As palavras pouco importam, decerto que temos que lutar pela sobrevivência, pela nossa e pela dos outros, mas o que interessa está para lá da sobrevivência, "l'important est invisible aux yeux", como a raposa ensinou ao principezinho de Saint-Exupéry, que amava uma rosa, no planeta dele. L'important c'est la rose.
Podemos chamar "luta" ao jogo que jogamos, constantemente, com o animal que também somos e que queremos integrar, como um cavaleiro que quer ser um com a sua montada, a qual adivinha os movimentos que lhe pede, idealmente. O cavalo sedento atravessa o ribeiro a galope porque sabe que o cavaleiro sabe da sua sede e dela trata -- no seu devido tempo! Confiam um no outro.
O cavaleiro que está em luta com o cavalo malha no rio se o cavalo tiver sede.
Podemos chamar "luta" ao difícil trabalho de aprender a montar, ou a viver, mas aprende-se melhor se for uma brincadeira -- coisa muito séria para as crianças, aliás, mas bem diferente de uma luta, das coisas sem graça que a acompanham, o orgulho do vencedor, a humilhação do derrotado, o ódio ao adversário, a ansiedade, a angústia, o medo de perder... tristes coisas, essas!
É mais bonito jogar com fair play; e a arte é aquilo que interessa, aquilo que fica. Porque está fora do tempo, mora no "mundo das ideias".
O “abandono do paradigma” é uma expressão que ganhou sentido para quem sente as consequências da dita globalização, com o aumento do fosso entre os rendimentos de 1% de milionários e os de 99% das pessoas.
ResponderEliminarVivemos no paradigma de que a vida é uma luta , a biologia ensina-o, a história afirma-o, mesmo a filosofia... hoje, no “Publico” o filósofo conservador ..... fala de um abandono de paradigma mas quer dizer que os direitos humanos, a civilizaçãoo europeia parece estar a desaparecer – não põe em causa que a vida seja uma luta, imagina que, sem democracia, a luta será mais dura.
Antes da Revolução Agrícola, ou neolítica, que começou há uns oito mil anos na zona – ainda hoje em guerra – da Síria e da Palestina, que pouco depois aconteceu na Índia, em seguida da China e que levou uns bons milhares de anos a chegar à península Iberica, antes do Neolítico o paradigma de que a vida é uma luta não existia. Se, numa espera ao javali, alguém o apanhasse, repartia-o alegremente com todos. É com os celeiros que aparecem os polícias e os ladrões, que a vida se transforma numa luta.
Precisamos da abundância para que a vida deixe de ser uma luta ou precisamos de deixar de lutar uns com os outros para voltar à abundância?
ResponderEliminarA vida é um jogo e precisamos de o jogar bem, com correção e decência.
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