sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Portas para outro lado

Apareceram portas em Paris que dao para outras cidades. Publicidade aos caminhos de ferro franceses mas simbolo. A informatica a permitir comunicar, cada vez mais. A divertida, pacifica, maravilhosa Revolucao Global nao anda longe…

terça-feira, 21 de janeiro de 2014


Publico, por achar de interesse para os meus leitores, um artigo de Concha Caballero, que me enviaram por e-mail






O dia em que acabou a crise!

Quando terminar a recessão teremos perdido 30 anos de direitos e salários… 

Um dia no ano 2014 vamos acordar e vão anunciar-nos que a crise terminou. Correrão rios de tinta escrita com as nossas dores, celebrarão o fim do pesadelo, vão fazer-nos crer que o perigo passou embora nos advirtam que continua a haver sintomas de debilidade e que é necessário ser muito prudente para evitar recaídas. Conseguirão que respiremos aliviados, que celebremos o acontecimento, que dispamos a actitude critica contra os poderes e prometerão que, pouco a pouco, a tranquilidade voltará à nossas vidas. 

Um dia no ano 2014, a crise terminará oficialmente e ficaremos com cara de tolos agradecidos, darão por boas as politicas de ajuste e voltarão a dar corda ao carrocel da economia. Obviamente a crise ecológica, a crise da distribuição desigual, a crise da impossibilidade de crescimento infinito permanecerá intacta mas essa ameaça nunca foi publicada nem difundida e os que de verdade dominam o mundo terão posto um ponto final a esta crise fraudulenta (metade realidade, metade ficção), cuja origem é difícil de decifrar mas cujos objectivos foram claros e contundentes: 

Fazer-nos retroceder 30 anos em direitos e em salários 

Um dia no ano 2014, quando os salários tiverem descido a níveis terceiro-mundistas; quando o trabalho for tão barato que deixe de ser o factor determinante do produto; quando tiverem ajoelhado todas as profissões para que os seus saberes caibam numa folha de pagamento miserável; quando tiverem amestrado a juventude na arte de trabalhar quase de graça; quando dispuserem de uma reserva de uns milhões de pessoas desempregadas dispostas a ser polivalentes, descartáveis e maliáveis para fugir ao inferno do desespero, ENTÃO, A CRISE TERÁ TERMINADO. 

Um dia do ano 2014, quando os alunos chegarem às aulas e se tenha conseguido expulsar do sistema educativo 30% dos estudantes sem deixar rastro visível da façanha; quando a saúde se compre e não se ofereça; quando o estado da nossa saúde se pareça com o da nossa conta bancária; quando nos cobrarem por cada serviço, por cada direito, por cada benefício; quando as pensões forem tardias e raquíticas; quando nos convençam que necessitamos de seguros privados para garantir as nossas vidas, ENTÃO TERÁ ACABADO A CRISE. 

Um dia do ano 2014, quando tiverem conseguido nivelar por baixo todos e toda a estrutura social (excepto a cúpula posta cuidadosamente a salvo em cada sector), pisemos os charcos da escassez ou sintamos o respirar do medo nas nossas costas; quando nos tivermos cansado de nos confrontarmos uns aos outros e se tenhas destruído todas as pontes de solidariedade. ENTÃO ANUCIARÃO QUE A CRISE TERMINOU. 

Nunca em tão pouco tempo se conseguiu tanto. Somente cinco anos bastaram para reduzir a cinzas direitos que demoraram séculos a ser conquistados e a estenderem-se. Uma devastação tão brutal da paisagem social só se tinha conseguido na Europa através da guerra. 

Ainda que, pensando bem, também neste caso foi o inimigo que ditou as regras, a duração dos combates, a estratégia a seguir e as condições do armistício. 

Por isso, não só me preocupa quando sairemos da crise, mas como sairemos dela. O seu grande triunfo será não só fazer-nos mais pobres e desiguais, mas também mais cobardes e resignados já que sem estes últimos ingredientes o terreno que tão facilmente ganharam entraria novamente em disputa. 

Neste momento puseram o relógio da história a andar para trás e ganharam 30 anos para os seus interesses. Agora faltam os últimos retoques ao novo marco social: um pouco mais de privatizações por aqui, um pouco menos de gasto público por ali e “voila”: A sua obra estará concluída. 

