O dia do trabalhador implica o conceito de que há um grupo que trabalha e um outro que, desse trabalho, tira os lucros. Um grupo sem capital para investir e um outro com capital para o pôr a dar lucro.
Assim foi, durante a era industrial.
Mas, hoje, os que não têm capital são os 99% da população, a aumentar. E aumenta, também, a percentagem dos que, além de não terem capital, não têm trabalho.
"O trabalhador" é designação de um grupo que se extingue com as falências e a robótica. E isso é progresso, sem ironia!
"Trabalho" vem de Tripalium, um instrumento romano de tortura, uma espécie de tripé.
A actividade humana, útil a todos, necessária, pode ser um prazer; é preciso que cada um faça o que gosta e faz bem e que possa ser criativo -- o que não pode ser enquanto não for livre.
A luta, a competitividade nascida do medo de ficar para trás, pode dar lugar à colaboração, à simpatia, à segurança.
Luta pela vida pode vir a significar algo de muito diferente: o esforço interior de se aperfeiçoar como pessoa.
Deixo aqui a história de um menino privilegiado, um místico, o contrário de um trabalhador e de um materialista, um homem à procura do que o transcende: um exemplo do que poderemos ser todos, no fim da agonia do sistema da era industrial, que por ora passamos.
Faz hoje 19 anos que morreu Ayrton Senna da Silva e este é um documentário excepcional, sobre um homem excepcional.
terça-feira, 30 de abril de 2013
É costume pôr giestas, ou "maias", na porta, hoje, para que o "burro do Maio" não entre. Decerto que é tradição anterior ao Cristianismo, quiçá celta, e deve estar ligada à celebração da Primavera, ao receio de que as sementeiras sequem, ao receio de que, de tanta abundância, se a tomarmos por certa, venha desgraça.Tomo as superstições como um reconhecimento do desconhecido, "no creo em brujas pero qué las hay, las hay", e temo mais o desconhecer a existência do desconhecido, a húbris do homem científico destes últimos séculos, o qual se tomou por igual aos deuses.
Como se sabe, saber que se não sabe é mais sábio que não o saber!
Talvez para parecer inteligente (Fernando Pessoa dizia que as pessoas inteligentes são supersticiosas) ou talvez para espicaçar as mentes bem pensantes da modernidade (da discussão nasce a luz), fui colher giestas e pu-las nas portas.
domingo, 28 de abril de 2013
O absurdo de haver fome
O mundo todo está a acordar! A sociedade de consumo "já era", como dizem os brasileiros.
Ao contrário do que nos querem fazer acreditar, a ciência e a técnica permitem alimentar o dobro da população actual do planeta, sem prejuízo ecológico. É o sistema, o que temos que mudar! Um sistema absurdo, que usa a ciência e a técnica para empobrecer -- quando somos mais ricos que em qualquer tempo e local de toda a história da nossa espécie.
Se precisar de uma prova concreta de que o sistema é absurdo leia isto.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Não acordei num país livre!
O 25 de Abril não é dia de festa para os militares que o fizeram nem para o povo que libertaram.
Hoje, a democracia é uma fantochada!
A Assembleia da Republica é a face visível da oligarquia que nos governa. Os nossos "representantes", uma trupe de fantoches.
Dentro de nós, porém, 25 de Abril, SEMPRE!
Hoje, a democracia é uma fantochada!
A Assembleia da Republica é a face visível da oligarquia que nos governa. Os nossos "representantes", uma trupe de fantoches.
Dentro de nós, porém, 25 de Abril, SEMPRE!
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Hoje é o dia da Terra
Independentemente de todas as maravilhosas diferenças, étnicas, culturais, filosóficas -- ou das lamentáveis, como as que vão da fome para a fartura ou da guerra para a paz...
Hoje é o dia da nossa casa comum, a Terra, uma casa que se degrada e que precisa da nossa atenção!
Hoje é o dia da nossa casa comum, a Terra, uma casa que se degrada e que precisa da nossa atenção!
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| Pequinês preocupado com o tigre do Sul da China, em risco de extinção |
quinta-feira, 18 de abril de 2013
"Tiraram-nos a justiça e deixaram-nos a lei"
Esta era uma das frases dos indignados que acamparam na praça do Sol, em Madrid, vai fazer dois anos.
Numa semente está a planta toda. Já se agarrou bem à Terra, esta planta, há movimentos destes em todo o mundo e não param de crescer... mas ainda é subterrâneo, o crescimento.
Para recordar essa sementeira de paz e de vida, a entrevista que fizeram, na Catalunha, há quase dois anos, a Eduardo Galeano, escritor uruguaio:
Numa semente está a planta toda. Já se agarrou bem à Terra, esta planta, há movimentos destes em todo o mundo e não param de crescer... mas ainda é subterrâneo, o crescimento.
Para recordar essa sementeira de paz e de vida, a entrevista que fizeram, na Catalunha, há quase dois anos, a Eduardo Galeano, escritor uruguaio:
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Nick Sloan
O Nick Sloan é a personagem que o realizador / actor cria, num filme feito com muito cuidado, muito carinho -- um trabalho decente.
