18 de Outubro A RTP retirou o acesso no YouTube à conferência, invocando “direitos de autor”. Eis que, na RTP, o lucro se sobrepõe à função de serviço público para que foi criada. Uma metáfora da conferência, a “democracia” europeia submete-se a um “cartel” de poder financeiro americano.
18 de Outubro, à noite A RTP permitiu outro link
Talvez o mais “chocante”, na conferência, tenha sido a história da formação da União Europeia e do Euro, uma “almofada” para o dólar. Porém Varoufakis louva o trabalho de Mário Draghi, que está sujeito às regras da União Europeia e não pode fazer mais. E continua a acreditar no projecto europeu, só que precisa de ser democratizado: diz, do parlamento europeu, que não tem o poder de ter iniciativas legislativas nem o poder de remover a Comissão Europeia, é uma fachada para “legitimar” uma oligarquia.
Varoufakis começa por pedir para comparar a academia, as universidades, com a democracia, a estrutura político-social. Fala da liberdade de investigar, de colocar hipóteses, de discutir que é a essência da Universidade e de como, sujeita, a partir dos anos 70, a aprovação de “fundos”, deixou de ser… vê-se que quer contribuir para refazer a tradicional liberdade, autonomia, das universidades, a par do refazer da democracia europeia. E começa por nos demonstrar o que se perdeu. Diz-nos que se um professor quer ser reitor isso é razão suficiente para não ser escolhido para o cargo e assim deveria ser com os políticos. Trata-se de um serviço, que deveria ser aceite com relutância!
Conta, por exemplo, como foi encarregado de levar aos ministros das finanças da eurozona a resposta do governo grego ao ultimato que pedia que aceitasse empréstimos em condições que sabia não poder cumprir. Essa resposta foi “Não podemos assinar, pois são condições impossíveis, fomos eleitos para resolver o problema, não para o agravar, mas vamos perguntar ao povo grego e trazemos a resposta dentro de uma semana”. A reacção dos ministros das finanças europeus foi de escandalo: “quer submeter um documento tão complexo ao escrutínio popular?”. Varoufakis chama platónico ao pensamento político dos seus colegas europeus. Platão era um anti-democrata, achava que se não pode deixar ao povo as decisões importantes -- ao contrário de Aristóteles.
Ficou surpreendido com a coragem dos gregos, ao recusarem o ultimatum e não pôde acompanhar Tsipras, de quem continua amigo, quando este decidiu, contra o voto popular, ceder ao poder económico europeu (que, adiante, nos mostra ser internacional, centrado no dólar).
A lucidez, a reflexão que foi precisa para tão clara conferência, merecia que ela fosse divulgada. A RTP, sujeita a regras de mercado, falha a sua função. Varoufakis conta que mostrou aos colegas a necessidade de mudar as regras do Euro… “--Não!” “-- E porque não?” “-- Porque isso não pode ser”.
Regras feitas por homens, que criam injustiça, e regras defendidas por censura, como esta da RTP, por leis (que se poderiam mudar), por tribunais, por polícias, pelo medo… e, sobretudo, pela ignorância dos cidadãos, que andam a dormir.

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