quarta-feira, 2 de julho de 2014

Malhar no ceguinho

Sei que é malhar no ceguinho, já que já ninguém respeita os políticos, mas há políticos honestos, políticos ladrões e outros que são honestos numas coisas e ladrões noutras.

Não resisto a deixar aqui um e-mail que recebi agora, em que aquele a quem Fernando Pessoa chamou “O Imperador da Lingua Portuguesa” diz o que se passava no século XVII. Nesse tempo os roubados eram os reis, senhores do poder. Hoje os roubados são os cidadãos, teoricamente os senhores do poder. Num caso ou noutro, “quem se lixa é o mexilhão”, o “contribuinte”.

Sermão do Bom Ladrão

PadreAntónioVieira

Não são ladrões apenas os que cortam as bolsas.
Os ladrões que mais merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, pela manha ou pela força, roubam e despojam os povos.
Os outros ladrões roubam um homem, mas estes roubam cidades e reinos;
Os outros furtam correndo risco, mas estes furtam sem temor nem perigo.
Os outros, se furtam, são enforcados; mas estes furtam e enforcam.

Padre António Vieira




É por demais sabido que “a ocasião faz o ladrão” pelo que é fácil concluir que, assim como os reis teriam que vigiar de muito perto aqueles a quem tinham entregue “ocasiões” de roubar, por terem que lidar com dinheiros públicos, assim os cidadãos, que somos nós, temos que arranjar um processo de vigiar atentamente aqueles a quem damos as ditas “ocasiões”, temos que controlar, atentamente, os políticos. Ao o não fazermos, somos nós os criadores da dita “partidocracia” (a qual, como se sabe, é facilmente comprada e subserviente à oligarquia financeira internacional, o vero poder do nosso tempo, poder que não é nem do rei, nem dos cidadãos, nem sequer dos políticos!).

Se todas as decisões (por exemplo a de entregar uma estrada a uma PPP) forem tomadas pelos cidadãos -- a tal “democracia directa”-- aliviamos os nossos representantes do esforço que é resistir a uma “ocasião” de roubar.

1 comentário:

  1. burro que não gosta de palha3 de julho de 2014 às 01:52

    Não os podemos aliviar é da libré. Teem-na colada ao corpo e hão de sempre obedecer ao seu senhor – a oligarquia financeira internacional.
    De resto, meu amigo, é palha, o que escreve. Bastava citar o Padre António Vieira, sem mais.

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