terça-feira, 21 de julho de 2015

O direito ao disparate

Desde pequeno defendo o direito ao disparate. A censura, no tempo da tirania salazarista, terá contribuído para um “liberalismo” tão radical mas creio que é do temperamento -- e cada um tem o direito a ser como é.
Ao ver pessoas sensatas aceitar que o planeta está em risco mas dizerem que temos que continuar a martirizá-lo, eu mostro os dados que há mas respeito o direito ao disparate.
Quando reconhecem que o sistema monetário internacional é uma forma imensa de agiotagem, que a moeda é criada a partir do nada e que ficamos a pagar juros aos seus “criadores” e me dizem que tem que ser assim  -- eu recorro ao direito ao disparate para aceitar o “argumento”, explicando que há sempre alternativas, embora a tarefa que a humanidade enfrenta seja “colossal”. Se me dizem que “por enquanto” tem que ser assim, isso parece-me mais sensato -- mas sejamos conscientes!

Isto de respeitar o livre-arbítrio, esta recusa radical de exercer poder sobre os outros -- e de que o exerçam sobre nós -- é posição antiga dos anarquistas mas é, também, a posição contemporânea da filosofia popular em voga, que se vê com raízes nos Vedas, a do chamado movimento “new age”, repleto de deliciosos disparates!

Se nos despirmos da dita “cultura”, se procurarmos a criança em nós, curiosa do mundo, dita “ingénua” pela dita cultura, experimentadora por natureza, desprovida de poder sobre os outros por razões óbvias, e olharmos, com esse olhar, o mundo, que vemos?
O mesmo de sempre, o mistério: porque estou aqui?, como me libertar? -- creio que a criança não pergunta “quem sou?”, só mais tarde, devidamente “adulterados”, nos perdemos de nós mesmos.

Se olharmos para o mundo com olhos de ver, ele é absurdo, assustador. Dá vontade de aceitar a sugestão de nos focarmos nos brinquedos de plástico que nos dão, de deixarmos de fazer perguntas “sem sentido”, como “qual é o sentido da vida” -- as pessoas grandes tendem a não respeitar o direito ao disparate!
E ele há tantos brinquedos! A ciência e a técnica, a arte, as religiões todas, as filosofias, o futebol -- porque não nos entretemos e deixamos de fazer perguntas?

Porque estes são tempos de mudança, é tempo de acordar.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Missão cumprida

O feitor da Europa parece contente: mostrou ao mundo o poder dos seus patrões, tendo passado por cima do voto dos gregos, tem o Euro a caminho da paridade com o dólar, como lhe fora encomendado...
E pode anunciar, depois do Fundo Monetário Internacional o ter feito, que sempre considerou a dívida grega insustentável -- quando, na verdade, só hoje o disse:
“It’s uncontroversial that debt relief is necessary and I think that nobody has ever disputed that. The issue is what is the best form of debt relief within our framework, within our legal institutional framework.
I think we should focus on this point in the coming weeks.”
E assim sobem as cotações das acções nas bolsas, os patrões já tendo comprado o que queriam, e assim pode dar fim a mais uma jogada, com dados viciados.
Podemos perguntar: Se o FMI considerava necessário, em 2010, reestruturar a dívida grega, se o BCE também... terá sido o sr. Durão Barroso, o terceiro parceiro da Troika, quem os convenceu a afundar ainda mais a Grécia, durante cinco anos? E é desse, também, a ideia da austeridade, que retraiu a economia grega de 1/4?
O sr. Durão Barroso só tem ideias boas para os negócios, como aquela de assustar os irlandeses com a saída da União Europeia, depois de eles dizerem NÃO, no referendo sobre o Tratado de Lisboa: propôs-lhes, então, um novo referendo e conseguiu o sim, creio que os irlandeses compreenderam que ele continuaria a pedir um novo referendo até dizerem SIM!
Vendo o que se vai passando, e com a ajuda de documentários como este, já de 2011, que nos falta para entender que não vivemos em democracia mas numa oligarquia, apátrida, em que pontifica o "complexo militar-industrial", como lhe chamam os americanos, sediado em Wall Street, New York?
Parabéns ao feitor: missão cumprida, "tudo como dantes, no quartel de Abrantes".

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Um referendo global



Et j’étais fier de lui apprendre que je volais. Alors il s’écria :
– Comment ! tu es tombé du ciel ?
– Oui, fis-je modestement.
– Ah ! ça c’est drôle…
Et le petit prince eut un très joli éclat de rire qui m’irrita beaucoup. 
Je désire que l’on prenne mes malheurs au sérieux.
Puis il ajouta :
– Alors, toi aussi tu viens du ciel ! De quelle planète es-tu ?
                          Antoine de Saint-Exupéry, Le Petit Prince, pg 13

– Adieu, dit le renard. Voici mon secret. Il est très simple : on ne voit bien qu’avec le cœur. L’essentiel est invisible pour les yeux.

