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| A normal , não representada, é uma linha perpendicular que venha do ponto mais alto da curva para a linha da base |
Se a população analisada for a dos recém-nascidos, a linha média, a normal, está num valor que é cerca do dobro do dos adultos, pelos 140. Se analisássemos a frequência cardíaca dos chimpanzés, por exemplo, a normal (que quer dizer perpendicular) estaria sobre outro número (que deve ser encontrável ali no Google!).
Da mesma forma para os parâmetros sociais. Se deixarmos cair dinheiro na rua, provavelmente a pessoa que o vir cair no-lo entregará. A norma é ser honesto e noventa e tal por cento das pessoas agrupam-se à volta da normal. É natural que, se analisarmos uma população de ladrões, a normal se tenha desviado para o lado da desonestidade – noventa e tal por cento dessa população guardará o dinheiro que encontrou; (nunca me esquece, há muitos anos, andando de mota na auto-estrada de Santo Tirso para o Porto, com a carteira num bolso exterior do casaco, o vento ma roubou; percorri a estrada de novo, sem a encontrar e, uns dias mais tarde, ela apareceu na minha caixa do correio, sem explicações!)
Posso-lhe assegurar, leitor, que, estatisticamente, é honesto! -- Sempre é um descanso;-)
Ou seja, a maior parte da população agrupa-se à volta da norma, seja qual for o parâmetro analisado. Nos extremos da curva, para um lado ou para o outro, há um número muito pequeno de pessoas.
É num desses extremos que está a elite. É parte da população que obedece a outras leis, que não tem preconceitos pequeno-burgueses como esse da honestidade: são os macacos alfa, os melhores sobreviventes da nossa espécie, os líderes. É gente de inteligência superior à média e que se dedica à nobre missão de gerir os dinheiros dos nossos impostos. Não poderíamos entregar essa tarefa a cidadãos comuns: haja bom senso! Gestores sem gravata, sem carisma, sem nos darem um sorriso aberto e condescendente? Absurdo.
Ontem disseram-me que um presidente da câmara que não enriquecesse durante o mandato seria burro. E mais me disseram que convém votar nos que já enriqueceram porque esses já não precisarão de roubar!
Lembrei-me de argumentar dizendo que quando há duas palavras há dois conceitos: há burros honestos e há-os desonestos, assim como há honestos que são burros e outros que o não são. Mas preferi lembrar que há, no Alentejo, autarcas que não enriqueceram com o cargo, sem que isso tenha prejudicado a população, pelo contrário.
Pobre argumento, o meu! Toda a gente sabe que os alentejanos são burros e que os comunistas, além de burros, são perigosos fanáticos... mas ficou à vista que é possível ser autarca, quiçá não ser burro (?), e não enriquecer com o cargo -- embora seja excepcional (presumo que essa excepção se passe também em Santo Tirso).
Seja como for, o senso comum apercebe-se do universo dos políticos como um em que há normas diferentes das do universo da população – o que é natural, tratando-se da elite do país! O senso comum aceita esta realidade, não a põe em causa.
E o bom senso?
O bom senso diz-nos que não poderíamos passar sem os nossos queridos políticos, diz-nos que aquele americano que preferia ver no Congresso, a fazer as leis, os trezentos primeiros nomes da lista telefónica, é doido varrido. Essa gente, assim tirada à sorte, seria uma boa amostra da população, não da elite nem dos lóbis: pobre América! Absurdo.
É claro que os políticos devem ter bons ordenados, devem poder empregar quem quiserem, ter automóveis e motoristas... têm que manter a dignidade dos cargos para que foram eleitos. Sem eles, como dizia o dramaturgo, o trigo cresceria para baixo! Razão têm os militares: haja o que houver, salvem-se as hierarquias! Mesmo depois de falida a última empresa!
Eu, porém, como sou comprovadamente burro – e não entendo por isso dizer que seja mais honesto que a norma – e como, embora sendo um burguês liberal (um que, se vivesse nesse tempo, teria aplaudido os Bravos do Mindelo, esses mercenários ao serviço de Inglaterra), não tenho alentejanos nem comunistas por burros, continuo a dizer, de minha justiça: Se alguém mostrar interesse em ocupar um cargo público, isso é condição suficiente para não ser a pessoa adequada para o lugar.

Palha, mais palha! Toda a gente sabe essas coisas... mas deveria ter exemptado os presidentes das juntas, que, sendo políticos de segunda e não tendo nada para roubar, merecem o nosso apreço!
ResponderEliminarDou-lhe toda a razão! Nada de julgamentos de intenção -- vê-se que é honesto, meu caro burro!
ResponderEliminarSe ganhassem o mesmo que ganhavam antes de serem políticos...
ResponderEliminartal como acontece com os autarcas comunas
Se não "ganhassem" muito mais que o ordenado
ResponderEliminarLá chegaremos, caro anónimo... Mais ano menos ano;-)
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