Quando o calendário marque um qualquer dia do ano 2014, mas as nossas vidas tiverem retrocedido até finais dos anos setenta, decretarão o fim da crise e escutaremos na rádio as condições da nossa rendição.”
Concha Caballero

Concha Caballero é licenciada em filosofia e letras, é professora de línguas e literatura. Entre 1993 e 2008 ocupou um lugar no parlamento da Andaluzia. Deputada autonómica entre 1994 e 2008 foi uma das deputadas chave na aprovação da Reforma do Estatuto Autonómico da Andaluzia a que imprimiu um caracter mais social e humano do que, no principio, os grupos maioritários do parlamento pretendiam. Actualmente colabora em diferentes meios de comunicação. Escreve sobre actualidade politica. Em 2009 publicou o livro “Sevilha cidade das palavras”.

domingo, 19 de janeiro de 2014

“Banalidades de base"

Somos animais e predadores mas paradoxais. Temos uma enorme apetência para socializar, somos capazes de ver o outro com simpatia, quiçá com compaixão. Assim criámos culturas, aprendemos com os mais velhos. Somos, geneticamente, o mesmo animal que veio de África há umas dezenas de milhares de anos , apenas com instrumentos de pedra, e já começámos a explorar outros planetas, graças a essa comunicação, à organização de “contratos sociais”, de sociedades.
É legitimo que nos orgulhemos, que nos tomemos por divinos, mas é bom que conheçamos a nossa capacidade de errar. Ela é imensa!
O predador que somos ainda não está domesticado, há momentos em que desconfia das vantagens das civilizações que criou e as sabota, pensando ser racional. Há momentos em que faz “racionalizações” que o enganam e toma por “justos” actos descaradamente irracionais. Noutros interroga-se de como foi possível construir indústrias de matança de milhões de pessoas... Racionalizações! Os judeus eram culpados pelos males do mundo e deveriam ser eliminados — pessoas cultas e sensíveis tomaram isso por “lógico”. Como, hoje, pessoas cultas e sensíveis acham natural bombardear cidades palestinas enquanto lhes roubam as melhores terras.
É  sensato desconfiar dos nossos juízos. Mesmo quando temos, como temos, acesso a tanta, a tamanha informação, errar é humano!
Vemos o que queremos ver, desviamos o olhar do que não comprova o nosso ponto de vista — a “narrativa” de que somos um animal racional deixa muito a desejar.

Porém, se tivermos coragem para encarar de frente o animal que somos, se o quisermos conhecer e respeitar, se o integrarmos e soubermos que o somos, ainda havemos de ser aceites pelos deuses, como acontecia no tempo dos heróis. Afinal, “a raça dos homens e dos deuses é uma só”, como dizia o poeta. Mas não nos tomemos por “racionais”, é muito perigoso!
Eis um exemplo daquilo de que “desviamos o olhar”.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Até um dia.

Ao que parece, o orçamento de 2014 contempla uma subida de 5% nos gastos com a Assembleia da República, que contêm subidas dos ordenados dos deputados, subsídios... Se os nossos representantes nos representassem, se, democratas, fizessem com que os lucros dos accionistas fossem taxados antes das reformas dos que os e as pagaram, ainda se compreenderia... mas, se estão a legislar para legalizar o roubo (na Alemanha as reformas foram equiparadas a propriedade, para evitar o roubo pelo Estado], surge a pergunta: não estaríamos melhor sem os nossos “representantes”?
O assunto da luta pela justiça, contra a exploração que uns poucos fazem de muitos, é antigo. A atitude “normal” ( no sentido de "a mais frequente"), é desistir, admitir que sempre houve exploradores e explorados. As revoluções sempre foram “domesticadas”, “não vale a pena” – especialmente se nos não sentimos explorados, o que se consegue engolindo a desinformação quotidiana!
No século XIX, Cuba era colónia espanhola, as pessoas trabalhavam para alguns donos da ilha, não tinham alternativa senão aceitar a servidão. José Marti, que escreveu os versos aproveitados para esta canção popular, pertencia ao Oriente Lusitano, um maçom, portanto, um dos obreiros da Revolução Industrial no que as leis concerne, neste caso da luta pela liberdade da ilha espanhola – e sabemos como, umas décadas depois, o ditador Baptista tinha feito de Havana a Las Vegas da America, avant la lettre, com o povo de novo na miséria. E, ao que parece, os dólares mandam novamente na Pátria dos nossos irmãos galegos, Fidel e Raul Castro. 
 Dólares produzidos aos triliões e mandados para todo o mundo sem mesmo precisarem de ser impressos, já com juros incorporados.