Dizem "os sábios”(?) que os sábios reis magos viram uma conjunção de Júpiter com Vénus, perto de Regulus, uma estrela que fica na constelação de Leão (na sua mão direita), e se meteram no caminho indicado, que ia no sentido de Jerusalém. Era uma conjunção muito rara, muito rara, três símbolos reais e a Virgem, e eles sabiam que ia nascer o Rei dos Reis.
Três "pics" de Regulus, o "pequeno rei"
Hoje, não é preciso ser sábio para ver essa conjunção, basta descarregar o SkyView, quemquer a encontra, no céu. Ela é muito, muito rara, mas está lá, à vista de um smart phone qualquer, porque, agora, está abaixo do horizonte, mas, daqui a umas horas, Vénus é a estrela da manhã! (de facto, nestes dias de Junho, vê-se melhor ao entardecer, põem-se depois do Sol, a Ocidente, claro).

Acho graça que o referendo me apareça ao mesmo tempo da estrela, apareceram os dois antes de os escrever. E acho graça que não seja um referendo para pessoas grandes, essas ocupam-se com "coisas sérias" e não devem ter chegado aqui:

Desinformação governamental desmascarada

Diz-se que Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler, terá dito (mas parece que a frase não é dele) que “uma mentira, suficientemente repetida, se transforma numa verdade”. As nossas sociedades contemporâneas deixariam esse governante inovador de boca aberta, porém!
Deixo aqui, na íntegra, uma carta aos portugueses de um cidadão honesto, Miguel Mattos Chaves, 
Gestor, 
Doutorado em Estudos Europeus (dominante: Economia), Auditor de Defesa Nacional, indignado com a desinformação:
Meus Prezados Amigos,
Um pouco farto de ver e ouvir certas histórias, que pressentia, mal contadas, decidi-me a fazer as minhas contas a partir das Fontes Oficiais (INE e EUROSTAT).
Tem sido dito que os Pensionistas e os Reformados, junto com as Despesas de Pessoal do Estado, significariam, em conjunto, cerca de 75% a 78% das Receitas Públicas. Fui então verificar.
Ora sendo eu um cidadão preocupado com o desenvolvimento do meu País e com o Bem-Estar dos portugueses, achei que este número, a ser verdade, seria muito elevado e traria restrições severas a uma Política de Desenvolvimento e de Crescimento a Portugal.
Mas depois de tanto ouvir, comecei a achar estranho que estes números fossem repetidos até à exaustão. E decidi investigar eu próprio da veracidade de tais números.
Eis os Resultados:

 QUADRO no 1 - Despesas com Pensões e Reformas
(Unidade: mil milhões de euros)
ANOS

2011
2012
2013
P.I.B.
237,52 €
212,50 €
165,67 €
Pensões e Reformas
13,20 €
13,60 €
14,40 €
Percentagem do P.I.B.
 5,56 %
 6,40 %
 8,69 %
Total de receitas
 77,04 €
 67,57 €
 72,41 €
Percentagem, do total de receitas, das Pensões e Reformas


17,13 %


20,13 %


19,89 %

Meu comentário:
Qual não foi o meu espanto quando face a “doutas” opiniões de Economistas do Regime, de Jornalistas (ditos de economia) e de Políticos em que todos coincidiam em que esta Rubrica rondaria os 30% a 35% das Receitas do Estado e cerca de 15% a 17% do PIB, vim a verificar os resultados do Quadro no 1 que acima publico.
Isto é:
As Reformas e as Pensões, mesmo numa Economia em Recessão, significaram entre os 17,13% e os 20,13%, sobre as receitas totais do Estado. Muito longe, portanto, dos anunciados 30% a 35%.
Mas se a análise for feita sobre o PIB então o seu significado variou, repito num quadro de uma Economia em Recessão, entre os 5,56% e os 8,69%.
Portanto muito longe do anunciado pelos “especialistas”....
A coberto dessas pretensas “realidades” foram cometidos os mais soezes ataques a esta parte da população portuguesa. Parafraseando o Prof. Doutor Adriano Moreira – “estamos em presença de um esbulho”.
NOTA: Por uma questão de educação não quero adjectivar mais as declarações sobre a matéria da Sra Ministra das Finanças e seu antecessor, nem do Sr. 1o Ministro, já que os restantes declarantes deixaram de me merecer qualquer respeito.
 QUADRO no 2 - Despesas com Pessoal do Estado
(Unidade: mil milhões de euros)