Personagem de uma geração que não falhou o que lhe competia: dizer àquela de hoje, geração e meia depois, que há um trabalho por fazer. Desta vez não serão amadores, porque o adversário já é dissimulado, já tem armas electrónicas... mas o fruto está a ficar maduro para ser colhido.
A próxima dúzia de anos tem muito a ver com o Maio de 68 e o 25 de Abril mas já não há ingénuos, nem dum lado nem do outro. As calças à boca de sino não eram práticas e os tempos são, definitivamente, reais!
Os estudantes soixante-huitards não eram vítimas das relações de produção, que conheciam dos livros: hoje são.
Conta-se que, em Paris, sabendo eles de uma manifestação operária, marcharam às centenas ao seu encontro e, quando as duas colunas de gente se encontraram, um estudante disse, teatralmente: "estamos aqui para vos servir!". Ao que um operário respondeu, do outro lado: "Traz-me uma cerveja!".
O idealismo dos estudantes pequeno-burgueses será, hoje, o dos operários sindicalizados que se juntem às multidões de desempregados, muitos deles licenciados, que encherão as ruas.
Na crise final do capitalismo, os proletários, enquanto classe, residual, aqueles que ainda não tenham sido substituídos por máquinas, tenderão a ser reaccionários, a querer restaurar o sistema para as suas boas "leis laborais", que os salvem do desemprego. Mas o sistema não será restaurável, será demolido -- melhor! -- cairá, com ou sem a ajuda da vanguarda da classe operária, ou do seu fantasma.
O filme passa-se na América dos nossos dias, com personagens que sonharam, há mais de 30 anos, a "segunda revolução americana", que acabaria com as guerras, criadas pela procura de lucro dos senhores da indústria de armamento e pela estratégia de fazer os países do outro lado da "cortina de ferro" sentirem-se ameaçados e gastarem muito mais de metade do seu produto com a defesa, não podendo, assim, ter um nível de vida que rivalizasse com o dos americanos.
Caído o muro de Berlin, tendo deixado de ser preciso mostrar que se vive bem no Ocidente, o nosso nível de vida já pode descer para o dos anos 40, ou pior. Os anos 60 foram um investimento da oligarquia, bem sucedido!
A revolução estudantil americana não costuma aparecer nos filmes, nem neste aparece, só indirectamente. Foi uma revolução não violenta, com um apoio maciço da população; conseguiu acabar com a guerra do Vietnam e trazer os "direitos civis". Mas a oligarquia financeira saiu incólume, ridicularizou as ideias de Karl Marx, anunciou o "fim da história", e, só agora, quando os meios de produção do planeta inteiro lhe estiverem nas mãos, sucumbirá às leis do materialismo histórico, que já ninguém estuda!
Apreciei, no filme, a passagem de testemunho de uma geração e a ideia tão clara da não-violência: o melhor do que aprendemos. Também apreciei a viragem de bordo que a Julie Christie fez, no fim, ao seu barco à vela, mas custou-me!
Personagem de uma geração que não falhou o que lhe competia: dizer àquela de hoje, geração e meia depois, que há um trabalho por fazer. Desta vez não serão amadores, porque o adversário já é dissimulado, já tem armas electrónicas... mas o fruto está a ficar maduro para ser colhido.
A próxima dúzia de anos tem muito a ver com o Maio de 68 e o 25 de Abril mas já não há ingénuos, nem dum lado nem do outro. As calças à boca de sino não eram práticas e os tempos são, definitivamente, reais!
Os estudantes soixante-huitards não eram vítimas das relações de produção, que conheciam dos livros: hoje são.
Conta-se que, em Paris, sabendo eles de uma manifestação operária, marcharam às centenas ao seu encontro e, quando as duas colunas de gente se encontraram, um estudante disse, teatralmente: "estamos aqui para vos servir!". Ao que um operário respondeu, do outro lado: "Traz-me uma cerveja!".
O idealismo dos estudantes pequeno-burgueses será, hoje, o dos operários sindicalizados que se juntem às multidões de desempregados, muitos deles licenciados, que encherão as ruas.
Na crise final do capitalismo, os proletários, enquanto classe, residual, aqueles que ainda não tenham sido substituídos por máquinas, tenderão a ser reaccionários, a querer restaurar o sistema para as suas boas "leis laborais", que os salvem do desemprego. Mas o sistema não será restaurável, será demolido -- melhor! -- cairá, com ou sem a ajuda da vanguarda da classe operária, ou do seu fantasma.
O filme passa-se na América dos nossos dias, com personagens que sonharam, há mais de 30 anos, a "segunda revolução americana", que acabaria com as guerras, criadas pela procura de lucro dos senhores da indústria de armamento e pela estratégia de fazer os países do outro lado da "cortina de ferro" sentirem-se ameaçados e gastarem muito mais de metade do seu produto com a defesa, não podendo, assim, ter um nível de vida que rivalizasse com o dos americanos.