Do ponto de vista racional, os revolucionários, tomados, pelo senso comum, como insensatos, são os que têm bom senso. A Revolução é como a limpeza da casa, tem que ser feita periodicamente, para que ela não fique inabitável!

Quando a fizermos bem, em todo o mundo ao mesmo tempo, ela há de ser sustentável e de fácil manutenção! Eu sei que já Spartacus pensaria assim – mas não tinha a informática para criar a democracia real, o voto instantâneo de todas as decisões, por todos!  

"Guajira guantanamera", quer dizer "cachopa de Guantánamo", onde as palmeiras de 1929 deram lugar à prisão que “pertence" aos ocupantes americanos, cujo Estado aí viola as suas próprias leis. Até um dia.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Conferencia sobre a Santa Casa da Misericordia de Santo Tirso

Na conferência de hoje, no auditório da Misericórdia de Santo Tirso, iniciativa da Associação Amar Santo Tirso, o provedor disse-nos de como a instituição está aberta a todos e das dificuldades que tem em ajudar todos os que a procuram. Quemquer se apercebe de que se trata de uma boa pessoa, de um humanista, que faz o que pode – pareceu-me que também do seu próprio bolso!
Soube que se trata de um gestor com experiencia e ele disse-nos, candidamente, que gostaria de ajudar mais, da gente que o procura, reformados a sustentar filhos e netos desempregados, casais que não conseguem pagar o empréstimo da casa, mas que a Instituição tem a responsabilidade dos ordenados de 300 funcionários, que é o segundo empregador do Conselho, depois da Câmara. Imagino que os tenha herdado, como terá herdado as consequências financeiras do tempo das grandes obras. Não se trata, seguramente, de alguém que se deixe influenciar pelo lobby da construção civil, os tempos mudaram. Aquando das perguntas, aproveitou para se referir, de novo, à sugestão que lançou de “voluntariado de dentro para fora” e percebi que conseguiu uma dezena de voluntários, de entre o pessoal da Santa Casa.

A frustração com as finanças transpareceu, de novo, quando, na sua intervenção, uma das técnicas da Misericordia se referiu à diminuição, na quantidade de cada ração de comida que distribuem, num acordo com os Serviços Sociais do Estado. Também transpareceu quando nos mostrou o número de famílias que recebem essas rações alimentares ( 53, ou seja, 111 tirsenses) e a consciência que tem de que há muitas mais necessitadas, a aumentar. Um dos slides que nos mostrou era uma citação de um discurso de Nelson Mandela, em Trafalgar Square, em Londres, em 2005, diante de 22 000 pessoas:

Vencer a pobreza não é uma tarefa de caridade, é um acto de justiça. Assim como a escravatura e o apartheid, a pobreza não é natural. É feita pelo homem e pode ser vencida e erradicada pelas acções dos seres humanos.

O Presidente da Câmara encerrou a conferencia com um discurso equilibrado em que se referiu à responsabilidade constitucional do Estado para com os cidadãos mais pobres e citou a conhecida frase do Evangelho, “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. No lugar do provedor eu aproveitaria para me congratular por saber que a responsabilidade pelo Hospital Conde S. Bento, o Hospital da cidade, de nível 1, será  assumida pela Câmara, no caso, para mim inaceitável, de César, o Serviço Nacional de Saúde do Estado, o abandonar à Misericórdia de Deus. E aproveitaria para louvar a ideia, que o Presidente exprimiu, de construir um Hospital de nível 2, na confluência dos Concelhos de Santo Tirso, de Famalicão e da Trofa, o qual viria desafogar um pouco o de S. João, no Porto, que recebe os doentes de todo o Norte do país.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Morreu um patriota

Eusébio foi, durante muitos anos, o símbolo de Portugal.
Lembro-me de ter desenhado um mapa para explicar, no Norte de África, nesse tempo, onde ficava Portugal, sem sucesso. Para eles Portugal ficava em África, ao lado da Grécia, e a razão perde sempre para a emoção! Lembro-me de ter pensado na verdade que havia naquele disparate.
Como me lembro de ter pensado que o nosso tirano, que não percebia o direito à independência, acertava quando dizia que somos um país pluricontinental – somos um país universal, criador de civilização! No tempo do Apartheid e da luta pelos direitos civis nos EUA, o nosso herói nacional era preto e tínhamos orgulho nele.
Até sempre, Eusébio, irmão de sangue, reza por nós – sei que incluirás os sportinguistas, como eu, és muito grande para excluir alguém!