ANOS

2011
2012
2013
P.I.B.
 237,52 €
 212,50 €
 165,67 €
Despesas com pessoal do Estado

11,30 €

10,00 €

10,70 €
Percentagem do P.I.B. dessas despesas

4,76 %

4,71 %

6,46 %
Total de receitas
77,04 €
 67,57 €
 72,41 €
Percentagem, das despesas com pessoal do Estado, do total das receitas



14,67 %



14,80 %



14,78 %

Meu comentário:
Devo confessar que aqui, nesta rubrica, o meu espanto ainda foi maior, dada a prolixa comunicação sobre este tema proferida pelos actores acima referidos.
E feitas as contas, (quadro no 2 acima), e juntando então os dois, os
resultados são na verdade os seguintes:
 Quadro no 3 – Despesas com Pensões e Reformas + Custos c/ Pessoal

 (Unidade: mil milhões de euros)


ANOS

2011
2012
2013
P.I.B.
 237,52 €
 212,50 €
 165,67 €
Despesas com pensões + pessoal do Estado



 24,50 €



23,00 €



25,10 €
Percentagem do P.I.B. dessas despesas


10,31 %


11,11 %


15,15 %
Total de receitas
77,04 €
 67,57 €
 72,41 €
Percentagem, do total das receitas, das despesas com Pensões e Reformas + com Pessoal do Estado.






31,80 %






 34,92 %






34,66 %
Ou seja:
A SOMA das Pensões e Reformas com as dos Custos de Pessoal do Estado, somam (numa Economia em Recessão) entre os 34,92% (incluindo aqui as indemnizações de mútuo acordo das rescisões então efectuadas) e os 31,80% sobre as Receitas Totais do Estado;
e entre 15,15% (incluindo aqui as indemnizações de mútuo acordo das rescisões então efectuadas) e os 10,31% sobre o Produto Interno Bruto.
OU SEJA:
Menos de Metade dos números anunciados pelo Sr. 1o Ministro e seus Ministros das Finanças, para falar de actores políticos relevantes, deixando de lado as personalidades menores que pululam nas Televisões, Rádios e Imprensa escrita, que passei assim a tratar dada a sua falta de seriedade intelectual.
E a coberto disto se construiu uma Política do agrado do Sistema Financeiro, por razões e números que aqui não vou referir, e dos Credores (por razões que aqui também me dispenso de enumerar).
CONCLUSÃO:
Estamos a ser enganados deliberadamente por pessoas que têm e prosseguem uma filosofia política bem identificada e proveniente dos teóricos da Escola de Chicago (a Escola Ultra Liberal), apesar de um dos seus maiores expoentes, o Sr. Alan Greenspan – ex- Governador do FED (Reserva Federal norte-americana) – ter pedido desculpa por ter acreditado nela e ter permitido os desmandos do sector financeiro que nos trouxeram até às crises das Dívidas Soberanas, embora ajudados pela subserviência, incúria e incompetência de boa parte das classes políticas ocidentais.
Espero ter sido útil neste meu escrito. Na verdade, sendo um homem da Direita Conservadora, o meu primeiro Partido é Portugal. Os Partidos Políticos são, para mim, apenas Instrumentos para o engrandecimento de Portugal. Se não cumprirem esta missão então, para mim, não servem para nada. E vejo, com extremo desgosto, o meu próprio Partido – o CDS-PP, metido nesta situação degradante para Portugal e para os Portugueses sabendo que há altern
ativas. E acima de tudo odeio a mentira.
Está na hora, na minha opinião, de reformar e modificar o sistema político vigente, sob pena de irmos definhando enquanto Nação Independente.
 
Com os meus melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Gestor
Doutorado em Estudos Europeus (dominante: Economia) Auditor de Defesa Nacional
O Lixo da Terra: Uma bela analogia com o lixo nas nossas cabeças, com a desinformação.
Cada um destes pontos corresponde a um satélite artificial, normalmente são detritos, identificados.