Caído o muro de Berlin, tendo deixado de ser preciso mostrar que se vive bem no Ocidente, o nosso nível de vida já pode descer para o dos anos 40, ou pior. Os anos 60 foram um investimento da oligarquia, bem sucedido!
A revolução estudantil americana não costuma aparecer nos filmes, nem neste aparece, só indirectamente. Foi uma revolução não violenta, com um apoio maciço da população; conseguiu acabar com a guerra do Vietnam e trazer os "direitos civis". Mas a oligarquia financeira saiu incólume, ridicularizou as ideias de Karl Marx, anunciou o "fim da história", e, só agora, quando os meios de produção do planeta inteiro lhe estiverem nas mãos, sucumbirá às leis do materialismo histórico, que já ninguém estuda!
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The Company You Keep (film)
E, se quiser treinar para revolucionário, aprenda com os Occupy!
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Governados por ladrões: os senhores das parcerias público-privadas mandam no governo
Há um ano, Paulo Morais foi entrevistado neste canal; volta, agora, e podemos tomar consciência da impotência da opinião pública e do descaramento da oligarquia que nos tem governado:
quarta-feira, 10 de abril de 2013
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Aleluia!
Na minha infância, na segunda-feira de Páscoa, o Compasso (que tinha padre) percorria a vila de Santo Tirso com uma multidão de pessoas atrás, as quais entravam, com ele, em todas as casas e comiam e bebiam. Esse costume, quiçá pagão, acabou depois do concílio Vaticano II, pela mão do novo Abade, que se mantém.
Longe de mim discutir teologia (!) mas há muita gente que tem saudades... será que o novo Abade que há de vir poderia pôr a hipótese de restaurar a tradição, talvez dando-lhe um cariz franciscano contemporâneo, uma ocasião de os mais abastados partilharem a festa e os jesuítas com os mais esfomeados?
A Páscoa é festa que vem do paganismo, claro, é a festa do equinócio da Primavera, do início do ano solar. O símbolo deste tempo é o Carneiro, o primeiro signo do zodíaco, simboliza o início de qualquer coisa, a plantinha que sai da Terra para a Luz do Sol; e "todo o começo é involuntário"!
Ora, há vários sinais de que os portugueses estejam a acordar de um longo Inverno para o seu papel de cidadãos, há iniciativas que nos dão esperança. O Manifesto pela Democratização do Regime, por exemplo, é um sinal de que ainda há quem queira restabelecer a saúde da democracia representativa; ou o haver quem pense em regenerar a política pela via da democracia online; ou esta Petição Princípio de Auditoria de Cidadão à Dívida, ou ainda este Movimento Revolução Branca, maravilhoso, cheio da energia "inconsciente" de Carneiro, cujo líder tem o bom gosto de citar Ghandi.
Mais inclinado a "tratar da saúde" ao regime -- sem violência, claro! -- acredito que o caminho passe por aqui, por iniciativas de cidadãos que levem a discussões, das quais nasça a Luz.
Diz a tradição que os anjos disseram às mulheres: "não está aqui mas ressuscitou". Assim, aos que procurarem a Democracia na tumba dos parlamentos, essa Luz poderá dizer: "Não está aqui mas ressuscitou!" Está nas assembleias populares, está no internet, acampada com os indignados ou com os occupy!
Assim seja! Aleluia!
Longe de mim discutir teologia (!) mas há muita gente que tem saudades... será que o novo Abade que há de vir poderia pôr a hipótese de restaurar a tradição, talvez dando-lhe um cariz franciscano contemporâneo, uma ocasião de os mais abastados partilharem a festa e os jesuítas com os mais esfomeados?
A Páscoa é festa que vem do paganismo, claro, é a festa do equinócio da Primavera, do início do ano solar. O símbolo deste tempo é o Carneiro, o primeiro signo do zodíaco, simboliza o início de qualquer coisa, a plantinha que sai da Terra para a Luz do Sol; e "todo o começo é involuntário"!
Ora, há vários sinais de que os portugueses estejam a acordar de um longo Inverno para o seu papel de cidadãos, há iniciativas que nos dão esperança. O Manifesto pela Democratização do Regime, por exemplo, é um sinal de que ainda há quem queira restabelecer a saúde da democracia representativa; ou o haver quem pense em regenerar a política pela via da democracia online; ou esta Petição Princípio de Auditoria de Cidadão à Dívida, ou ainda este Movimento Revolução Branca, maravilhoso, cheio da energia "inconsciente" de Carneiro, cujo líder tem o bom gosto de citar Ghandi.
Mais inclinado a "tratar da saúde" ao regime -- sem violência, claro! -- acredito que o caminho passe por aqui, por iniciativas de cidadãos que levem a discussões, das quais nasça a Luz.
Diz a tradição que os anjos disseram às mulheres: "não está aqui mas ressuscitou". Assim, aos que procurarem a Democracia na tumba dos parlamentos, essa Luz poderá dizer: "Não está aqui mas ressuscitou!" Está nas assembleias populares, está no internet, acampada com os indignados ou com os occupy!
Assim seja! Aleluia!
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