quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Bom ano!

Hoje, às 5:30 da manhã, começou o novo ano solar, foi o Solstício de Inverno.

Os dias começaram a crescer de novo e, com eles, a Vida, a Esperança de concretizar os sonhos.
Parece-me que faz sentido tentar escrevê-los, quiçá meio caminho para que eles sejam ;-)

Os portugueses a dar a sua contribuição ao Mundo, aquela que lhes é própria: o desenrrascanço diante dos problemas que os transcendem, a bondade invisível para com os que se atrapalham, a coragem e a Paz.
Este ano é crucial, cada vez mais isso se vê. A nossa contribuição pode ser que o seja, também.
A revolução em curso, no Mundo, que se agudizará no fim de 2012, pede-nos tudo. Dos hábitos e confortos às crenças, dogmas e sonhos.
Costumámos criá-los a partir da tristeza, do fado, e creio que teremos que os criar a partir da alegria, da confiança na vida e em nós mesmos, seus agentes.
Gostamos (gostemos!) da vida, que é feita de mudança, ajudemos aqueles que a receiam, aqueles que gostariam que a mudança se não passasse. Acalmemos os seus ímpetos revolucionários, eles querem a suprema transformação, a morte, que também faz parte da vida.
Ajudar aqueles que receiam a mudança parece tarefa decente, pacífica. E é a paz o que imagino seja a nossa potencial contribuição, dos portugueses.

Decerto que os marinheiros de quinhentos não perdiam a cabeça no meio das tempestades, ou da falta de vento, de água potável  ou de comida, no oceano imenso. Se a perdessem não encontrariam as ilhas encantadas, com seus frutos exóticos, seus aprazíveis regatos de água pura…

Poderemos, de novo, indicar o caminho, apenas porque o temos que fazer, enquanto caminhamos. Poderão, de novo, as nossas histórias de encantar chegar aos europeus atentos, que nos seguirão os passos.
Passos que imagino para a paz, para a fraternidade sã, para o respeito pelo outro, pela sua aparente diferença, irmão, na espécie em risco de extinção e no seu espírito.
É aqui, no respeito pelo outro, na igualdade essencial, no direito e dever da dignidade, que projecto a chave da imensa transformação que o tempo nos pede.

Deixem-me ilustrar com outro tempo, o da minha juventude, pelo 25 de Abril.
Havia dois blocos, o Ocidente dito capitalista e o Oriente dito comunista. A fronteira passava no meio da Alemanha e era real. Mas os papéis estavam invertidos: o espiritualista Oriente (Buda, Jesus, Lao Tse nasceram no Oriente) dizia-se materialista e ateu e o materialista Ocidente (onde a Ciência e Marx profetisaram), dizia-se espiritualista, cristão. As palavras materialista e idealista eram um insulto, respectivamente no Ocidente e no Oriente.
Por cá, verberando-nos uns aos outros, fizémos uma revolução idealista que nos trouxe a materialista sociedade de consumo – estamos, hoje, incomensuravelmente mais bem providos de bens materiais que antes dela. E fizémo-la em paz.
Mas ainda não fizémos a necessária síntese, prisioneiros da Geografia –somos o Ocidente!
A síntese, que vamos fazendo aos poucos, das aldeias aos laboratórios científicos, é a da ciência , dos milagres da técnica, com  o sentido da vida, com o que, aparentemente, nos transcende.
A forma pacífica como formos tirando do poder, este ano, os “lacaios do capitalismo” e os “escravos da burocracia” (em nós mesmos, sobretudo!) será vista pela desnorteada Europa. Poderemos ser o porto onde chega e donde parte Luz: Portugal.

Este senhor, ocupado em viver, que é criar e divertir-se criando, está cheio de razão apesar de o presente movimento global que trará o fim do capitalismo lhe ser desconhecido. Continuará vivendo, criando, descobrindo gatos pretos onde os não há quando a estrutura social for destruída e reconstruída... quiçá o nosso papel, o dos portugueses, consiste em criar a nova era sem saber que a estamos criando, apenas sendo-a? "Primum vivere deinde philosophari", dizia Aristóteles, em grego!

Mas não faz mal estar conscientes, reflectir!  

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