(20 de Junho: é hoje, dia 20, não foi ontem!)
Tem crescido o interesse pelas sincronicidades, termo cunhado por Carl Jung para falar do significado psicológico, inconsciente, das coincidências.
Esta associação nasceu em 2010, coincidindo com o início da grande transformação estrutural pela qual o mundo está a passar, análoga à de 1760 (a Revolução Industrial), e que vai continuar até que haja um novo "sistema", o qual, como aconteceu com o que ora se finda, levará décadas a aperfeiçoar-se.
Hoje, o que é notícia no mundo é o Brasil. Ontem, o Facebook, que foi peça fundamental para as manifestações que se estão a passar, deixou de funcionar, no Brasil. Falhanço intencional ou involuntário, é uma coincidência com significado: o facho olímpico da Revolução Global em curso está no Brasil, neste momento.
Os meios de comunicação social, como diz Vitorino Magalhães Godinho, no prefácio à 2ª Edição, de 2008, do seu livro de 1962, "A Expansão Quatrocentista Portuguesa", "industrializaram-se". E, portanto, o papel tradicional da imprensa está a cargo das redes sociais, no Internet, já que, como se sabe, as indústrias se dedicam a produzir lucro e há notícias importantes que dão prejuízo aos accionistas dessas indústrias.
É claro que o que se passa no Brasil, como o que se tem passado por todo o mundo, o povo na rua, não tem a ver com a subida do preço dos transportes ou com outros gatilhos, alhures. Tem a ver com a progressiva consciência de que os nossos "governos representativos" nada têm a ver com Democracia.
E com a intuição de que o Internet pode, quiçá pala primeira vez na História, permitir a sua criação.
A Democracia não passa de uma ideia, quer dizer que quem tem o poder é o povo, e nisso difere do que temos, a oligarquia, que quer dizer que o poder é de uns poucos.
Recordo-me de defender a democracia, ainda miúdo, a um tio que me perguntava se eu queria dar direito de voto a analfabetos e a ignorantes, algo que lhe parecia inconcebível. Feito o 25 de Abril, demorámos estes anos todos a perceber que os governos representativos nada têm a ver com democracia. De certa forma ele tinha razão quanto à ignorância: só agora, no mundo, quando estamos a sair dela, nos pudemos aperceber que a democracia, para o ser, tem que ser directa, real. Nesse tempo nem ele nem eu sabíamos que este sistema de eleições livres de pessoas não é a democracia. Em democracia o que se vota são leis, projectos, decisões políticas -- nunca pessoas.
Só hoje sabemos que as pessoas que nos apresentam para "escolhermos livremente" só podem ser, neste sistema, filhos da oligarquia -- ou nunca nos seriam apresentadas; e, mesmo que o chegassem a ser, rápida e inexoravelmente seriam "adoptadas".
![]() |
| Paula Rego, "The last feed" |
É claro que eu gostaria que a democracia real funcionasse na nossa associação, seria o contributo mais interessante que ela poderia dar a Santo Tirso.

Sem comentários:
Enviar um comentário