Vejo Santo Tirso, um município como muitos outros, como um microcosmos onde podemos, por analogia, ver mais de perto o macrocosmos, seja Portugal, seja o Mundo.
E, vice-versa, o que se passa em Portugal e no mundo serve, por analogia, para entender Santo Tirso.
1. A informática e a melhoria das comunicações, que vem de há décadas, tem acelerado o progresso técnico e facilitado o comércio, o que tem levado Portugal, o mundo – e, por analogia, Santo Tirso – a enriquecer. Porém, as pessoas têm empobrecido, o que é suficiente para nos apercebermos de um grande aumento da desigualdade de distribuição dos rendimentos, não houvera trabalhos científicos que no-lo mostrassem.
2. Em Portugal o peso dos juros da divida no orçamento manter-se-à, em 2014, como nos últimos dois anos, acima dos sete mil milhares de milhões de euros e a aumentar, como nos diz o Conselho de Finanças Publicas.
3. Se os juros da divida portuguesa fossem, como o são nos países do Norte da Europa, de cerca de 1%, então o orçamento português, em vez de deficit, teria superavit.
Espero que a nova administração do município de Santo Tirso nos informe, com clareza, qual o peso, no nosso orçamento municipal, dos juros das dividas do município, incluindo as das empresas municipais, números que a administração anterior nos não forneceu. Veremos que esses juros são, como em Portugal e como no mundo, a causa dos aumentos dos impostos e, em última análise, a causa do empobrecimento das pessoas e das empresas.
4. Ora, se estamos a pedir dinheiro emprestado para pagar juros – e estamos! –, depois de termos vendido todas as empresas públicas, como evitaremos a bancarrota?
Os juros parecem estar no cerne dos nossos problemas. A moeda que usamos nasce com juros.
É com os juros que os “economistas” “trabalham”, sempre à procura dos mais altos e com menos risco.
Historicamente, os juros terão nascido de quem tem uma boa ideia e da necessidade que lhe surge de ter capital, moeda acumulada, para a concretizar. Essa pessoa, sabendo que pode ganhar bastante concretizando a sua ideia, procura quem acumulou moeda para a “ajudar”. E quem acumulou moeda aceita “financiar” a ideia desde que lucre algo – são os juros do capital acumulado. De tão habitual, a ideia de que dinheiro gera dinheiro –mesmo sem ideias nem esforço –tornou-se “normal” e essa agricultura de produção de moeda usando moeda como semente é a lavoura do nosso tempo. Mas o ouro não é de comer –andamos a perder tempo!
5. Usando esta analogia agrícola, a ideia criativa pode ser a semente e o capital pode ser a terra fértil de que a ideia precisa para crescer e dar frutos –os produtos dessa ideia. Ora é certo que é preciso restituir à terra alguma biomassa para que ela possa ajudar outras sementes a crescer. Mas essa restituição, para que a terra se mantenha fértil, não precisa de ser um incêndio, em que os frutos se perdem.
A Terra está aí, de graça, e basta restituir-lhe o que dela usarmos, não é preciso restituir com juros! É possível criar uma moeda que seja um bem comum, como o ar ou a água, para ser usado com respeito e sustentabilidade mas acessível a todos.
6. O sistema monetário internacional concentra o capital, como Karl Marx previra, e criou um pequeno grupo em enriquecimento acelerado que se apropriou dos bancos centrais, da matéria-prima, das empresas, dos países, e, de facto, de tudo!
7. Depois do incêndio, que já começou, ou refaremos o actual sistema monetário com os seus juros agiotas, ou teremos criado um outro, a partir da imaginação criadora humana. Não há problemas insolúveis –ou não seriam problemas!
Carregue ou clike no canto inferior direito, para ver em todo o ecran
e veja com legendas e em alta definicao, nos botoes ao lado desse
Sem comentários:
Enviar um comentário