domingo, 19 de janeiro de 2014

“Banalidades de base"

Somos animais e predadores mas paradoxais. Temos uma enorme apetência para socializar, somos capazes de ver o outro com simpatia, quiçá com compaixão. Assim criámos culturas, aprendemos com os mais velhos. Somos, geneticamente, o mesmo animal que veio de África há umas dezenas de milhares de anos , apenas com instrumentos de pedra, e já começámos a explorar outros planetas, graças a essa comunicação, à organização de “contratos sociais”, de sociedades.
É legitimo que nos orgulhemos, que nos tomemos por divinos, mas é bom que conheçamos a nossa capacidade de errar. Ela é imensa!
O predador que somos ainda não está domesticado, há momentos em que desconfia das vantagens das civilizações que criou e as sabota, pensando ser racional. Há momentos em que faz “racionalizações” que o enganam e toma por “justos” actos descaradamente irracionais. Noutros interroga-se de como foi possível construir indústrias de matança de milhões de pessoas... Racionalizações! Os judeus eram culpados pelos males do mundo e deveriam ser eliminados — pessoas cultas e sensíveis tomaram isso por “lógico”. Como, hoje, pessoas cultas e sensíveis acham natural bombardear cidades palestinas enquanto lhes roubam as melhores terras.
É  sensato desconfiar dos nossos juízos. Mesmo quando temos, como temos, acesso a tanta, a tamanha informação, errar é humano!
Vemos o que queremos ver, desviamos o olhar do que não comprova o nosso ponto de vista — a “narrativa” de que somos um animal racional deixa muito a desejar.

Porém, se tivermos coragem para encarar de frente o animal que somos, se o quisermos conhecer e respeitar, se o integrarmos e soubermos que o somos, ainda havemos de ser aceites pelos deuses, como acontecia no tempo dos heróis. Afinal, “a raça dos homens e dos deuses é uma só”, como dizia o poeta. Mas não nos tomemos por “racionais”, é muito perigoso!
Eis um exemplo daquilo de que “desviamos o olhar”.

Sem comentários:

Enviar um comentário