sábado, 3 de dezembro de 2011

O Presente Movimento Global

Está em curso uma Revolução Global, são tempos de mudança.
Entre nós começou com uma música, creio que inspirada em Bach, uma letra com a qual tomávamos consciência de que estamos a ser parvos: afinal, em democracia, o poder pertence-nos -- só por parvoíce aceitámos que 1% ditassem as regras. E começou com uma manifestação, o 12 de Março, simultâneamente em várias cidades portuguesas, que surpreendeu o país pelo seu tamanho, pelo seu espírito pacífico e por ter gente de todas as idades, rendimentos, partidos -- até por ter muita gente que nunca se tinha manifestado!
Dois meses depois os espanhóis imitaram-nos, os "indignados", que tomaram consciência de que os eleitos nos não representam.
Em 17 de Setembro os novaiorquinos ocuparam Wall Street, movimento que alastrou a todas as cidades americanas; foram eles quem lembrou que somos os 99%. E desde aí, ou melhor, desde que as pessoas acamparam na Porta do Sol (que belo símbolo!), em Madrid, há gente que se manifesta de dia e de noite em muitíssimas cidades do mundo.
Hoje, em Toronto, no Canadá, celebrando o dia global de acção, a campanha mundial contra as alterações climáticas, que faz seis anos, um nativo americano (um chefe índio) abençoou este movimento global, que corresponde a uma transformação estrutural do mundo, análoga à que se passou há 250 anos e ficou conhecida por Revolução Industrial.
Gritou-se: Climate! Justice! (clima! justiça!) e We are unstoppable, another world is possible! (Somos imparáveis, um outro mundo é possível!).
O chefe índio agradeceu à Mãe Terra, graças à qual existimos e a beleza de tudo.

A Indústria, o sistema monetário e financeiro que ela trouxe, não são um mal em si: foram um tempo que chegou ao fim (haverá sempre indústria, claro!, mas para nos servir). A sociedade de consumo, que trouxe a exploração desenfreada dos recursos naturais para criar lixo, alterações climáticas apavorantes, empobrecimento dos mais pobres... não é sustentável -- é o final de uma era.
Somos os 99%, quer dizer, estas regras do mercado global só interessam a 1%.
Daqui a uma dúzia de anos viveremos com novas regras. "Somos todos um", dizia o chefe índio, lembrando que as ideias holísticas do chamado movimento new age, a valorização da cooperação e o abandono da sobre-valorização da competição, fazem parte deste movimento global. Assim como o pacifismo, à maneira dos índios da Índia. A boa globalização!
Cedo, no próximo ano, uma nova manifestação global abalará os alicerces do sistema em que vivemos. São leis arcaicas da natureza, nada se perde, tudo se transforma, como dizia Lavoisier a propósito da química. Em biologia tudo nasce, cresce, definha e morre. As sociedades humanas são naturais, obedecem a leis eternas.
"Um outro mundo é possível", está em gestação.

http://otirsense.blogspot.com/2011/12/o-presente-movimento-global.html

2 comentários:

  1. 1 só leão consegue afugentar 99 bisontes.
    A força dos 99 bisontes unidos esmagaria facilmente o leão mas, não está na natureza dos bisontes revoltarem-se contra o leão. Preferem fugir dele mesmo que isso implique o sacrifício de um dos seus.
    Todos fogem pensando: "só não quero ser eu o apanhado!", ou, "se pudesse teria escolhido ser leão".
    Será a humanidade capaz de ir contra a sua natureza? Terá, verdadeiramente, capacidade para o fazer?
    As revoltas a que temos assistido no mundo Árabe visam a implementação da democracia.
    Cá temos essa democracia! Não temos é coragem para dela tirar outro proveito. Somos como os bisontes…

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  2. Não sou o único a pensar que a "natureza humana" é cultural.
    Mas sim, somos animais, temos instinctos: um dos mais fortes é a defesa da prole. E, quando percebermos o que é que meia dúzia de gananciosos estão a fazer ao futuro das crianças, poremos em causa o nosso medo, mudaremos o sistema.
    Veja este filme:http://www.youtube.com/watch?v=HX9wTgrdP20

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