terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Longe de concordar com a violência dos atenienses, compreendo-a.
Tudo indicava que os deputados tinham ouvido o povo e não iriam aprovar a nova violência sobre a sociedade, que chegava de Berlin. Mas estes, à última hora, cederam à chantagem dos seus líderes partidários, os quais lhes explicaram que quem votasse contra nunca mais entraria nas listas de qualquer partido.Respeito que se vote contra ou a favor, o assunto é, evidentemente, polémico, a parada é altíssima!
O que não respeito é que se não respeite a liberdade, que se trate o outro como alguém que precisa de ser guiado para o caminho "certo". Que sabem os oligarcas gregos sobre o caminho "certo" para o seu povo?
O facto de a democracia grega actual ser uma fantochada, palavra que vem de fantoche, um roberto, uma marionete, ajuda-nos a perceber que foi aí que chegaram as democracias ocidentais, incluindo a nossa.
O poder está algures, ou nos donos dos bancos que são donos da Reserva Federal Americana, ou em algumas Corporations, ou no capital financeiro em abstracto, seja onde for! O poder, vejamos as coisas como elas são, não está nos povos, manipulados a pensar que vivem em democracia, que escolhem o seu destino.

As nossas democracias precisam de ser "refundadas", a oligarquia acabará por perder a sua máscara de democracia. O grande risco, neste processo já em curso, é que a oligarquia dê origem a uma tirania, a algo de análogo ás ditaduras que apareceram antes e depois da grande depressão de 1929 / 1930.

O caminho é a consciência, pessoas conscientes não apoiarão novos Salazares. E nenhum tirano consegue chegar à situação em que lhe é fácil amedrontar as pessoas sem ter tido algum apoio popular, mesmo tendo o exército consigo. Mas, uma vez chegado ao poder, tirá-lo da cadeira é muito difícil -- e custa vidas: a Síria é o exemplo actual.
Daí que o facto de os media (os orgãos de comunicação) pertencerem a grandes grupos financeiros seja trágico. Há esperança neste novo meio de comunicação, o Internet, com coisas como o Facebook mas eu tenho esperança nas assembleias populares que vão aparecendo, que começaram na Puerta del Sol e se baptizaram, depois, occupy. A consciência que vive nessas assembleias, como na praça Tahir, no Cairo, é rigorosamente contra a violência, é uma análise crescentemente lúcida do mundo em que estamos.
Parece-me que, quando recebermos a bola dos gregos -- será um efeito dominó -- estaremos à altura de dobrar o "cabo da boa esperança", de não temer o "mostrengozinho". De dar um empurrão de mestre para criar a democracia real em todo o mundo: todos senhores sem escravos.
Temos um curriculum, paradoxal para o efeito!: já criámos um sistema monetário, o "Português", moeda em ouro, já foi a referência do comércio mundial, já teve o papel do dólar ou do euro, já foi imitado em cidades como Hamburgo.

A capacidade de criar produtos industriais (e agrícolas) nas nossas democracias não diminuiu: cresceu! As falências que se sucedem não são um falhanço dos nossos povos: são um falhanço do sistema monetário internacional. Bastará, quiçá, esperar que este se auto-destrua. Apreciar a beleza do cabo, enquanto o dobramos. Mais tarde, algures, no Índico, desembarcaremos nesta ilha, a "nave espacial chamada Terra", o planeta azul.
 Este filme, de Peter Russel, tem 30 anos!
"Onde vive, o que faz, que religião, que raça, que nacionalidade"? são perguntas hoje tomadas como lógicas. No século XXI, ou se tornou evidente para a humanidade que estas perguntas são absurdas e contrárias à evolução do homem, ou este já não viverá na Terra. Buckminster Fuller, Manual for Spaceship Earth ,1969

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