domingo, 5 de julho de 2015

O referendo é uma forma de democracia directa

Os gregos não se deixaram intimidar, recusaram obedecer a medidas que continuariam a afundar a economia e a empobrecer as pessoas.
Friso do templo de Zeus em Olímpia:
Apolo impondo a ordem aos centauros 
Em democracia o poder está no povo. Infelizmente, Europa não vive em democracia mas em oligarquia, que não tem pátria: os fabricantes de notas habituaram-se a levar juros pelo seu serviço, como se tivessem criado riqueza ao criar euros, ou dólares.
O Banco Central Europeu deve ser controlado democraticamente mas, de facto, tem accionistas, que, “por acaso”, com algum disfarce, coincidem com os donos do mundo. Como, “por coincidência", Mario Draghi foi empregado do Goldman Sachs! O BCE apresenta lucros aos seus accionistas, os quais decidiram desvalorizar o euro -- porque lhes convém. Como o peso da Grécia no euro é diminuto, precisaram de fazer um grande espalhafato para justificar a desejada desvalorização.
Os centauros, meio animal meio humanos,
eram selvagens que só acreditavam na força
Com o NÃO no referendo, a democracia e a dignidade do povo grego ganharam. Mas os donos do dinheiro, que querem a paridade euro/dólar, também ganharam.

O trabalho do nosso tempo é criar a democracia directa, usando a informática. E será preciso que o povo soberano destrua as máquinas de propaganda que o não deixam ver a realidade: o dinheiro é um instrumento para o comércio, do qual precisamos, e tem donos a quem pagamos o aluguer. Os cidadãos devem ser os verdadeiros donos desse instrumento, devem controlar os bancos emissores de moeda e acabar com a emissão de moeda dos bancos privados, ou seja, obrigá-los a ter o dinheiro que emprestam, como fez, recentemente, a Islândia. Deveríamos começar por um referendo europeu ao artigo 123 do Tratado de Lisboa, que proíbe os Estados de se financiarem directamente no BCE e os obriga a ir aos “mercados”, aos grandes bancos, que, esses, se financiam no BCE a taxas de zero vírgula qualquer coisa!
… mas estamos ainda tão longe da democracia!

sábado, 4 de julho de 2015

Símbolos, sincronicidades.

O Sol vai alto, é o Verão. Mas, no Solstício, pelo S. João, começou a baixar no horizonte. É o símbolo da Consciência, da nossa ligação ao Cosmos, ao que nos transcende.
Plutão, o deus que reina no Hades, no mundo subterrâneo das sombras, que o aventureiro Ulisses chegou a visitar, onde “vivem” os mortos, é, também ele, um símbolo de ligação ao transcendente: a morte transcende-nos! Sendo aquilo que não podemos controlar, a morte, Plutão é um símbolo do poder, da destruição do que já é lixo, para dar lugar ao novo. É também símbolo das riquezas, porque o ouro vem de dentro da Terra. E símbolo da prisão, da prisão ao mundo, à riqueza, ao poder e ao sexo -- e da libertação dela.

É curioso que, nestes dias, estes símbolos estejam de lados opostos, no céu, com a Terra, connosco, de permeio. O Sol demora um ano a dar a volta ao zodíaco, a larga circunferência celeste. Opor-se-à exactamente a Plutão no dia seguinte ao do referendo grego. Ganhará a Luz da Consciência ou o poder da morte? Plutão, “a grande transformação”, não poderá estar mais iluminado pelo Sol, pela nossa consciência: imagino que seja um momento privilegiado para vermos o poder das “instituições”, o poder do dinheiro, e a necessidade de as transformarmos radicalmente, de criar novas!
E essa consciência será fundamental para nos libertarmos da tirania do sistema financeiro, para inventarmos as novas instituições, a partir de 2024, quando estas tiverem deixado de existir.

Paradoxalmente, Varufakis é sensato, sabe do desmedido poder do dinheiro no nosso tempo, imagino que saiba que terá que deixar de ser assim mas que ainda é cedo. E deve saber da importância histórica do referendo grego, que será um momento de lucidez, de consciência global de que é tempo de mudar, de que vivemos os anos finais do poder financeiro -- quer ganhe o SIM quer ganhe o NÃO. Fica aqui a entrevista dele, de hoje, ao El Mundo, em castelhano.

O Poder é assunto central das sociedades. Enquanto alguns de nós vêm a anarquia como uma utopia para a qual caminhamos, sociedades em que não exerçamos o poder sobre os outros mas apenas sobre nós mesmos, para nos aperfeiçoarmos -- outros combatem esse caminhar histórico para o desconhecido e tratam de ganhar poder, passam a vida nisso. Alguns são mesmo viciados, porque o poder vicia. Chegam a ser sabujos, chegam a mentir, para ganhar umas migalhas de poder. Dizem que é “humano”.
Deixo aqui uma frase “desumana”, de Maio de 68: “É proibido proibir!”
A consciência livre de cada um fará o melhor para todos. São os donos do mundo quem precisa de escravos, não nós. E não precisamos de donos, claro!