Eduardo Lourenço recebeu o prémio Pessoa e isso deve ter sabido bem a ambos.
Tive um professor de Antropologia que dizia que os portugueses não passam de uma tribo; e é bem sabido como estamos, geograficamente, de costas voltadas para a Europa e com um pé em África, primeiro passo para a nossa Índia, que fica “a oriente do Oriente”, mais precisamente aqui. Temos saudades cá dentro.
Nas tribos africanas parece que há um enorme respeito pelo “mais velho”, papel que este jovem de espírito desempenha, desde há muitos anos, na nossa.
Inundados de analistas que, diariamente, nos explicam, na Televisão, como não temos outro caminho senão o da ”Troika” e como ele nos levará, seguramente, à miséria -- quando este homem aparece, respiramos.
Ele pensa, em vez de analisar. Oferece-nos o prazer angustiado do seu pensamento livre, de emigrante falsamente identificado com a Europa – os emigrantes são os mais portugueses dos portugueses.
Crítico de Pessoa, fiel ao Realismo que rejeitou em nome da Liberdade, é o mais pessoano dos nossos escritores, até na forma. E era Pessoa quem dizia que “toda a forma tem uma alma”.
Quando nos perdemos nos seus labirintos racionais, encontramo-nos, tribo irracional e concreta que somos.
Deixo aqui outra homenagem, ao mais velho do Brasil, vem a propósito ;-)
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