais uma vez... o que caracteriza a direita? Deixo aqui a minha reflexão: o que caracteriza a direita é o não conceber uma sociedade sem hierarquias sociais, temer a falta de uma ordem hierarquizada. Se assim for, as pessoas de direita, que tanto valorizam a coragem, o individualismo, seriam pessoas confusas sem um chefe, um conjunto de valores a que estejam habituados, uma ordem que dê sentido à sua existência. Na roupa, ou na decoração das casas, esses temperamentos escolhem as coisas clássicas porque lhes dão segurança; as novidades incomodam-nos, não se dão ao trabalho, racional, de analisar se a novidade é, ou não, um melhoramento. Mas, quando ela se impõe, aceitam-na em rebanho, tomam-na por um novo clássico... experimentar é que não é com eles.
Sendo assim, neste momento em que a nossa sociedade precisa de mudar, já vi pessoas de direita a defender o governo, suponho que por receio da mudança. E, como a maior parte da população é do P.S., poder-se-ia dizer que Portugal, paradoxalmente, é de direita, neste momento.
Ora o cérebro direito reage emocionalmente, desata a insultar quem não respeitar as hierarquias, não está interessado em pensar, em apresentar argumentos, contra-argumentos, em conversar. Dito isto, embora aberto ao diálogo, confesso temer a previsível mudança para o partido gémeo do PS, o PSD, mas porque se não trata de mudança, porque as emoções são a maior parte da sua história política.
Lá está o meu amigo a dar-me palha! "Temperamento de direita"! A direita são os conservadores e a esquerda os que gostariam de mudar. Estes últimos são os que se sentem explorados e os primeiros são os que se dão bem com a situação, portanto temem a mudança. Como a mudança se não dá, ou o número de cidadãos de alguma forma ligados aos partidos citados é muito grande ou a contínua campanha eleitoral explicando que não há alternativa à situação é muito eficaz.
ResponderEliminarOu há muita gente com "temperamento de direita", que ou se deixa intimidar pelo poder, temendo ficar ainda pior de se manifestar (embora não haja provas de retaliações sobre quem critica a situação o "respeitinho" do tempo da outra senhora, voltou!) ou se deixa intimidar pelo espectáculo do poder, os carros fantásticos que usam, o ar senhorial que ostentam, as reformas a que têm direito e isso, essa atitude popular de se deixar levar pelo populismo o que é senão "temperamento de direita", procura de segurança na existência de hierarquias, de um chefe e os seus chefezinhos incluindo os inúmeros dirigentes de empresas publicas criadas para eles?
ResponderEliminarAssumo o meu preconceito antigo contra o PPD/PSD mas tiro p chapéu ao seu ex-dirigente Marques Mendes, que denunciou como as empresas publicas não foram sequer beliscadas por este ultimo pacote em que se aumentou o IVA, um erro económico grosseiro que o meu amigo previu no seu comentário/imagem anterior.
Eu não nego que o meu amigo pretenda despertar a consciência cívica das pessoas com a palha que nos vai dando. O que digo é que é ineficaz!
ResponderEliminarNo que, aliás, está bem acompanhado. Não parece haver forma de acordar os portugueses que recebem, indiferentes, um novo aumento do IVA, um imposto indirecto que nada tem de justiça fiscal, ajuda Espanha, e faz lembrar a frase do Churchil, que comparava o processo de querer melhorar a economia de um país subindo os impostos a um sujeito dentro de um balde a puxar pela asa para o levantar. Desista, dedique-de à lavoura!
A direita é o capital e a esquerda o trabalho. O capital quer pagar pouco e o trabalho quer ganhar muito. A contradição tem expressão política.
ResponderEliminarE quando estiver com o trabalho qualquer partido é de esquerda, assim como é de direita quando estiver com o capital. Até o PCP, quando defendeu agora a atitude do partido comunista chinês quanto ao Nobel da Paz, esteve, por uma vez, com o capital...chinês!